Uma pesquisa recente da Embrapa Solos está ganhando evidência este ano, quando se comemoram os 40 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Os pesquisadores desenvolveram um modo de plantar o tomate, envolvendo diversas técnicas que diminuem o impacto do uso de pesticidas. “E nós controlamos a quantidade do fruto, por análise de laboratório, com apoio da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), com relação ao teor desses pesticidas no tomate”, disse à Agência Brasil o chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Solos, Daniel Perez.
Essa técnica já vem sendo divulgada e transferida aos produtores do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, de Minas Gerais, São Paulo, Goiás. “Porque é um diferencial tecnológico que dá um preço melhor para o produtor do tomate. Você tem um tomate com uma característica de segurança alimentar muito maior”.
A Embrapa Solos está em processo de certificação da qualidade desse material a fim de que o produtor que trabalhe com a técnica possa ter um diferencial de mercado.
Outro trabalho de destaque da unidade da Embrapa Solos baseada no Rio de Janeiro está relacionada a serviços ambientais. Um grupo da empresa está trabalhando nos municípios de Cachoeiras de Macacu, Silva Jardim e Bom Jardim, localizados respectivamente na região metropolitana, na região das baixadas e no centro do estado, buscando indicadores que permitam valorar a terra no sentido da conservação da água e do solo.
“Isso visa a dar suporte às prefeituras, principalmente na identificação daqueles produtores que protegem o meio ambiente, como uma forma também de incentivá-los a continuar fazendo isso”, comentou Perez.
Ele salientou que embora esteja baseada no Rio de Janeiro, a Embrapa Solos desenvolve pesquisas que são voltadas para todo o país. Um dos projetos que tem impacto nacional elevado está ligado à questão dos insumos alternativos. O pesquisador destacou que a partir de 2007, ocorreu uma crise na área de fertilizantes no Brasil, devido ao alto custo que apresentam. Boa parte dos fertilizantes usados no território é importada. “Nós não temos capacidade de produção. Um exemplo clássico é o potássio. O Brasil importa praticamente 95% do potássio que consome. E as fontes naturais estão acabando”.
Por isso, a empresa está buscando alternativas que sejam fontes desses nutrientes, mas que permitam também mudar a forma como o fertilizante libera esse nutriente para a planta, que hoje ocorre de maneira imediata, como a grande maioria dos fertilizantes convencionais. Daniel Perez explicou que a Embrapa Solos trabalha em pesquisas que envolvem, inclusive, nanotecnologia, para que o fertilizante tenha capacidade de liberar os nutrientes ao longo do tempo. Isso beneficia o meio ambiente e melhora também a eficiência do próprio elemento para a nutrição da planta.
Hoje, a Embrapa Solos já tem produtos desenvolvidos que vão da porta da fazenda até a indústria. Um deles utiliza cama de aves (resíduo gerado da criação de frangos de corte em granjas) e dejetos de suínos. “As grandes granjas, hoje, já têm como pegar esse material e processá-lo industrialmente, de forma a obter um fertilizante de alta qualidade e ‘performance’ e que pode ser utilizado pelos produtores da região. Eu posso dizer que esse é um produto que já está acabado e vai de uma ponta a outra do agronegócio”.
Outras ações da Embrapa Solos estão sendo desenvolvidas na Amazônia, no Sul do país e até na África. Daniel Perez informou que um grupo de pesquisadores da empresa vai neste mês para a África dar assistência ao Instituto de Investigação Agrícola de Moçambique. O grupo vem trabalhando há cerca de dois anos dando suporte à transferência de tecnologia na área de solos para a equipe moçambicana. O trabalho tem o apoio do Ministério das Relações Exteriores.
Os 40 anos da Embrapa foi comemorado no dia (3/10), em sessão solene na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro com a presença dos chefes gerais das três unidades da estatal sediadas no estado: a Embrapa Solos e a Embrapa Agroindústria de Alimentos, que ficam na capital, e a Embrapa Agrobiologia, no município de Seropédica, na Baixada Fluminense.
A Embrapa é constituída por 47 unidades descentralizadas de pesquisa e serviço, além de 15 unidades centrais. Ela reúne 9.795 empregados, sendo 2.427 pesquisadores, dos quais 81% têm doutorado. A empresa desenvolve atualmente, na área externa, 100 projetos de cooperação técnica com 27 países.
Edição: Denise Griesinger
Agência Brasil
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