Compra de refinaria nos EUA foi mau negócio, admite Graça Foster
16 de abril de 2014

A presidente da Petrobras, Graça Foster, reconheceu a perda de US$ 530 milhões na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos. Em audiência no Senado, ela admitiu o prejuízo e afirmou que a operação foi um “mau negócio” e que o investimento feito pela estatal é de “difícil recuperação”.

– Não há como reconhecer hoje ter sido um bom negócio. Isso é inquestionável do ponto de vista contábil.

Pasadena é apenas um dos negócios da Petrobras. Um bom projeto no inicio e que se transformou num projeto de baixa probabilidade de retorno – afirmou.

Em 2006, a petrolífera nacional pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria de Pasadena, um valor bem superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$ 42,5 milhões. Dois anos depois, um processo arbitral nos Estados Unidos a levou a adquirir os outros 50% por US$ 820 milhões, devido a um contrato assinado, segundo o qual, se houvesse desentendimento entre os sócios, a Petrobras seria obrigada a ficar com a outra metade.

Graça Foster observou, no entanto, que a refinaria atualmente opera com segurança e, nos três primeiros meses deste ano, apresentou resultado positivo, graças principalmente à melhor performance operacional.

Omissão

Segundo a presidente da Petrobras, quando decidiram fechar o negócio, os conselheiros não foram informados dessa cláusula que obrigava a compra dos outros 50% da refinaria.

– Não seguiu para o Conselho [Administrativo] o resumo executivo completo. Não havia menção a cláusulas importantes. Foi aprovada a compra de 50% de Pasadena, uma parceria com o grupo Astra, uma divisão de riscos. Esse foi o objeto do negócio – explicou, referindo-se às cláusulas que garantiam rentabilidade de 6,9% à sócia Astra Oil e à obrigação de compra da metade da sócia, em caso de discordância sobre investimentos.

Balanço

Ao apresentar números da empresa, ela disse que a Petrobras teve 1% de aumento no lucro líquido de 2012 para 2013, ao passo que outras concorrentes como Exxon e Shell, registraram queda de 27% e 39%, respectivamente.

– Elas perderam por causa da queda de produção, da queda de mercado e dos custos elevados. Aliás, esse é um grande problema de todos nós que atuamos no setor – afirmou.

Graça Foster disse que os níveis de investimento estão mantidos no mesmo patamar de outras gigantes do setor e a previsão de produção de 4,2 milhões barris de óleo por dia em 2020 está mantida.

 

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