O movimento antivacina vem crescendo nos últimos anos, em parte graças a um duvidoso estudo feito em 1998 pelo ex-médico Andrew Wakefield, e que já foi retirado do registro médico do Reino Unido por má conduta.
Um surto de sarampo tem devastando toda a Europa. De acordo com a Science Alert, nos primeiros seis meses de 2018, foram 41.000 casos registrados da infecção viral, que é facilmente evitável.
Em 2017, foram registrados 23.927, com 37 mortes. E de acordo com especialistas nos EUA, o país também poderá experimentar surtos semelhantes se os pais continuarem se recusando a vacinar seus filhos.
“Temos uma situação muito séria. As pessoas estão morrendo de sarampo. Isso era inacreditável cinco ou dez anos atrás“, disse o médico pediatra Alberto Villani, do Hospital Pediátrico Bambino Gesù, e presidente da Sociedade Pediátrica Italiana, à NBC.
Para evitar tais surtos, pelo menos 95% da população deveria ser vacinada com duas doses da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola. No entanto, em algumas partes da Europa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cobertura de vacinação é inferior a 70%.
O sarampo já está em ascensão nos EUA. No ano passado, o estado de Minnesota experimentou seu pior surto em décadas, e no início deste ano, Nova York foi a vítima. No momento, há um surto em andamento no Brooklyn, com seis casos registrados na semana passada, todos envolvendo crianças não vacinadas.
No ano passado, o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) estudou o crescente número de surtos de sarampo no país, descobrindo que 70% dos novos casos ocorreram em pacientes não vacinados.
O movimento antivacina vem crescendo nos últimos anos, em parte graças a um duvidoso estudo feito em 1998 pelo ex-médico Andrew Wakefield, e que já foi retirado do registro médico do Reino Unido por má conduta.
Wakefield foi acusado de usar em seu estudo resultados deliberadamente falsificados a fim de fazer uma afirmação fraudulenta de que a vacina e o autismo estavam relacionados. Assumiu-se que sua conduta estaria levando em conta a eliminação da concorrência, uma vez já havia patenteado uma versão alternativa para a profilaxia do sarampo.
Pesquisas subsequentes comprovaram que não existe qualquer ligação entre as vacinas e o autismo. No entanto, muitos pais ainda se recusam a vacinar seus filhos.
O sarampo foi erradicado dos EUA, mas novos surtos foram registrados porque a doença foi importada para dentro do país. O surto da cidade de Nova York, por exemplo, teve como paciente zero um turista, enquanto que no Brooklyn, o atual surto foi espalhado por uma criança não vacinada que viajou para uma área de Israel.
Se a situação não for controlada, é possível que fique muito pior. Em um estudo feito em 2014 descobriu-se que os esforços para corrigir uma desinformação são inadequados quando comparados aos esforços conjunto dos ativistas antivacinas que usam a internet para espalhar fake News – em resumo, quando as pessoas leem uma notícia falsa, assimilam o medo de forma muito forte comparado com órgãos oficiais que tentam desmentir e dizer a verdade. A mentira está dominando as informações.
Essa ideia anticientífica pode ser ainda mais perigosa se considerarmos que, se apenas 5% de uma comunidade não se vacinar, isso pode ter um efeito desproporcional sobre a saúde pública, triplicando a taxa anual de sarampo.
Além de afetar tais pacientes, o surto tem impacto em toda a comunidade, uma vez que aumenta a carga hospitalar e custará ao setor de saúde pública um gasto extra desnecessário, sobrecarregando todo o sistema.
O sarampo, além de muito infeccioso, pode ser mortal, especialmente para crianças. Em 2016, foram registradas 89.780 mortes pela doença no mundo, sendo que a maior parte das vítimas tinham menos de 5 anos.
“As pessoas não as veem e esquecem delas ou acham que as doenças não existem mais“, disse o professor de medicina Jeffrey D. Klausner, da Universidade da Califórnia, em Davis (EUA). “Elas não percebem que seu filho está em risco de desenvolver meningite por sarampo, encefalite e danos cerebrais permanentes ou morte“, concluiu.
Fonte indicada: sciencealert
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