O Seropédica Online parabeniza os iguaçuanos pela passagem dos 184 anos de criação da Cidade Nova Iguaçu do Rio de Janeiro
A memória da Baixada Fluminense se cruza com a história de Nova Iguaçu. Atualmente, é a maior cidade da região em extensão territorial e o segundo em população. Possui um dos centros comerciais mais importantes do Estado do Rio de Janeiro, que atrai consumidores das várias localidades. Município mãe da Baixada, deu origem a muitas outras cidades como Duque de Caxias, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Queimados e Mesquita.
O Município de Iguassú foi criado no dia 15 de janeiro de 1833, com sua sede instalada às margens do rio que serviu de inspiração para o seu nome, o Rio Iguassú. A cidade surgiu a partir da Vila de Iguassú, uma localidade que desde o século XVIII era utilizada como pouso de tropeiros que faziam o Caminho de Terra Firme.
Ainda em 1822, durante o Ciclo do Café, foi aberta a Estrada Real do Comércio, que em conexão com os portos de Iguassú, escoava a produção de cana-de-açúcar e do café plantado nas serras da região. O movimento foi tão expressivo que provocou a mudança do status de Vila para Município. De acordo com o historiador Genesis Torres, o título de cidade só era concedido pelo Rei de Portugal. “Nova Iguaçu já nasceu com status de vila, naquela época não era permitido pelo governo criar cidades. Então em 15 de janeiro de 1833 a localidade em que já tinha instalado a igreja Nossa Senhora da Piedade do Iguassú e um povoado próximo ao Rio Iguassú foi oficializada como Vila Iguassú”, contou o historiador.
Em 1858, com a inauguração da Estrada de Ferro Dom Pedro II, o Arraial de Maxambomba começou a surgir, e por conta disso foi realizada a transferência da sede do município para um novo centro econômico. Segundo Gênesis Torres, em 1891 surge a cidade de Maxambomba. “A Vila se transformou em cidade e continuou a prestigiar o nome da estação”, relembra. Em 1916, Maxambomba passa a se chamar Nova Iguassú, através da Lei 1.331, de 9 de novembro de 1916, de autoria do deputado estadual Manuel Reis.“A cidade surgiu, mas ainda era governada pela Câmara. O primeiro prefeito eleito veio em 1922, quando começou um combate à malária por grupos muito grandes. Esses grupos se denominavam prefeitura e dele surgiu a ideia de montar um governo”, ressaltou. A grafia do nome da cidade só mudou para “Nova Iguaçu” tempos depois, após reformas ortográficas da língua portuguesa.
Terra da laranja
No século XX, a principal atividade do município passa a ser o plantio de laranjas. Os pomares de Nova Iguaçu se estendiam por toda a Estrada de Madureira, Cabuçu e Marapicu. Na época, Nova Iguaçu ficou conhecida como “Cidade Perfume” por causa do cheiro das frutas. Para o historiador Gênesis Torres, a laranja encontrou nas terras iguaçuanas clima e solo favoráveis. “A laranja ganhou corpo, onde toda a população se envolveu no plantio ganhando dinheiro. A produção de laranja era interessante, você não precisava ter grandes áreas para o plantio”, contou Gênesis.
O município do Iguassú tinham 950 alqueires de terra, sendo 330 citricultores na região, que atualmente corresponde ao município em Nova Iguaçu, 25 em Nilópolis, 145 em Mesquita, 76 em Austin, 125 em Cabuçu, 99 em Queimados, 23 em Belford Roxo e 1.663 em Morro Agudo. Conforme pesquisas do historiador, grande quantidade não significava grandes plantações, já que toda a população tinha como fonte de renda a laranja. “Nova Iguaçu foi um dos maiores exportadores de laranja do país. Chegou a enviar para a Argentina e para os Estados Unidos meia tonelada de laranja”, relembrou Gênesis. Em função do odor exalado pela laranja na época da floração, a cidade passou a ser chamada de “cidade perfume”, de acordo com o historiador não havia como não notar o fato quando se passava, por exemplo, pelos trilhos da ferrovia.
Arruda Negreiros foi responsável pelo município na época do “Estado Novo” e decisivo aos subsídios governamentais nas áreas de citricultura, infraestrutura de saneamento e construção, além de melhorias das vias de comunicação entre o produtor e o carregador. Por conta disso, foi construído em 1933, um “Packing House”, local de beneficiamento e embalagem das laranjas para a exportação.
Para o transporte da laranja, uma série de estradas foi construída para ligar as chácaras ao centro da cidade, onde as laranjas eram embaladas para que fossem transportadas pelos trans. Caminhos foram alargados e alguns pavimentados. “A Estrada Dr. Plínio Casado (Interventor Estadual que nomeou Arruda Negreiros), ligando Nova Iguaçu-Belford Roxo. Citamos ainda as estradas de Nova Iguaçu-Anchieta, Madureira-Cabuçú, Estrada do Ypiranga, Estrada do Guimbú, Estrada de Santa Rita, Estrada de Morro Agudo a Austin, Estrada de São Bento, Estrada São João de Meriti-Caxias, Estrada São João de Meriti-Nilópolis, Estrada Actura, Estrada Rio-Petrópolis-Magé, Estrada do Xerém, Estrada Santa Branca-Bomfim”, ressaltou Gênesis Torres.
Declínio da laranja
A partir de 1939, na Segunda Guerra Mundial, a exportação da laranja sofreu uma queda. Se instaurou então uma crise devido a uma superprodução. “O extenso território que compunha Iguassú, com seus 1489 km2 até 1943, já não era o mesmo. A população pequena do início da década de 30, em torno de 51 mil habitantes, com uma densidade de 29 habitantes por quilômetro quadrado, já conta em meados da década de 1940 com uma população estimada em 300 mil habitantes”, relembrou o historiador Gênesis Torres.
Emancipações
Nova Iguaçu já foi o maior município da Baixada, porém, diversas emancipações de distritos que queriam independência administrativa marcaram a história da cidade. A primeira emancipação foi em 31 de dezembro de 1943, quando a Câmara dos Vereadores concedeu a emancipação de Duque de Caxias, que agrupou os municípios de São João de Meriti e Nilópolis. Em 1947, ambos se emanciparam de Duque de Caxias.
Mesmo com as separações dos anos 1940, Nova Iguaçu se tornou ao longo dos anos uma das principais cidades do Estado, tanto em população quanto em geração de renda. Em 1989, segundo o IBGE, o município chegou a ter 1 700 000 habitantes, sendo o sexto mais populoso do Brasil na época.
Em 1990, houve a emancipação de Belford Roxo (segundo menor distrito da Baixada, porém um dos mais populosos), seguido por Queimados, onde era localizado o Polo Industrial de Nova Iguaçu, que passou a ser administrado pelo novo município. No ano seguinte, Japeri efetivou sua independência. Em 1999 foi a vez de Mesquita, a caçula da Baixada, distrito de apenas 35 quilômetros quadrados, que teve a primeira votação para prefeito no pleito de 2000.
Brasão da cidade
O Brasão de Nova Iguaçu foi instituído pelo Decreto 72, de 31 de março de 1970. As estrelas na parte superior do escudo, no retângulo azul, representam as antigas freguesias que compunham originalmente o território do município. A estrela maior representa a sede. Roda dentada (sobre fundo vermelho) é símbolo de cidade industrial. Caduceu (sobre fundo prata), o bastão levado na mão do Deus do Comércio (Mercúrio ou Hermes) na mitologia greco-romana, é símbolo de cidade comercial. Faixa verde serrilhada simboliza a Serra do Mar, por onde passava a Estrada Real do Comércio. Faixa azul ondulada representa o Rio Iguaçu. Números inscritos na faixa prata, ladeando o escudo, 1833, ano da criação da Vila de Iguassú, e 1891, ano da elevação da vila à categoria de cidade. Lírio (sobre um fundo azul oval, aplicado na muralha que compõe a parte superior do brasão) representa a capela de Santo Antônio de Jacutinga, que foi transferida para Maxambomba, assim como a sede do município. Há ramos enlaçados nas pontas da faixa, às margens do escudo representando as antigas riquezas agrícolas, cana-de-açúcar, e laranja. As cores representam ouro, a força, prata, a candura, bleu (azul), a serenidade; sinaple (verde), a abundância; e goles (vermelho), a intrepidez.
Você sabia…
1-Que em 11 de agosto de 1955 era fundada a Arcádia Iguassuana de Letras (AIL). A instituição teve a participação de membros como Getúlio de Moura, Altair Pimenta de Moraes, Ruy Afrânio Peixoto e Leopoldo Machado. A confraria produziu diversas obras literárias como A sombra do laranjais, O que restou dos laranjais em flor e Imagens Iguaçuanas. As narrativas destacam aspectos sobre a cidade e suas transformações. A AIL também deu origem ao grupo de teatro Arcádia, importante manifestação cultural nos anos 1970.
2-Que Nova Iguaçu enviou alguns de seus “filhos” para Segunda Guerra Mundial. Ao término do conflito, a cidade recebeu seus pracinhas com diversas comemorações. Guilherme Fernandes de Oliveira e José Maria Neves, Aluízio Chambarelli e Francisco Lube, Elmo Costa e José Teles de Almeida foram alguns dos membros a compor a Força Expedicionária Brasileira. Uma comissão central sob a liderança do prefeito Getúlio de Moura organizou uma programação especial para recepcionar os combatentes.
3-Que em 15 de janeiro de 1933 se comemorou o 1º centenário do município de Nova Iguaçu. As comemorações contaram com inúmeras atividades e principalmente intervenções urbanas. Construções de praças, prédios e desfiles cívicos compuseram as inúmeras festividades. Para ocasião, criou-se um escudo da cidade. O emblema composto por um obelisco, laranjeiras e seus frutos foi instituído por decreto em 12 de janeiro de 1933 pelo prefeito Arruda Negreiros.
4-Que o bispo Dom Adriano Mandarino Hypólito foi sequestrado em Nova Iguaçu durante o regime militar. O religioso havia saído da Catedral de Santo Antônio de Jacuntiga, quando teve seu carro fechado por dois veículos. O bispo foi mantido refém e depois abandonado nu e pintado de vermelho. Seu fusca também foi destruído por uma bomba no largo da Glória, na cidade do Rio de Janeiro. Dom Adriano foi acusado de ser comunista e por isso perseguido e ameaçado durante o período da ditadura.
5-Que o hospital Iguassú foi inaugurado em 31 de março de 1935. A obra foi realizada pela prefeitura em conjunto com a Associação de Caridade do Hospital Iguassú. A inauguração do prédio contou com a benção do Padre João Musch e a presença de diversas autoridades políticas. O prédio contou com uma moderna infra estrutura.
Fonte: Centro de Documentação e Imagem (CEDIM/UFRRJ)
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