A Revolução Industrial transformou a realidade das pequenas fábricas artesanais de produtos em grandes indústrias de fabricação em massa. Com ela vieram as máquinas e com as máquinas a necessidade de mão de obra, de trabalhadores capazes de operá-las. Aos poucos esses operários foram se transformando em máquinas, considerados apenas uma extensão da engrenagem que operavam. Com o passar dos anos a com as grandes revoluções sofridas no pensamento organizacional, o ser operário encontrou o seu real valor, passou a ser considerado capital humano e a peça mais importante para o sucesso de qualquer empreendimento, chamado agora de colaborador, ou de uma maneira mais assertiva: de parceiro.
Mas as inovações tecnológicas apresentaram uma nova e revolucionária realidade: a máquina substituindo o homem. Uma mesma máquina é capaz de produzir com maior velocidade e eficiência o que meia dúzia de operários possuía capacidade para produzir. Seja na agricultura, nas fábricas de automóveis, por exemplo, ou na construção civil, aos poucos necessita-se de menos mão de obra humana para a produção. Máquinas operam máquinas e os poucos seres humanos que ainda são necessários, precisam estar altamente qualificados, aprendendo e atualizando-se constantemente para acompanhar a constante mudança que a tecnologia de ponta impõe.
Uma das consequências negativas do avanço tecnológico e da substituição da mão de obra humana pelo trabalho de máquinas e equipamentos, é o fechamento de várias frentes de trabalho. Algo que pode exemplificar essa realidade é a atual obra de reforma realizada num grande shopping da capital potiguar, Natal. Uma única máquina, utilizada para quebrar concreto e derrubar paredes, faz o trabalho que provavelmente demandaria em torno de vinte operários para ser realizado com a mesma eficiência e no mesmo espaço de tempo. Levando-se em conta que um único homem opera esta máquina e consegue dar conta do serviço, supõe-se que outros dezenove operários estão dispensados. Isto é: menos dezenove empregos diretos deixaram de ser produzidos.
As consequências sociais do desemprego são conhecidas: aumento da população ociosa, da ansiedade e do estresse, trazendo mal-estar social e diminuindo a qualidade de vida das pessoas, como indivíduos e/ou grupos; aumento do número de trabalhadores informais e não remunerados, sem contribuição de impostos e sem garantias trabalhistas; aumento da criminalidade e do consumo de substâncias entorpecentes; quebra da autoestima, da motivação pessoal, da expectativa de vida e da felicidade. Tais exemplos são básicos. Uma análise mais aprofundada revelaria problemas ainda mais complexos e difíceis de serem tratados.
Todavia, existe um lado positivo na substituição do homem pelas máquinas. A partir do momento em que uma máquina substitui trabalhadores que executavam certa tarefa, para onde esses trabalhadores vão? Embora isto requeira a atitude pessoal de cada um, o fechamento de uma frente de trabalho abre inúmeras oportunidades para diversas outras frentes. Aquele operário que perdeu o seu posto de trabalho porque uma máquina está agora fazendo o seu serviço, pode investir em outras áreas de conhecimento e capacidades técnicas. Ele pode se especializar em áreas onde as máquinas não podem atuar e que estarão sempre dependentes do capital humano, do capital intelectual que uma máquina, por mais avançada que possa ser, não possui. As opções são inúmeras e requerem do trabalhador atitude e capacidade de mudança e o desejo de crescer profissionalmente, galgando lugares mais altos na sociedade.
As máquinas, na verdade, jamais substituem o trabalhador: elas substituem funções numa empresa, normalmente voltadas para a parte técnica de produção ou de informação. Numa organização, o ser humano é insubstituível enquanto pessoa, enquanto peça fundamental no sucesso organizacional. O que se pode fazer é deixar que as máquinas executem o trabalho pesado e treinar o trabalhador para operar em outras frentes que exijam talentos e cognições que somente as pessoas possuem.
A Gestão com pessoas tem um papel crucial nesse processo, selecionando, treinando e capacitando os colaboradores para atuarem na organização de maneira eficaz e transformadora, fazendo aquilo que equipamentos elétricos e eletrônicos não podem fazer. Por sua vez, trabalhadores que perdem seus empregos devem estar abertos a novas possibilidades e experiências reveladoras de novas competências.
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