O cartunista Ziraldo foi internado nesta quarta-feira (26), no Hospital Pró-Cardíaco, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Segundo boletim médico, ele tinha quadro de acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.
“O paciente encontra-se internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da unidade e seu estado de saúde é grave”, diz a nota do hospital.
Em 2013, Ziraldo sofreu um infarto leve na Alemanha. Ele foi internado novamente no ano seguinte, após passar mal. Em ambos os casos, ele se recuperou normalmente.
Ziraldo é conhecido por ter criado o personagem O Menino Maluquinho, bem como A Turma do Tererê. Ele também é jornalista e escritor, tendo sido um dos fundadores do jornal O Pasquim.
Ziraldo e Mauricio de Sousa lançam crossover de Mônica e Menino Maluquinho
Eles se encontraram pela primeira vez há 58 anos. Mauricio de Sousa queria muito ter um gibi. Ziraldo já tinha A Turma do Pererê. Mauricio arrumou a mala com algumas roupas e seu material de desenho e pegou um trem de Bauru para São Paulo e depois para o Rio. Era lá que ficavam as editoras que publicavam quadrinhos e o desenhista em início de carreira queria ver se Ziraldo o ajudava a entrar em sua editora para planejarem uma nova revista.
“Eu me hospedei num hoteleco vagabundo do cais. Ziraldo me recebeu muito bem. Era um moço simpático, agradável, foi carinhoso com o colega, mas me passou uma notícia que não foi legal. Ele disse que adoraria, mas que a editora não era dele e o grupo estava atravessando uma crise financeira e não podiam pensar em lançar mais nada”, relembra hoje, aos 82, Mauricio de Sousa.
Mauricio ficou desanimado e, então, Ziraldo contou que queria fazer quadrinhos nos jornais dos Diários Associados e perguntou se ele consideraria fazer as tiras do Pererê.
Voltou para o hotel, fez uma meia dúzia de tiras e voltou com o material embaixo do braço na esperança de agradar a Ziraldo. Agradou, e ouviu dele que conversaria com o pessoal dos Diários Associados e daria notícias.
Um trem para São Paulo, outro para Bauru. Ao chegar lá descobriu que sua filha tinha nascido. “Quando a Mônica nasceu, eu estava pedindo um emprego para Ziraldo”, ri, hoje. Batizou a garota sem sonhar que ela viraria sua personagem e ficou esperando a resposta de Ziraldo. “Esperei, esperei, esperei. E estou esperando até hoje. O Ziraldo não conseguiu interessar o pessoal e, pior, ele perdeu as tiras”, ri mais ainda.
“Perdi. Essas tiras foram as únicas coisas que perdi na vida. Uma tristeza profunda”, lamenta Ziraldo, 85 anos, também por telefone. “Hoje, elas valeriam R$ 1 milhão”, brinca.
Muita coisa aconteceu entre aquela tentativa frustrada de uma parceria e o reencontro dos dois neste sábado (4) na Bienal do Livro de São Paulo. Ziraldo escreveu uma centena de livros que foram lidos por diversas gerações de brasileiros – e estrangeiros também. E criou o inesquecível Menino Maluquinho. Mauricio de Sousa, três anos depois daquele encontro, criou a Mônica, sua personagem mais famosa, e, ao longo dos anos, sua turma só cresceu.
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