A pesquisa revelou que 12,5% dos professores entrevistados no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana, ocupando a pior posição nessa área dentre todos os países pesquisados, que apresentam a média de 3,4%. Colados no Brasil estão a Estônia (11%) e a Austrália (9,7%). Coréia do Sul, Malásia e Romênia aprensentaram índice zero de violência contra os professores. O Brasil, com sua cultura de tolerância zero, se transformou no campeão mundial em violência contra professores; a Coreia do Sul tem violência zero. Por que somos tão diferentes?
Em 1964 o Brasil, por meio de um golpe de estado, tomava a decisão de mergulhar no inferno da política do “tiro, porrada e bomba”. Resultado: milhares de desaparecidos, centenas de mortos, estupros, tortura, exílios, 21 anos de regime militar, perda do poder aquisitivo do salário mínimo, aumento na concentração de renda e da desigualdade, freio nas liberdades, escolaridade baixíssima etc. Com a redemocratização do país (1985), os novos donos do poder se livraram da vida militarizada, mas a filosofia da violência não saiu de dentro deles. Resultado: não conseguimos sair do atraso socioeconômico e educacional: 95º lugar no IDH (computando a desigualdade), campeão mundial em homicídios (em números absolutos: 57 mil por ano), ¾ da população são de analfabetos funcionais, taxa de 29 assassinatos para cada 100 mil pessoas, aqui estão 16 das 50 cidades mais violentas do planeta, aqui acontecem 11% de todos os assassainatos do mundo etc.
No mesmo ano (1964) a Coreia do Sul (que tinha renda per capita muito inferior ao Brasil) tomava a decisão de colocar todo mundo nas escolas (desde o jardim da infância até às universidades). Aqui, “tiro, porrada e bomba”; lá, “civilização, conhecimento, tecnologia e cidadania”. Resultado: lá não existe violência contra os professores, 2/3 da população têm formação superior, renda per capita 3 vezes maior que a brasileira, 2 assassinatos para cada 100 mil pessoas, 15º no IDH etc.
Cada país tem sua história, é verdade, mas essa história não brota da terra como produto da natureza. Ela é construída pelas decisões de suas lideranças. Algumas são competentes e têm visão de futuro, outras não. Os resultados entre os vários países mostram as diferenças (os erros e acertos).
A pesquisa da OCDE ainda indicou que, apesar dos problemas, a grande maioria dos professores no mundo se diz satisfeita com o trabalho; eles são apoiados e reconhecidos pela institutição escolar assim como pela sociedade em geral. Com relação à satisfação dos professores brasileiros na carreira, apenas 12,6% acreditam que exista uma valorização da profissão pela sociedade. Nesse item estamos entre os dez últimos no ranking. A média global de satisfação dos professores é de 31%. A Eslováquia é a última: apenas 3,9% dos entrevistados acreditam serem respeitados pela sociedade, seguida de França e Suécia com 4,9%. Os professores brasileiros recebem 1,9 mil reais por mês, três vezes menos que a média total dos países da OCDE, de 5,7 mil reais. Entra governo e sai governo e os professores continuam mal pagos, maltratados, desestimulados e desesperançados.
Os donos do Brasil, invertendo a máxima de Pitágoras (grego, filósofo), preferem punir os adultos (sempre seletivamente) a educar as suas crianças. O que é isso? Falta de educação dos donos do país. Eles não sabem que “Educação é uma descoberta progressiva de nossa própria ignorância” (Voltaire, francês, filósofo).
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