Milhares de caminhoneiros autônomos do país podem cruzar os braços a partir da próxima segunda-feira, uma manifestação que cobra do governo reduzir a zero a carga tributária sobre o diesel e que pode contar com apoio de outras categorias que têm no combustível o principal custo.
A paralisação está marcada para começar às 6h de segunda-feira, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes. A entidade reúne aproximadamente 600 mil dos cerca de 1 milhão de caminhoneiros do país, representados por uma série de sindicatos de trabalhadores do setor.
“Pedimos que todos os caminhoneiros deste país façam a paralisação em suas casas, ou em postos de abastecimento, sempre de forma pacífica e sem prejudicar o direito de ir e vir de outros condutores. Não apoiamos atos de violência, agressões, barricadas nas rodovias ou atos de depredação de patrimônio público”, afirmou a Abcam em comunicado.
Segundo Lopes, cerca de 200 pessoas espalhadas pelo país iniciaram nesta sexta-feira coordenação para a paralisação de segunda-feira por meio de mensagens trocadas pelo WhatsApp.
“Agora o objetivo é fazer o movimento. O governo, se for conversar, vai conversar com o movimento em andamento. Fizemos todo o possível para não chegarmos a este ponto”, disse Lopes. Os caminhoneiros cobram desde outubro um diálogo com o governo para redução a zero dos impostos que incidem sobre o diesel, combustível responsável por cerca de 42 por cento dos custos dos caminhoneiros autônomos.
Questionado nesta sexta-feira, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, disse que o governo está sensibilizado com a alta dos preços e que está discutindo formas para uma redução de impostos.
Numa tentativa de evitar protestos, concessionárias de rodovias já estão tomando medidas. A CCR afirmou que conseguiu liminar contra manifestações na rodovia Presidente Dutra, que liga os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
A decisão é válida para todos os 402 quilômetros de extensão da rodovia e determina que Polícia Rodoviária Federal e o Exército sejam informados de seu conteúdo.
Uma paralisação no transporte poderia afetar, entre outros setores, a indústria de soja, cuja colheita no Brasil terminou recentemente. Isso no momento em que o mercado internacional conta com o produto do país, maior exportador global. O movimento promete ser mais forte justamente no Centro-Oeste e no Sul, as principais regiões brasileiras produtoras de grãos.
Mais cedo, a Petrobras anunciou que vai subir os preços do diesel em 0,80 por cento e os da gasolina em 1,34 por cento nas refinarias a partir do sábado, elevando os valores dos combustíveis a novas máximas de 2,3488 reais o litro de diesel e 2,0680 reais o litro de gasolina.
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