Anualmente, o trânsito tira a vida de 47 mil brasileiros. Essa estatística negativa coloca o país em quinto lugar entre as nações recordistas em mortes no trânsito. As preocupações em torno deste problema resultaram em uma meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê redução de 50% do número de vítimas em 10 anos, contados a partir de 2011.
Apesar dos esforços, infelizmente, ainda estamos muito longe de atingir este objetivo. Um levantamento divulgado recentemente pelo Ministério da Saúde, indica que, em seis anos houve uma redução de 27,4% das fatalidades nas capitais brasileiras – foram 7,9 mil em 2010, em comparação ao volume de 5,7 mil em 2016. Este cenário é mais alarmante entre jovens de 15 a 29 anos, que têm suas vidas interrompidas precocemente. No ano passado, por exemplo, o estado de São Paulo registrou 5,4 mil óbitos em decorrência de acidentes de trânsito entre pessoas nesta faixa etária, enquanto Santa Catarina teve 1,5 mil fatalidades.
Muitas vidas seriam poupadas se houvesse uma mudança de cultura dos motoristas brasileiros, a começar pela inserção de temas relacionados ao trânsito nas escolas, estimulariam as nossas crianças e adolescentes a terem um comportamento adequado não só como pedestres ou passageiros, mas também ao conduzir seus veículos no futuro. Um caso interessante está nos métodos educacionais aplicados na Nova Zelândia, eleito pela The Economist o país que oferece a melhor educação no mundo.
Professores utilizam simuladores de direção em matérias relacionadas à educação no trânsito. Esse formato vem colhendo frutos. Ao completar o primeiro ano do lançamento da Década de Ação pela Segurança no Trânsito, em 2012, a Nova Zelândia obteve a menor taxa anual de mortes no trânsito desde 1952: atualmente, o país apresenta 8,6 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes.
Como transformar a cultura do trânsito brasileiro para melhor?
Aprovada desde o ano passado, a reforma do Ensino Médio pode trazer novos rumos ao sistema educacional brasileiro. Por meio dela, as escolas poderão incluir disciplinas na grade curricular, a exemplo de educação no trânsito para abordar fatores que mais ocasionam acidentes, como alta velocidade, alcoolemia e uso do celular ao volante. Outra oportunidade é inserir o tema trânsito de forma verticalizada em matérias tradicionais, como sociologia, mostrando como a mobilidade faz parte do nosso cotidiano; matemática, usando estatísticas sobre frotas de veículos ou números de acidentes; geografia, com indicadores locais e regionais de tráfego; ou física, para determinar a distância entre o local de origem e destino que se vai transitar.
Nesse contexto, a tecnologia tem papel fundamental, seja com simuladores de direção promovendo a experiência de condução nas vias em um ambiente seguro, e até por meio de plataformas digitais que proporcionam muito mais dinamismo e interatividade às aulas. O conteúdo aprendido nas escolas também pode incentivar os jovens a pensar em soluções relacionadas ao trânsito e mobilidade, gerando debates em casa, fazendo com que os pais sejam estimulados a adotar boas práticas ao dirigir, o que seria fundamental para ajudar a reduzir o índice de acidentes no país.
*Paula Tomborelli é Diretora de Produtos da Educawise
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