Ontem, 10 de julho de 2018, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) tornou-se novamente foco da campanha sistemática movida pela grande mídia do país contra as universidades públicas. Em matéria veiculada pelo RJTV – 1º Edição, a Rede Globo presta um enorme desserviço aos cidadãos do estado do Rio de Janeiro, utilizando-se de uma concessão pública para exibir um conjunto de informações equivocadas e descontextualizadas, com o claro objetivo de desqualificar a contribuição da UFRRJ à educação, à ciência, à tecnologia e ao desenvolvimento nacional.
A matéria possui vários problemas, a começar pela pré-produção das informações. No dia 28 de junho, a repórter da TV Globo, Roberta Scherer, entrevistou o pró-reitor de Planejamento, Avaliação e Desenvolvimento Institucional, Roberto Rodrigues, sobre temas como orçamento, manutenção de prédios e assistência estudantil. Mesmo com todas as respostas gravadas, ela optou por apresentar um texto jornalístico formado por um mosaico de imagens e informações desconectadas.
A jornalista ignorou não apenas a conjuntura das universidades públicas, mas informações básicas sobre o objeto de sua reportagem. A UFRRJ possui quatro câmpus, não apenas o de Seropédica como mostrado no texto jornalístico. Na abertura do vídeo, há dados na tela: “57 vagas e 18 mil alunos”. Não sabemos que vagas são essas. O número 18 mil alunos é o total de matriculados em toda a Rural, distribuídos nas unidades de Seropédica, Nova Iguaçu e Três Rios.
Mais falhas de apuração e ética da reportagem são percebidas no vídeo. Para obter boa parte da matéria, a repórter passeou anonimamente pelo câmpus, por dias, usando câmeras amadoras para registrar as imagens; não há identificação dos entrevistados, exceto o representante institucional; mostra imagens sem nitidez como se fossem do câmpus; aponta o prédio do Restaurante Universitário em obras e diz que está fechado para o jantar, apenas ela está no local. Induz o telespectador a acreditar em seu relato mostrando uma colagem de imagens sem contextualização. É lamentável.
A matéria reverbera acusações de falta de transparência na gestão das obras da universidade, quando na verdade todos os dados e explicações técnicas a respeito estão disponíveis nos canais institucionais de comunicação, e a Administração Central tem fornecido esclarecimento nos conselhos em que há representantes de discentes, docentes e técnicos.
As imagens de áreas com iluminação insuficiente foram selecionadas para gerar a impressão de descaso. No entanto, a reposição de lâmpadas, a instalação de câmeras e o corte permanente de mato resultaram numa queda acentuada de ocorrências de maior gravidade ao longo do último ano.
As questões de transporte, manutenção e equipamentos de laboratórios são feitas sem apresentar ao telespectador dados básicos sobre a dimensão e a complexidade da demanda estudantil atendida pela instituição ou sobre as iniciativas visando enfrentar os problemas elencados, vários deles com causas antigas ou fora da governabilidade institucional.
Os esclarecimentos fornecidos pelo pró-reitor Roberto Rodrigues a respeito de todas essas questões foram editados de forma sumária, dificultando a conexão com os problemas citados ao longo da matéria.
O aspecto mais estarrecedor, no que diz respeito à ética jornalística, é o fato de a matéria ignorar notícias veiculadas recentemente pelas próprias Organizações Globo, que explicariam boa parte dos problemas sem induzir o público a achar que a UFRRJ está abandonada ao descaso pela sua administração. Há duas semanas, no dia 29 de junho, portanto no dia seguinte ao encontro da repórter com o pró-reitor, o portal G1 noticiou que: “As universidades federais tiveram em 2017 o menor repasse de verbas em sete anos”, acumulando nesse período perdas orçamentárias de 28,5%. 9 (https://glo.bo/2lDSjAO).
A UFRRJ, como todas as instituições federais de ensino superior, passou por um processo de reestruturação e expansão triplicando a quantidade de alunos matriculados durante a primeira metade da década de 2010. Com isso, houve a necessidade de mudanças na infraestrutura da instituição. Entretanto, a reestruturação da infraestrutura não ficou concluída nas gestões anteriores, e passivos estruturais ainda estão na pauta da universidade. Em todos estes passivos, a UFRRJ tem avanços expressivos como a urbanização do câmpus de Nova Iguaçu que será concluída ainda este ano; a construção do refeitório do câmpus de Três Rios que será concluída neste ano; prédio da Biblioteca Central do câmpus Seropédica com inauguração prevista para 15 de agosto de 2018; Prédio de Aulas Práticas (PAP) de Seropédica com projeto para licitação ainda em 2018 dos pavilhões Física 1 e Física 2; Hotel Universitário do câmpus Seropédica, com subestação elétrica finalizada, prédio energizado e expectativa de conclusão até o final de 2019; e Complexo de Prédios do Anatômico, com a subestação elétrica finalizada e o prédio energizado, e previsão de ocupação de dois prédios até o fim deste ano.
Considerando as obras em processo de conclusão, a Universidade Rural não poderia deixar outras demandas paradas. Por isso, em 2017 foram licitadas as seguintes obras, todas em andamento: reforma e ampliação da garagem de veículos do Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR); reforma e adequação da sala 01 no prédio da Prefeitura Universitária; reforma e ampliação do prédio da Divisão de Atenção à Saúde do Trabalhador; abrigo e instalação de gerador elétrico Prédio de Aulas Teóricos e Hospital Veterinário; subestação elétrica do CTUR; revisão e reparo da parte elétrica da sede do Jardim Botânico; adequação e reforma das quadras poliesportivas (reinauguração no dia 13 de agosto de 2018); subestação do Data Center do câmpus de Seropédica; construção de guarita e reforma do câmpus de Três Rios; e subestação elétrica do Instituto de Tecnologia.
Sobre o Restaurante Universitário, o prédio, agora em reformas, era o mesmo desde antes do processo de expansão da universidade, ou seja, sua capacidade de atendimento estava bem abaixo do necessário, por isso, a necessidade de ampliação e reformas. A primeira fase da obra está sendo finalizada e a segunda fase está em processo de licitação com previsão para agosto.
Há outros processos para serem licitados ainda este ano: adequação e reforma das quadras de tênis; acessibilidade dos prédios do Instituto de Educação, Instituto de Ciências Humanas e Sociais e Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas; reformas dos banheiros do alojamento masculino M2; pavimentação da entrada do prédio principal do câmpus Seropédica; ampliação e reestruturação do Hospital Veterinário; adequação e reforma da Praça da Alegria; reforma das instalações de gás do Departamento de Química (licitação em fase de finalização).
Todas estas informações foram dadas à repórter pelo pró-reitor de Planejamento no dia da entrevista, mas ela preferiu não apresentá-las na reportagem. Que ninguém se iluda. As Organizações Globo não estão utilizando seus veículos de comunicação como instrumentos de crítica construtiva visando fortalecer a UFRRJ. Buscam, isso sim, explorar de forma inescrupulosa dificuldades para tentar destruir a credibilidade das universidades públicas e ganhar apoio para os interesses que visam à sua destruição.
Administração Central.
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