Momentos de crise trazem ondas de solidariedade e medo diante das incertezas. Nesta época da Covid-19, observamos que o medo ultrapassa o respeito ao outro, quando lemos notícias sobre atos violentos contra profissionais de saúde, parentes de pessoas mortas, familiares de doentes ou de pessoas com sintomas, entre outros. De repente, qualquer um que tenha contato ou supostamente contato com a doença é transformado em marginal.
Na última semana, o falecimento do estudante Rafael Lanzieri gerou uma notícia falsa que afirmava ser o novo coronavírus a causa da morte. A família e os amigos têm passado seus dias, desde sábado, 21, a desmentir publicações e indagações de estranhos, como “é verdade que ele tinha corona?”. Lanzieri faleceu devido a uma reação alérgica causada por medicamento. O teste para Covid-19 resultou negativo. Mas, alguém não se importou com esta hipótese, quando decidiu expor nas redes sociais fotos e endereço de Rafael.
Dias antes, outro estudante da UFRRJ foi perseguido e recebeu ameaças de desconhecidos nas redes sociais, porque foi atendido em Seropédica com sintomas de Covid-19. Com o falecimento de Rafael, os curiosos sem espírito solidário criaram outra notícia falsa ao confundir os casos e espalharem que “aquele aluno da Rural com sintomas do corona morreu”.
Também recentemente, os familiares da senhora vitimada pelo covid-19 em Miguel Pereira deixaram de ser atendidos pelo mercado que lhes entregava alimentos, porque os entregadores tinham medo de ir a casa deles.
Essas histórias muito próximas nos mostram que criar informações falsas, discriminar e atacar pessoas traz mais sofrimento e não resolve o maior problema, que é a propagação do vírus. É um momento difícil em que seremos testados em múltiplos aspectos: institucionais e humanos. E é este o mais importante. Devemos crescer como seres humanos, do contrário o vírus definitivamente nos derrotará.
CCS-UFRRJ com ilustração de Patricia Perez
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