Prefeituras do interior e Região Metropolitana temem fuga de criminosos
4 de março de 2018

Após intervenção, prefeitos estão preocupados com a possibilidade de as operações das Forças Armadas ficarem mais voltadas para a capital

A recente intervenção militar no Estado do Rio fez acender uma luz de alerta fora da capital. Prefeitos já estão preocupados com a possibilidade de as operações das Forças Armadas ficarem mais voltadas para a Cidade do Rio. O temor é de que haja uma migração de criminosos para os outros municípios fluminenses.

“Sem dúvida estamos preocupados. A possibilidade dessa migração é iminente, até porque os outros estados estão reforçando a segurança em suas divisas e ainda não sabemos qual será a estratégia de atuação dessa intervenção nos municípios do interior do Estado do Rio”, comenta o prefeito de Rio das Ostras, Carlos Augusto Balthazar.

O prefeito, por sinal, conta que já até encaminhou ofício ao Governo do Estado para pedir o aumento do efetivo policial em Rio das Ostras, além de reforçar a colaboração entre a Guarda Municipal e as polícias Civil e Militar. “Vamos ratificar nossos pedidos agora junto ao general Walter Souza Braga Netto. Pedimos que o interior não seja esquecido”, salienta Carlos Augusto Balthazar.

 O secretário de Segurança de Araruama, Vanderlei Magalhães de Oliveira, também demonstra preocupação com a migração de criminosos. Ele, porém, admite que a ida de bandidos para o município já é esperada. “Estamos receosos, mas já prevíamos. Não há como evitar a migração de meliantes. A região é muito próxima ao Rio e sempre quando apertam o tráfico lá, eles correm para cá”, destaca.
 

Já o prefeito de Itatiaia, Eduardo Guedes, ressalta que a intervenção federal não deve ficar restrita apenas à cidade do Rio e precisa abranger também todas as regiões do estado. “Não podemos ter uma ostensividade da segurança somente no Rio, fazendo com que as pessoas que andam na contramão da lei venham a migrar para nossa cidade. A intervenção não deve ser feita apenas na capital, mas na nossa cidade e na região Sul Fluminense”, pondera.

ORÇAMENTO ESPECÍFICO

Para o prefeito de Volta Redonda, Samuca Silva, que na última sexta-feira, participou de novo encontro do Observatório Legislativo na Intervenção Federal da Segurança Pública do Rio de Janeiro, são várias as atuais demandas. Entre elas, a compra de novas viaturas para as polícias Militar e Civil, além da integração no monitoramento de câmeras entre as cidades e aumento no efetivo dos batalhões da Polícia Militar.

Ainda segundo ele, existe a necessidade de um orçamento específico para a segurança dos municípios. “Não há prioridade no orçamento dos governos municipais para a segurança pública como ocorrem na saúde e educação, o que precisa ser observado na Câmara Federal”, acredita.

Intervenção precisa ocorrer também no Grande Rio

O prefeito de São Gonçalo, José Luiz Nanci, lembra que a migração de criminosos para a região metropolitana, especialmente para o próprio município, não é um problema que começou agora. Ao contrário, é uma preocupação que existe há alguns anos. Não por acaso, a Secretaria Municipal de Segurança Pública tem agido conforme o protocolo de ações estratégicas determinado pelo Comando de Intervenção Federal. “É necessário que sejam adotadas ações conjuntas entre o município, o estado e o Governo Federal, o que vem sendo feito neste momento. Mas também se faz necessária a adoção de projetos voltados para a educação e o social”, ressalta.

Para o secretário de Segurança Pública de Nova Iguaçu, Roberto Penteado, para evitar a migração de criminosos para a cidade é preciso estreitar a parceria com o 20° BPM (Mesquista) e 52ª DP (Nova Iguaçu). Outra medida está na efetivação de um convênio com o Governo do Estado e a Polícia Militar para a criação do Programa Estadual de Integração na Segurança PROEIS , que conseguirá aumentar o número de policiais militares no policiamento ostensivo. “É uma preocupação que existe, sim, a exemplo do que ocorreu com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs)”, recorda.

Medidas para combater a violência

As prefeituras das cidades do interior e da região metropolitana do Estado do Rio atualmente desenvolvem soluções para evitar a ação de criminosos. Entre as medidas, parcerias com o Governo do Estado e a criação de centros de monitoramento por câmeras, além da implantação do Programa Estadual de Integração na Segurança PROEIS.

Em Petrópolis, o secretário de Segurança e Ordem Pública, Djalma Januzzi, conta que a Guarda Civil reforçou a presença no Centro Histórico, deixando a Polícia Militar com mais homens nos demais bairros. “Estamos montando central de monitoramento com 86 câmeras, dotadas inclusive com reconhecimento facial e de placas de veículos”, enumera. Em Guapimirim, o secretário de Segurança, Leonardo Rodrigues Neves, destaca que a prefeitura trabalha na criação do PROEIS, em que o município vai pagar a hora extra do policial militar de folga para atuar no patrulhamento. “É como o Lapa Presente, o Centro Presente, no Rio”, adianta.