Polícia Federal realiza operação contra fraudes no Auxílio Emergencial
21 de março de 2022

Quadrilha pode ter recebido R$ 1 milhão do benefício indevidamente. Principal alvo da ação e outros três foram presos

A Polícia Federal realizou, nesta segunda-feira (21), a operação “Decipit”, (enganador em latim), contra uma organização criminosa especializada em fraudes no auxílio emergencial. A ação, que contou com 60 policiais federais, prendeu quatro pessoas e pretendia cumprir oito mandados de busca e apreensão expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, na capital fluminense, em Angra dos Reis, na Costa Verde, além de em Barueri e Carapicuíba, em São Paulo.
 
O líder da quadrilha e outros dois investigados foram presos em flagrante por falsificação de documentos, em uma fábrica de falsificação no bairro Santíssimo, na Zona Oeste do Rio. No local, agentes apreenderam documentos e celulares. Um quarto alvo da operação também foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e uso de documento falso, em Angra dos Reis.
 
De acordo com as investigações, a quadrilha utilizava listas de pessoas que não votaram nas últimas três eleições, publicadas nos sites dos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE’s). Com os nomes, captavam outras informações em sites privados de banco de dados e faziam o cadastro em plataformas de serviços para o cidadão do Governo Federal.
 
Em seguida, os criminosos faziam o requerimento indevido do benefício pelo aplicativo Caixa Tem. A organização criminosa realizava diversas fraudes para dar aparência de legalidade ao cadastro, dentre elas, o cadastramento de chips de telefonia no nome dos beneficiários e produção de documentos falsos. A estimativa é de que o grupo pode ter recebido mais de R$ 1 milhão indevidamente.
 
“Conforme as investigações apuraram, a organização obtinha acesso a listas de pessoas que não votaram nas últimas eleições e, a partir dessas listas, a quadrilha presumia que essas pessoas não retornariam tão logo ao Brasil, e assim era possível fazer o cadastro no site do e-Gov e no aplicativo Caixa Tem, sem que essas pessoas percebessem. As pessoas que eram lesadas não tinham nenhum conhecimento de que seu nome estava sendo usado para fraudes no Auxílio Emergencial”, explicou o chefe da Delegacia de Polícia Federal em Angra dos Reis, delegado Clayton Souza.

O líder da quadrilha é conhecido como um dos maiores falsificadores de documentos do país e já havia sido preso em 2016 pela Polícia Civil do Paraná, pelos crimes de estelionato e falsificação de documentos. Em novembro de 2020, ele voltou a ser preso por conta das atuais investigações, mas por decisão da Justiça, a medida foi substituída por uso de tornozeleira eletrônica.

Entretanto, as investigações indicam que mesmo com o líder nesta condição, a quadrilha continuou atuando e recebendo indevidamente benefícios de Auxílio Emergencial. Além dele, ao menos cinco outras pessoas são investigadas. Os presos vão responder pelos crimes de estelionato qualificado pela fraude eletrônica, falsificação de documento público e organização criminosa que, somados, podem chegar a mais de 20 anos de reclusão.

 
Fonte: Meia Hora
 
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