A Ilha da Marambaia, na realidade uma Restinga, localiza-se no litoral de Mangaratiba
(RJ), sul fluminense, em uma área considerada pelos militares como de segurança
nacional e controlada pela Marinha do Brasil. O único acesso possível aos moradores e
visitantes se dá por meio de barco da Marinha; sendo que no caso dos visitantes, com
autorização prévia.
O local é de uma grande beleza, possuindo uma porção bem conservada da Mata
Atlântica e várias praias de mar calmo e areias brancas, além de uma bela montanha, que os militares chamam de Pico da Marambaia e os moradores de Morro da Velha e sobre a qual não faltam histórias e superstições.
A Ilha possui uma história além de muito interessante, plena de controvérsias e de
ocupações, que se iniciam com sua compra pelo Comendador Breves, conhecido como
Barão do Café e grande traficante de escravos no Rio de Janeiro do século XIX, que ali
instalou duas fazendas de plantio de café, onde mantinha os escravos, que trazia da
África e de outros lugares do Brasil, para “engorda” antes de serem vendidos, ou
transferidos para suas outras fazendas no continente. Segundo os atuais moradores, que
reivindicam a posse de parte dessas terras, o Comendador, pouco antes de morrer, teria
deixado a Ilha para as famílias dos ex-escravos que nela ainda permaneciam, distribuindo as praias entre elas. Esse compromisso não foi cumprido pela família Breves, já que, como confirmam os moradores, foi doação “só de boca”.
A versão local do testamento do Comendador é uma das muitas histórias que se ouve na Ilha, e que não podem ser comprovadas, mas são contadas pelos moradores como
testemunhos de seu sentimento de pertencimento àquele lugar, de amor à “sua” Ilha e do orgulho não só de ser marambaienses, mas de um passado que, apesar do sofrimento, é relembrado com detalhes pelos que ouviram de seus pais e avós, e contado com tristeza, mas também com altivez.
Após a morte do Comendador, em 1890, a Ilha foi vendida, tendo passado por várias
tentativas de utilização pela União, mas que resultaram em fracasso. Apesar disso, as
famílias dos descendentes de escravos, aí permaneceram até 1939, quando o Abrigo
Cristo Redentor instalou-se na Ilha, com o patrocínio de Getúlio Vargas, e criou a Escola
de Pesca Darci Vargas, inaugurando um período de grande prosperidade.
A estrutura física, edifícios, igreja, posto de saúde, escola – encontrada na Ilha é a
mesma construída pela Escola de Pesca, e é hoje ocupada pela Marinha, que depois do
inesperado processo de falência e desativação do Abrigo Cristo Redentor (década de
1960), ai se instalou, em 1971, através do CADIM – Centro de Adestramento da Ilha da
Marambaia, pertencente ao Corpo de Fuzileiros Navais.
O lado leste da Ilha era, antes da chegada da Escola, habitado, na sua maioria, pelos
remanescentes das fazendas do Comendador Breves e era designado pelos próprios
moradores como a “parte escura” da Ilha, e o lado Oeste por ex-funcionários e alunos da
Escola de Pesca e se constituía no “lado claro”.
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