Os vermes de fogo das Bermudas medem cerca de 2,5 centímetros e vivem no mar de todo o Caribe.
Em outubro de 1492, quando o explorador italiano Cristóvão Colombo estava em alto-mar prestes a encontrar a América (chamada naquele período de “Novo Mundo”), ele revelou em seu diário de bordo que tinha avistado um episódio esquisito.
No convés de seu navio Santa Maria, curiosamente espiando a escuridão caribenha, Colombo avistou alguma coisa pequena brilhando de dentro do fundo do oceano. O italiano não teve tempo para estudar o mistério, já que logo depois desembarcou na ilha de San Salvador, nas Bahamas.
Após 500 anos, muitos biólogos suspeitam que Colombo possa ter testemunhado uma das estranhas maravilhas da natureza: o intenso ritual verde e brilhante de acasalamento do verme de fogo das Bermudas (Odontosyllis enopla), uma espécie de anelídeo.
Esse foi o assunto de novo estudo realizado por cientistas norte-americanos e espanhóis, publicado no periódico científico PLOS One. O grupo se deteve a entender quais processos químicos tornam o ritual de acasalamento possível.
Os vermes de fogo das Bermudas são anelídeos minúsculo (medem cerca de 2,5 centímetros) e vivem no mar de todo o Caribe. Eles não são facilmente visíveis durante o dia, exceto nos 22 minutos seguintes após o pôr do sol na terceira noite após a lua cheia do final de verão. É nesse período, aproximadamente, que é possível ver um espetacular episódio de bioluminescência no mar.
“Os vermes fêmeas vêm do fundo do mar e nadam rapidamente em pequenos círculos enquanto brilham, algo que parece um pequeno campo de estrelas na superfície da água escura”, explica o biólogo Mark Siddall, coautor do estudo e curador do Departamento de Zoologia Invertebrada do Museu Americano de História Nacional, em Nova York (EUA), em comunicado. “Os machos, então, voltados para a luz das fêmeas, vêm com pressa do fundo do mar como cometas – também brilhando. Há uma pequena explosão de luz quando ambos jogam seus gametas na água”, completa.
Esse ritual dos vermes de fogo das Bermudas é algo muito peculiar, inclusive entre os poucos animais que também utilizam luz gerada quimicamente para se comunicar com amigos e inimigos em seus ecossistemas.
O que faz com que esses pequenos anelídeos possuam uma bela luminescência e por que esse episódio está ligado à lua cheia de verão? Para descobrir os motivos, os pesquisadores estudaram os genes de três vermes de fogo fêmeas retiradas do mar caribenho durante um ritual de acasalamento.
A resposta para a primeira pergunta está na enzima luciferase presente nesses animais, que é ativada durante o ciclo de reprodução da espécie. Outras criaturas bioluminescentes – como os vagalumes, por exemplo –, produzem a luciferase para brilhar. Ainda assim, a variedade da enzima nos vermes de fogo é diferente da encontrada em outras espécies de animais.
Essa descoberta não ajuda os pesquisadores a somente entender a singularidade do anelídeo, mas também pode ser útil em pesquisas biomédicas que requerem acender certas moléculas sob certas condições.
A equipe também encontrou genes que fazem com que os vermes de fogo fêmeas sofram uma série de mudanças biológicas temporárias durante o ciclo de acasalamento. Por exemplo, algumas enzimas que fazem com que cada um dos quatro olhos dos vermes aumente, ficando mais sensível ao brilho luminoso azul-esverdeado, além de outras que alteram a função da nefrídea (órgão excretor semelhante ao rim) desses animais para armazenar e liberar gametas.
Confira, abaixo, vídeo que mostra o movimento desses animais:
Com informações de Live Science.
Fonte: Revista Galileu
Notícias de Seropédica, do Brasil e do Mundo