Veja quais são os materiais furtados dos trens e como os roubos afetam a circulação
1 de setembro de 2021

Supervia estima que mais de 800 viagens foram interrompidas em 2021. Para a concessionária, contingente de policiais militares no grupamento que patrulha a via férrea não é suficiente para conter os roubos

Milhares de passageiros embarcam todos os dias nas estações da Supervia de olho no relógio e ouvido no sistema de áudio da companhia. Os atrasos dos trens, diariamente anunciado nas estações em horários de pico, são consequências do roubo de cabos nos ramais, que afetam a circulação das composições.
 
São 364 ocorrências, mais de 14 mil metros de fios furtados e um prejuízo que passa de R$ 1 milhão somente em 2021. Em julho, a Polícia Civil fez uma operação e chegou a interditar cinco empresas de reciclagem que usavam os materiais roubados. A investigação continua.
 
Marcelo Feitoza, diretor de operações da Supervia, explica que dois tipos de cabos são alvo dos criminosos. O mais roubado é o cabo de sinalização, utilizado nos sinais ao longo da malha ferroviária para orientar o maquinista.
 
“A ausência de um cabo de sinalização nos obriga a fazer a circulação não automaticamente, mas usando rádios de comunicação. E isso impede de colocarmos todos os trens no sistema, mesmo tendo esses trens disponíveis, ou nos obriga até mesmo a retirar parte deles de circulação”, afirma Feitoza. “Às vezes, essa situação nos leva a interromper parcialmente a circulação de um ramal ou até mesmo fechar o ramal inteiro. Todas essas medidas visam garantir a segurança operacional que é valor inegociável para SuperVia”. 

Outro cabo constantemente furtado é o de energia, que mantém ligadas as composições, que são elétricas. “Quando esses cabos são furtados ou cortados, os trens não podem circular”. A Supervia estima que 862 viagens foram interrompidas em 2021.

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A Supervia conta com policiais militares do Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) nas estações e nos trens. Mas para a empresa, o número de agentes é insuficiente para conter o problema. Os seguranças patrimoniais não têm poder de polícia, e só podem acionar a PM caso observem alguma irregularidade.
 
 Após reunião na quarta-feira, a SuperVia informou que vai iniciar um convênio com a Polícia Militar para contratar PMs de folga e reforçar o patrulhamento.
 
Operação da Polícia Civil descobriu rede de receptação e revenda de material
Há quase dois meses, uma investigação da Polícia Civil descobriu que boa parte dos furtos eram realizados por usuários de drogas que vendiam metais, cabos e cobres aos ferros-velhos. Esses repassavam às recicladoras, que transformavam o produto em matéria prima, e revendiam à indústria, criando um ciclo de furto e receptação. Durante a operação ‘Caminhos do Cobre’, agentes prenderam oito pessoas em flagrante, apreenderam R$ 200 mil em espécie e toneladas de metais furtados. As investigações continuam na Delegacia de Roubos e Furtos (DRF).
 
Ladrões têm roubado não só os materiais, mas os próprios funcionários. Na semana passada, duas equipes de técnicos tiveram seus carros assaltados no mesmo dia, enquanto tentavam reparar um problema no ramal de Japeri. Criminosos levaram os veículos, uma escada e objetos pessoaisi. Outros dois roubos aconteceram na mesma semana.
 
“Esses crimes vêm acontecendo em áreas de fortes e crônicos problemas de insegurança pública, algumas regiões sob o domínio do poder paralelo de facções criminosas. Por isso, o trabalho de reparação e troca de cabos normalmente só pode ser executado durante o dia e, mesmo assim, há riscos”, afirma o diretor de operações da companhia.
 
A Supervia diz que 862 viagens já foram interrompidas este ano por furtos de cabos. O ramal de Japeri é o mais afetado. Na terça-feira, ele chegou a ser suspenso por três horas, no horário de pico da tarde.
 
Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) informou que todos os casos registrados em delegacias de cada região são apurados e tem investigação em curso.
Explicou ainda que na última operação, os agentes prenderam donos de ferro-velho, empresários de recicladoras e das indústrias que adquiriam material reciclado da organização, além de terem coletado documentos e equipamentos eletrônicos com dados para futuras operações da investigação em andamento.
 
“As ações chegaram, inclusive, aos consumidores finais, reprimindo todo o ciclo envolvido na receptação de materiais furtados e roubados”, garantiu a corporação.
 
Fonte: Meia Hora
 
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