Desde o início do processo de impeachment, a palavra“golpe” tem sido reiteradamente propagada pelos defensores do governo, sob o mantra de que não há um motivo para o impeachment de Dilma Rousseff.
As pedaladas fiscais, consistentes no pagamento de débitos do Governo Federal, de vultosos valores, por meio de bancos públicos (consistentes em operações de crédito), assim como a abertura de créditos suplementares sem prévia autorização legislativa configuram grave afronta à LRF – art. 36 – (isso citando apenas os objetos da peça acusatória do impeachment). É certo, ademais, que o ato de nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva, em claro desvio de finalidade e tentativa de obstrução à justiça, configura latente interferência do Executivo sobre o Judiciário, o que também seria fundamento para o impedimento da Presidente da República.
São inúmeros os dispositivos infringidos: art. 6º, 5, art. 9º, 3, art. 10, 6, art. 11, 2, todos da Lei n. 1.079/50.
O fracasso econômico do Brasil deriva da irresponsável fiscal populista realizada pelo Governo Dilma Rousseff, que gastou mais do que devia. A conta, uma hora, chega. Sempre chega. Afinal, como diria Margaret Thatcher, “não existe dinheiro público, existe o dinheiro do pagador de impostos”.
Nas palavras de Ronald Reagan, “quando uma pessoa ou uma empresa gastam mais do que ganham elas vão a falência. Quando um governo gasta mais do que ganha ele te manda a conta”.
Esta semana, vieram à tona conteúdos gravíssimos de conversa entre Romero Jucá (Senador do PMDB), até ontem 23/05/2016, Ministro do Planejamento, e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, na qual o ex-ministro falava em um “pacto” para barrar a Lava-Jato, e quecom Dilma isso não seria possível.
Em seguida, novamente, iniciou-se uma nova onda de assertivas sobre um possível “golpe” para barrar a Lava-Jato, e que o impeachment seria o meio para isso.
Primeiramente, há que se salientar que as tentativas para barrar a Lava-Jato já são um fato recorrente.
No governo Dilma Rousseff, nomeou-se Lula para fugir das garras de Sérgio Moro. Delcidio do Amaral, líder do PT no Senado, ofereceu vantagens ilícitas para a fuga de Nestor Cerveró, a fim de impedir a sua delação. Supostamente,Aloizio Mercadante ofereceu vantagens ao assessor de Delcidio do Amaral para que este não delatasse o governo. E ainda, segundo interceptações telefônicas apuraram, o Ministro do STJ Marcelo Navarro teria sido nomeado por Dilma Rousseff para soltar Marcelo Oderbrecht.
Não obstante, veja-se que o plano de Romero Jucá seria livrar, inclusive, Lula. Ora, então, trata-se de clara unidade de desígnios.
Situação e oposição estão envolvidas na Lava-Jato. A operação é uma bomba relógio. Há muitos políticos envolvidos, denunciados, investigados, e muitos outros ainda devem estar pela bola oito.
Derrubar Dilma Rousseff para tentar parar a Lava-Jato não significa que no governo dela tal tentativa não tenha ocorrido, mas, sim, que essa tentativa foi frustrada, e que Dilma não tinha mais poder político para tomar as atitudes necessárias para paralisar a operação.
É importante, todavia, que se diga: a operação Lava-Jato não vai parar. E não vai parar porque a os olhos da opinião pública estão voltados a esta operação, que deverá mudar a perspectiva política do país.
Se a corrupção é um câncer para o Brasil, a operaçãoLava-Jato certamente é a quimioterapia. É dolorosa, lenta, e o corpo tende a reagir contra ela, mas o processo não pode parar.
Dilma Rousseff não está sofrendo impeachment por causa de um golpe. Ela caiu por previsão constitucional. Ela caiu porque cometeu crimes de responsabilidade que, aliados à uma grave crise econômica, inviabilizaram completamente a possibilidade de sua manutenção na Chefia do Executivo.
O processo de impeachment não ocorre para colocar o Vice-Presidente no Poder. Isso é mera consequência, e não causa, nem objetivo.
É importante que a população permaneça atenta, fiscalizando, pressionando os políticos e impedindo tais abusos. A inércia da população pode dar brecha para que oposição e situação se unam para frear as investigações e impedir que a operação Lava-Jato avance.
Conforme asseverou Edmund Burke: “para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”.
A ideologia, muito propagada aos seguidores partidários, é, na maioria das vezes, apenas uma forma de alienação. Um meio para abocanhar seguidores em prol de uma causa, que nem sempre estampa a realidade. Dá-se ao povo as migalhas para tomar, para si, o bolo inteiro.
Enquanto muitos lutam por igualdade, o governante enriquece a si e a seus correligionários. O Projeto de Poder não tem sigla partidária.
O Brasil pode muito mais, mas o brasileiro precisa parar de defender quem não se importa com ele; a opinião pública é facilmente carregada por etiquetas, palavras de efeito, gritos e cantos bonitos, que não passam de falácias.
O dinheiro saqueado dos cofres públicos pertence a cada um dos 200 milhões de brasileiros. São hospitais, creches, escolas, rodovias, benefícios sociais, muitas obras que deixaram de ser feitas para estancar essa sangria. Não é crível que algum dos brasileiros que não tenha se beneficiado com isso aceite qualquer tentativa de parar a Lava-Jato.
A população deve estar atenta às manobras, aos desvios de foco, a todo tipo de recurso utilizado para jogar uns contra os outros e impedir que a “quimioterapia” obtenha sucesso.
Não há um lado certo quanto aos envolvidos na operação Lava-Jato. Há uma união para saquear os cofres públicos e obter apoio político e mais poder.
Muito cuidado, discursos bonitos encobrem objetivos escusos.
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