Na tradição do Exército Brasileiro considera-se o dia 19 de abril de 1648 como aquele em que simbolicamente foram constituídas as raízes da mais antiga das três forças armadas nacionais. A data faz referência à Batalha dos Guararapes, envolvendo holandeses e luso-brasileiros e onde se reconhece que pela primeira vez indígenas brasileiros, africanos escravos e brancos portugueses e brasileiros se uniram para reconquistar o território há anos ocupado pelos holandeses no nordeste do Brasil. Por isso mesmo, no 19 de abril comemora-se o Dia do Exército.
Batalha dos Guararapes
A Batalha dos Guararapes foi constituída por dois eventos conflituosos que envolveram holandeses, portugueses e indígenas, entre 1648 e 1649, nos Montes Guararapes, em Pernambuco. O evento se insere no conjunto dos acontecimentos relacionados à Restauração Pernambucana, desencadeada entre os anos 1645 e 1654, estabelecendo limites para a presença holandesa e o fim de seu poderio no litoral brasileiro. Para alguns estudiosos, as violentas batalhas ocorridas nos Montes Guararapes constituíram o início do fim das Invasões Holandesas no Brasil. No entanto, a conjuntura na qual tais eventos ocorreram é muito mais complexa, conectando diferentes partes da América Portuguesa.
Após a conquista de Pernambuco (1630-1654) os holandeses passaram a dominar os territórios pertencentes, respectivamente, à capitania da Paraíba (1634-1654), Rio Grande do Norte (1634-1654), Capitania Real do Ceará (1637-1644/1649-1654) e a capital do Estado do Maranhão, São Luís (1641-1644). Sob a administração do Conde Maurício de Nassau (1637-1644), a expansão holandesa no litoral atlântico norte parecia alcançar projeções cada vez maiores, especialmente por conta da ajuda indispensável dos indígenas que, muitas vezes, se aliaram aos holandeses como alternativa ao jugo cristão e escravocrata português. O padre jesuíta Luís Figueira, ainda em 1637, alertava para o fato de que venceria aquela guerra o lado que tivesse a maior quantidade de indígenas como aliados.
Do lado holandês, a presença indígena se fazia forte. Em 1645, a Assembleia Indígena de Tapessirica reuniu centenas de lideranças indígenas. Naquela ocasião, os holandeses montaram as bases de seu exército indígena. Das 145 lideranças que assinaram um tratado político com os holandeses destacaram-se como comandantes militares os chefes indígenas Pedro Poty, dos arredores de Recife e Antônio Paraupaba, do Rio Grande do Norte. Tais tratados faziam parte da lógica das alianças e conflitos do contexto. Do lado português, figuras conhecidas no âmbito militar como João Antônio Vieira, André Vidal de Negreiros, Francisco Barreto de Meneses, o negro Henrique Dias e os chefes indígenas Filipe Camarão e Diogo Pinheiro Camarão foram atores importantes na resistência contra as investidas holandesas. Num futuro não muito distante, os conflitos iminentes concorreriam para o colapso de uma organização política, militar e econômica que conectava boa parte do litoral colonial português na América com a Holanda.
Passados alguns anos sob o jugo holandês, muitos indígenas que haviam desempenhado funções importantes nas conquistas da Capitania Real do Ceará e de São Luís perceberam que, apesar da liberdade religiosa, os holandeses estavam desenvolvendo práticas escravistas semelhantes àquelas de seus desafetos portugueses, deixando de cumprir promessas feitas aos grupos indígenas aliados, como no caso dos Tabajaras do Ceará. Disso decorreram uma série de movimentos indígenas de caráter militar que passaram a intentar contra o poderio holandês em seus territórios.
A partir de 1644, tais reações iniciaram um processo de enfraquecimento do poderio holandês. Iniciadas em São Luís, revoltas envolvendo portugueses e indígenas Tupis levaram a expulsão dos holandeses. Indígenas do Ceará, percebendo o enfraquecimento holandês, também iniciaram um levante que terminou com a reconquista daquela capitania. É nesse contexto de revoltas e expulsões, iniciado no Estado do Maranhão, que se inicia a Restauração Pernambucana, nos idos de 1645. As duas Batalhas dos Guararapes (1648/1649) foram decisivas para a retomada de Pernambuco, em 1654, representando a libertação de uma população oprimida pela exploração econômica. No entanto, fazem parte de um processo bem mais complexo.
Na prática, a história do Exército brasileiro tem início, assim como a história da Marinha, com a independência do país. A separação do Brasil de sua metrópole não se deu de modo pacífico, houve resistência concreta nas províncias Cisplatina, Bahia, Maranhão e Pará, sendo necessária a atuação do exército, com destaque para Maria Quitéria, baiana que se disfarçara como homem para participar da luta, tendo se destacado no campo de batalha.
Conquistada a independência, o exército logo irá intervir na Guerra Cisplatina, que resulta na independência do Uruguai. O revés faz com que a diplomacia brasileira busque uma posição de não-intervenção nos assuntos dos países vizinhos ao sul. Somente vinte anos depois o Brasil sente-se impelido a enviar tropas à região, ante a à política expansionista de Juan Manuel de Rosas e Manuel Oribe, ditadores argentino e uruguaio, respectivamente.
Ainda no século XIX, os soldados do Exército tiveram a primeira grande experiência internacional, participando da Guerra do Paraguai. No conflito, a instituição se consolidou e reorganizou sob o comando de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, que é considerado por isso mesmo o patrono do Exército Brasileiro.
O exército somente voltaria a se envolver em algum conflito na Segunda Guerra Mundial, organizando a FEB (Força Expedicionária Brasileira), onde, ao lado da Força Aérea teve uma participação importante na tomada da Itália Fascista pelos Aliados.
Atualmente, o Exercito Brasileiro tem a missão de defender o território e a soberania brasileira, garantir a manutenção da Lei e da Ordem, e ajudar a população em caso de calamidades. Importante também é ressaltar a participação do Exército na política brasileira desde a Proclamação da República, em 1889. Os dois primeiros presidentes vinham das fileiras do exército, e mais tarde, também teriam papel importante nos golpes de 1930 e 1964. Com a redemocratização em 1985, os militares voltaram aos quartéis e restringiram sua participação na vida nacional às suas funções constitucionais. Em nível internacional, entre os anos 1980 e a década inicial do século XXI, a participação do Exército na tarefa de reorganização do Haiti, país que passou por um colapso institucional, vivendo um período caótico.
Referencia: Info Escola
HERÓI DA II GUERRA MUNDIAL, IONY CALDERINI, DESFILANDO PELO DCMUM, NA UFRRJ EM 7 SETEMBRO
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