O projeto, iniciado há pouco mais de dois anos, foi inaugurado ontem com a presença de Jô Tavares, superintendente de políticas para pessoas com deficiência do Estado do Rio de Janeiro
O direito de ir e vir e de acessar espaços comuns à sociedade, como uma instituição pública de ensino superior, pode ser tornar um desafio para pessoas com deficiência, sobretudo físicas. Pensando nisso, ontem (02/07), foram inauguradas as obras de acessibilidade dos Institutos de Ciências Humanas (ICHS), de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) e de Educação (IE) da UFRRJ. Entre as principais mudanças estão a construção de banheiros acessíveis com sinalização em braille, a instalação de rampas e de uma rota acessível (para cadeirantes, por exemplo) para uma das principais entradas de pedestres do câmpus, a partir do ponto de ônibus que fica em frente ao ICHS, na rodovia BR 465.
A cerimônia contou com a presença da superintendente de políticas para a pessoa com deficiência na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Jô Tavares, que soube do evento através de uma postagem nas redes sociais.
— A vontade de comparecer ao evento surgiu não só pela minha função na Secretaria, mas porque essa pauta pertence muito a nós, que somos pessoas com deficiência e entendemos que a acessibilidade é fundamental em todos os lugares — disse Jô.
Ela destacou os números preocupantes em relação à escolaridade de pessoas com deficiência: quase 70% não concluíram o Ensino Fundamental, e apenas 5% terminaram o curso superior. Esses dados são confirmados pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, publicada em 2021.
Além das melhorias mencionadas, o complexo de prédios, carinhosamente apelidado de “condomínio” pelos gestores, também teve a rede de esgoto revitalizada. Os problemas eram causados, em grande parte, pelas árvores plantadas de forma irregular e que precisaram ser removidas. A ação gerou comoção na comunidade universitária, mas, com a conclusão da obra, houve também o replantio de espécies mais adequadas para o espaço. O projeto foi liderado pela engenheira agrônoma Maria Gabriela da Mata, chefe do Setor de Conservação de Parques e Jardins da UFRRJ.
O ICHS, ICSA e IE foram os primeiros prédios do câmpus de Seropédica a receberem uma rota acessível. Antes disso, o Instituto Multidisciplinar, de Nova Iguaçu, também passou por obras para facilitar o acesso às dependências do câmpus e às salas de aula. As mudanças estruturais estão alinhadas com um plano pedagógico que corresponde à criação do curso de Licenciatura em Educação Especial. A UFRRJ é a terceira instituição pública de ensino superior do país a oferecer um curso na área.
Mesmo com a redução do orçamento das universidades federais nos últimos anos, a Rural continua avançando para se tornar uma referência no tema, como destacou o reitor, professor Roberto Rodrigues.
— Hoje, a UFRRJ tem sido chamada por diversas universidades federais para apresentar nossas iniciativas em acessibilidade, não só físicas, mas também nas áreas pedagógica e digital — afirmou o reitor, que finalizou sua fala agradecendo a todos os envolvidos no projeto. — Foi muito bom trabalhar e ter a parceria de tantas mãos, compreendendo que esta Universidade será construída com trabalho conjunto.
Texto: Nicole Lopes
Fotos: Ana Clara Tavares
Estudantes de Jornalismo da UFRRJ sob a supervisão da professora Cristiane Venancio
Professora adjunta do curso de Comunicação Social / Jornalismo da UFRRJ há 13 anos. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho (Portugal) e mestre em Estratégia e Gestão pela UFRRJ. Foi repórter e editora da agência O Globo e do jornal Extra.
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