Ex-jogador disse ter sido coagido a falar em caso com funcionária da Secretaria de Esportes e Lazer
O ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca, que estava desaparecido desde a madrugada de sábado para domingo, até ser libertado de um cativeiro, na tarde desta segunda-feira, falou com a imprensa, no início da noite, na sede da Delegacia Geral de São Paulo, e contou em detalhes sobre o que viveu em poder dos criminosos. Ele afirma que havia saído do show do cantor Thiaguinho, na Neoquímica Arena — estádio do Corinthians — e ia até a casa da amiga, Taís Moreira, de 36 anos, entregar ingressos para que ela pudesse ir no dia seguinte ao mesmo evento, quando acabou abordado, agredido e levado no próprio carro.
— Eu fui ao show do Thiaguinho no sábado e saí por volta de 0h40 da Neoquímica Arena. Voltando para casa, e eu moro no Arujá, eu fui passando e falando com as pessoas que iam no show de domingo, porque eu não ia poder ir, e disse “vou entregar os ingressos para vocês irem domingo” — narrou. — Na rua de baixo da casa dela, e três ruas depois, tem uma festa de comunidade, um baile funk. Eu estava falando com todo mundo e aí chegaram três indivíduos, que me abordaram. Aí eu tomei uma coronhada na cabeça, depois não vi mais nada. Quando entrei no carro, já coloraram o capuz e eu não vi mais nada.
Marcelinho reforçou que não tinha nenhum tipo de caso extraconjugal com Taís. Ele diz que ela era sua amiga desde que se conheceram, trabalhando juntos, na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Itaquaquecetuba, onde ele era secretário.
— Ela é minha amiga há 3 anos. Conheço o ex-marido dela, o Márcio, os dois filhos dela, é íntegra, guerreira, e falaram uma porção de coisa. Eu não tenho nada com ela. É minha amiga, porque fui secretário de Esportes em Itaquá — disse o ex-jogador. — Se você tem uma arma apontada para sua cabeça e a pessoa te obriga a falar, o que você faz?
O atleta aposentado contou ainda sobre os momentos vividos em poder dos sequestradores, numa casa na Rua Ferraz de Vasconcelos.
— Eu ouvi tanta coisa… queriam dinheiro, levaram, mas eu não estava preocupado com dinheiro. Estava preocupado com a minha vida e a vida dela (da Taís). Você encapuzado não vê nada, só escuta. Pedia para ir ao banheiro, beber água.
Questionado se acreditava que aquele era um sequestro relâmpago e que teria acontecido aleatoriamente com ele, o ex-jogador disse acreditar que sim.
— O carro tem insulfilm, então provavelmente não sabiam. Viram um carro daquele porte, perto da comunidade, já chegaram para abordar e depois viram (quem era) — disse. — Eles ouviram o helicóptero chegando, barulho forte, e escutei: “a casa caiu, a casa caiu, temos que libertar ele, pega o menor de idade para dirigir e joga ele em outro lugar”.
Segundo a polícia, cerca de R$ 40 mil foram extraídos por transferência por PIX. Marcelinho conta que eles pediram a senha do seu celular e faziam ameaças com o revólver.
— Pediram a senha do telefone e mostravam “que revólver é esse?” e ficavam girando. Você pensa nos seus filhos, na sua família, na vida, não na grana. A vida é relacionamento, e agora só quero estar com meus filhos. Tinha acabado de sair de um show maravilhoso. Era a minha vida e a da minha amiga em risco ali.
R$ 40 mil roubados via PIX
O delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, informou que foram conduzidas seis pessoas. A princípio, cinco serão autuadas em flagrante e uma será ouvida como testemunha. Segundo ele, alguns têm passagem pela polícia. Eles devem responder pelo crime de extorsão mediante sequestro.
— Até checarmos tudo, os dois (Marcelinho e Taís) são as vítimas — disse Dian. — O menor de idade foi conduzido para a gente saber qual a participação dele.
Ele disse ainda que não é incomum que, nesses casos, sequestradores obriguem as vítimas a falarem o que eles mandam mediante coação.
— Isso não é incomum, de os sequestradores sob ameaças fazerem as vítimas falarem o que eles querem. Isso acontece. E o próprio Marcelinho relata isso, também corroborando a versão da Taís.
Sobre o Pix, Dian informou que foram transferidos cerca de R$ 40 mil da conta de Marcelinho:
— O menor de idade foi conduzido para a gente saber qual a participação dele.
O delegado-geral disse ainda que havia entre 6 a 8 pessoas no cativeiro, além daquelas que já foram presas e as investigações continuam para chegar a essas pessoas. Ele acredita que, a princípio, o homem que teria dado a coronhada em Marcelinho, não está entre os detidos.
O capitão da PM Nilander de Siqueira, do 35º Batalhão de Polícia Militar (BPM), de Itaquaquecetuba, explicou que a polícia recebeu uma denúncia anônima sobre o local onde Marcelinho estava.
— A Polícia Militar já estava no patrulhamento, o Copom (Centro de Controle de Operações da Polícia Militar) recebeu uma denúncia anônima de que havia um casal que estava em cativeiro, na rua Ferraz de Vasconcelos, em Itaquaquecetuba. A partir dessa denúncia, os policiais fizeram a procura desse casal, porém nada encontraram. Nessa casa, havia um corredor. Então os policiais visualizaram duas mulheres, viram uma moto que estava parcialmente desmontada, o que indicou aos policiais que poderia haver algo de ilícito ali. Os policiais continuaram no corredor e quando subiram a escada, encontraram o Marcelinho — detalhou.
Fonte: EXTRA
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