Foi realizado nesta Sexta-feira (30), pelo Padre Jefferson Silva Oliveira, Celebração da Paixão do Senhor, na Comunidade Dom Bosco, Paroquia Maria Mãe da Igreja em Seropédica.
Em sua Homilia o Padre Jefferson falou sobre o sofrimento que Jesus Cristo teve por nós, para termos a salvação eterna. “Celebramos hoje está Solene Ação Litúrgica da Paixão do Senhor. Hoje não celebramos a Eucaristia, mas adoramos aquilo o que a Eucaristia significa: o mistério de um amor sem limites que se entrega na cruz por nós, a fim de que tenhamos vida e vida em abundância”.
“A nossa celebração de hoje é constituída por quatro partes. Primeiro, a liturgia da Palavra. Depois a Oração Universal, onde, como Igreja, pedimos pelas necessidades do mundo inteiro. Na terceira parte da nossa ação litúrgica teremos a Adoração da Santa Cruz, onde beijaremos o Santo Lenho expressando assim a nossa adoração do mistério do amor de Cristo que se entrega por nós todos. Enfim, a última parte da nossa Ação Litúrgica é a comunhão eucarística, onde comemos o Corpo de Cristo, Sacramento Visível do seu amor crucificado pelos homens”.
“A Palavra do Senhor encerra para nós hoje um tesouro abundante. A primeira leitura é o assim chamado Canto do Servo Sofredor de Isaías. O profeta nos descreve um personagem misterioso que tomará sobre si as dores do povo: “Meu servo, o Justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si nossas culpas”. Esse servo sofredor anunciado pelo profeta é o Cristo. No madeira da cruz Cristo assumiu por amor as nossas culpas. Aquele que não tem pecado, fez-se pecado e sentiu-se pecado por nós no madeiro da cruz. Cristo assumiu por nós uma morte humilhante e vergonhosa, a fim de que tivéssemos vida e vida em abundância”.
A cruz é a árvore da vida. Nós cantamos em nossas assembleias: “a sombra dos teus braços a Igreja viverá”. A cruz é aquela árvore que João viu na Jerusalém Celeste, que dá frutos doze vezes ao ano e cujas folhas servem para curar as nações. A cruz é o sinal da vida e S. Gregório nos seus diálogos expressa isso com muita firmeza quando diz que Bento, o homem de Deus, ao traçar sobre a taça que continha veneno o sinal da cruz esta não pode resistir ao sinal da vida.
Após a Homilia houve encenação da descida do Corpo de Jesus Cristo da Cruz pelos membros da Comunidade Imaculada Conceição.
José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos admirou-se de que ele tivesse morrido tão depressa. E, chamando o centurião, perguntou se já havia muito tempo que Jesus tinha morrido. Obtida a resposta afirmativa do centurião, mandou dar-lhe o corpo.
O descendimento da cruz
Enquanto a cruz ficou abandonada, cercada apenas de alguns guardas, vi cerca de cinco homens, que, vindo de Betânia, desceram pelos vales, aproximaram-se do lugar do suplício, olharam para a cruz e afastaram-se furtivamente; creio que eram discípulos. Havia, porém, dois homens, José de Arimatéia e Nicodemos, que vi três vezes nos arredores, examinando e deliberando; uma vez, durante a crucificação, estavam perto, (talvez quando mandaram comprar as vestes de Jesus da mão dos soldados). Mais tarde estavam lá para ver se o povo já se tinha afastado, indo depois ao sepulcro, para fazer alguns preparativos; do sepulcro voltaram à cruz olhando para cima e em redor, como se estudassem as condições. Fizeram o plano para o descendimento e voltaram à cidade.
Começaram então a juntar todas as coisas necessárias para o embalsamamento do corpo. Fizeram os servos levar as ferramentas para o descendimento do santo corpo da cruz e além disso, duas escadas, que tiraram de uma granja, perto da casa grande de Nicodemos; cada uma dessas escadas constava apenas de uma estaca, atravessada, de distância em distância, por paus, que serviram de degraus; havia nessas escadas ganchos, que se podiam fixar mais alto ou baixo, seja para prendê-las em qualquer porte, seja para pendurar neles algum objeto necessário, durante o trabalho.
A boa mulher em cuja casa receberam as especiarias para o embalsamamento, tinha-lhes empacotado tudo muito bem, para poderem transportá-las comodamente. Nicodemos comprara 100 arráteis de especiarias, que, segundo o nosso peso, equivale aproximadamente a 16kilos, como me foi revelado várias vezes.
Transportavam parte dessas especiarias em pequenos barris de cortiça, que lhes pendiam do pescoço sobre o peito. Um desses barrizinhos continha um pó. Em bolsas de pergaminho ou de couro levaram pequenos molhos de ervas. José levou também um vaso de ungüento, feito não sei de que material; era vermelho e tinha um aro azul. Os servos, como acima já mencionamos, tinham levado numa padiola: vasos, odres, esponjas e ferramentas. Levaram também fogo, numa lanterna fechada.
Esses servos saíram para o Calvário antes dos senhores e por uma outra porta, creio que pela de Belém. No caminho pela cidade, passaram pela casa à qual tinha ido a Santíssima Virgem, com outras mulheres e com João, afim de buscar algumas coisas necessárias para o embalsamamento do corpo do Senhor e donde saíram, seguindo os servos a pouca distância. Eram talvez cinco mulheres, algumas das quais transportavam grandes fardos de panos sob os mantos.
Era costume de as mulheres envolver-se cuidadosamente numa longa faixa de pano, da largura de um côvado, quando saiam de noite ou quando queriam fazer secretamente uma obra piedosa. Começavam a enrolar-se por um braço e o pano envolvia-as tão estreitamente, que não podiam dar passos largos; tenho-as visto enrolarem-se assim e o pano chega comodamente para o corpo e o outro braço e ainda para velar a cabeça; nesse dia tinha algo de estranho: era o traje de luto.
José de Arimatéia e Nicodemos também tinham se vestido de luto: as mangas, estolas e cinta larga eram pretas; os mantos, que traziam puxados sobre a cabeça, eram longos e largos e de cor cinzenta. Cobriram tudo que transportavam com esses mantos. Ambos se dirigiram à porta do Calvário.
As ruas estavam desertas e silenciosas; no terror geral todo o povo se conservava em casa, com as portas fechadas. Muitos estavam prostrados por terra, fazendo penitência; só poucos celebraram as cerimônias prescritas para a festa.
Quando José e Nicodemos chegaram à porta, encontraram-na fechada e as ruas vizinhas, como os muros da cidade, ocupados por numerosos soldados; eram aqueles que os fariseus tinham requerido, depois de duas horas da tarde, porque tinham uma insurreição. Os soldados ainda não tinham recebido ordem de retirar-se. José apresentou-lhes uma ordem escrita de Pilatos para os deixar passar; os soldados mostraram-se prontos a obedecer a essa ordem, mas disseram-lhes que já haviam experimentado em vão abrir a porta, que provavelmente se deslocara em conseqüência do terremoto; por isso foram também os carrascos obrigados a entrar pela porta Angular, depois de quebrar as pernas dos crucificados. Mas, quando José e Nicodemos puseram as mãos nos ferrolhos, abriu-se a porta com toda a facilidade, com assombro de todos.
O dia ainda estava sombrio, escuro e nebuloso, quando chegaram ao Calvário, onde encontraram os servos que tinham mandado adiante, como também as santas mulheres, que estavam sentadas em frente à cruz, chorando. Cássio e vários soldados que se tinham convertido, estavam como transformados e mantinham-se a alguma distância, tímidos e respeitosos.
José e Nicodemos falaram com a Santíssima Virgem e João a respeito de tudo que tinham feito, para salvar Jesus da morte ignominiosa e souberam que só com dificuldade se havia impedido que as pernas de Nosso Senhor fossem quebradas e que assim se tinha cumprido a profecia. Falaram também do golpe da lança, com a qual Cássio abrira o peito de Jesus. Depois de ter chegado também o centurião Abenadar, começaram, com muita tristeza e respeito, a obra piedosa do descendimento e embalsamamento do santo corpo do Senhor, Mestre e Redentor.
A santíssima Virgem e Madalena estavam sentadas ao pé da cruz, à direita, entre a cruz de Dimas e a de Jesus; as outras mulheres estavam ocupadas em arrumar as especiarias e os panos, a água, as esponjas e os vasos. Cássio também se aproximou, quando viu Abenadar chegar e contou-lhe a miraculosa cura de seus olhos. Todos estavam comovidos, cheios de tristeza e amor, mas graves e silenciosos. Às vezes, quando a pressa e atenção à obra santa o permitiam, se ouvia cá e lá, um gemido abafado ou soluço. Sobretudo Madalena, muito exaltada, abandonava-se inteiramente à dor e não se lembrava dos presentes, nem se moderava por qualquer consideração.
Nicodemos e José encostaram as escadas por detrás da cruz, levando, ao subir, um pano largo, no qual estavam presas três largas correias, prenderam o corpo de Jesus, sob os braços e joelhos, ao lenho e seguraram os braços de Nosso Senhor, atando-os pelos pulsos aos madeiros transversais. Depois tiraram os cravos, batendo-os por detrás com ponteiros colocados sobre as pontas. As mãos do Senhor não foram muito abaladas pelos golpes do martelo e os cravos caíram facilmente das chagas, que estavam muito alargadas pelo peso do corpo e esse, seguro por meio dos panos, não pendia mais dos cravos.
A parte inferior do corpo que, com a morte, tombara sobre os joelhos, repousava então, em posição natural, sobre um pano, que estava seguro no alto, aos braços da cruz. Enquanto José tirava o cravo e deixava cair cuidadosamente o braço esquerdo sobre o corpo, atou Nicodemos o braço direito do mesmo modo ao da cruz, segurando também a cabeça coroada de espinhos em posição natural, pois caíra sobre o ombro direito; tirou o cravo da mão direita e fez descer o braço, com as respectivas ataduras, ao longo do corpo. Ao mesmo tempo o centurião Abenadar tirou, com grande esforço, o longo cravo dos pés.
Cássio apanhou respeitosamente os cravos e depositou-os aos pés da Santíssima Virgem. José e Nicodemos colocaram então as escadas no lado da frente, próximo do santo corpo, desataram a correia superior do tronco da cruz e sucessivamente as correias, pendurando-as nos ganchos da escada. Descendo então devagar das escadas e passando as correias de gancho em gancho, cada vez mais para baixo, vinha também o santo corpo descendo gradualmente para os braços do centurião Abenadar, que de pé sobre um escabelo, segurou o corpo sobre os joelhos e desceu depois com ele enquanto Nicodemos e José, segurando a parte superior pelos braços, desciam degrau por degrau das escadas, devagar e com todo cuidado, como se transportassem um amigo querido, gravemente ferido. Assim desceu o santo e desfigurado corpo do Salvador da cruz a terra.
O descendimento do corpo da cruz foi um espetáculo indizivelmente tocante. Faziam todos os movimentos com tanto cuidado e carinho, como se receassem causar sofrimento ao Senhor; manifestavam ao santo corpo o mesmo amor e respeito que tinham sentido para com o Santo dos santos, durante a vida. Todos que estavam presentes, não desviavam os olhos do corpo do Senhor e acompanhavam todos os movimentos e manifestavam solicitude, estendendo os braços, derramando lágrimas ou por outros gestos de dor.
Mas todos guardavam silêncio; os homens que trabalhavam, penetrados de um respeito involuntário, como quem toma parte num ato religioso, só falavam a meia voz, para chamar a atenção ou pedir qualquer objeto. Quando ressoaram as marteladas que fizeram sair os pregos, Maria Santíssima, Madalena e todos que tinham assistido à crucificação, sentiram de novo as dores dilacerantes daquela hora; pois esses golpes lhes lembravam as dores cruéis de Jesus causadas pelas marteladas e todos estremeceram, pensando ouvir-Lhe novamente os gemidos penetrantes e contudo se afligiam de que a santa boca Lhe houvesse emudecido, no silêncio da morte.
Depois de descer o santo corpo, os homens o envolveram dos joelhos até os quadris e depositaram-no sobre um pano, nos braços da Mãe Santíssima, que olhos estendeu, cheia de dor e saudade.
No final foi realizado uma procissão pelas ruas da Comunidade Dom Bosco, com o corpo de Jesus Cristo.
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