O número de faixas vai passar de dois para quatro e a velocidade máxima no trecho passará de 40 para 80 quilômetros por hora
Com traçado original de quase 100 anos, a Serra das Araras passa por obras de duplicação, tirando do papel intervenções previstas no contrato da concessão passada, de 1996. Desde abril, a nova concessionária — a CCR RioSP — deu início às obras, previstas para terminarem em 2029. Nesse período, no entanto, será necessário fazer implosões de rocha, para a construção de viadutos que diminuirão a si
Já a atual pista de descida (sentido Rio), que será inutilizada com o fim das obras, será interditada por meia hora nessa primeira implosão da próxima semana apenas “para monitoramentos”, conforme pontuado pela concessionária. Se o planejamento der certo, a pista de descida não será mais fechada no restante das detonações, conforme explicou Virgilius Morais, gerente de engenharia da CCR RioSP.
Os horários e dias escolhidos são os de menor fluxo na via, além de, em tese, não atrapalhar o início ou o fim do turno de trabalho das pessoas. O período da noite foi descartado para essas implosões por conta da atividade ser considerada complexa e, em alguns casos, ser necessário fazer evacuações, o que seria arriscado sem a luz do dia.
Após os serviços, diariamente, as equipes da concessionária farão a limpeza da pista antes de liberar o tráfego. A técnica utilizada para a detonação será a de “fogo cuidadoso”, quando há controle de vibração e redução de ruído.
— Como abafamos o material? Pega-se argila e pneus, que a gente corta e abre, fazendo um recobrimento de dois metros de altura. Isso ajuda a diminuir o tempo de liberação da pista — observa Virgilius Morais.
Nesse início, no entanto, a previsão é de que não se use toda a janela de tempo planejada, por conta do volume de rocha detonado ainda ser pequeno. Pode ser que a pista seja liberada antes do horário previsto, ou nem precise ser interditada em alguns dias de junho.
— Virando para julho, devemos começar a ter detonação nos quatro dias da semana (segunda, terça, quarta e quinta-feira). Esse trabalho será mais intenso no decorrer dos próximos dois anos e meio — projeta o gerente de engenharia da concessionária.
O início da implosão será no Km 230,5, na altura de Paracambi (RJ). Neste momento, também há pontos de obra, além desse trecho, nos Km 228 e 230, assim como em duas áreas que estão sendo preparadas para receber o material das implosões. A previsão é que, no ápice da obra, haja 34 pontos de trabalho simultâneos nos oito quilômetros de serra.
Rotas alternativas
A orientação é que “moradores, comerciantes da região e motoristas programem a viagem e evitem trafegar na região durante o período de fechamento da rodovia”.
De acordo com a CCR RioSP, painéis de mensagens serão usados para informar o tempo de liberação da via. Os pontos mais sinalizados serão próximos aos pontos de retorno, “para que o usuário utilize outra rodovia próxima”, conforme informado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) pontua que a orientação é que os motoristas planejem suas viagens para evitar a Serra das Araras nos horários de interdição. Para seguir por rotas alternativas, o deslocamento será equivalente ao tempo de espera na serra.
A rota alternativa é a seguinte:
- Acessar a BR-040 e percorrê-la até Três Rios (RJ)
- Em seguida, acessar a BR-393, que será percorrida até Barra Mansa (RJ)
- Então, em Barra Mansa, voltar para a Dutra
Viadutos ajudarão a diminuir curvas
A Serra das Araras faz parte da Rodovia Presidente Dutra, principal via de ligação entre o Rio e São Paulo, as duas cidades mais populosas do país. Cerca de 390 mil veículos circulam nos dois sentidos da serra mensalmente, sendo 36% desse número correspondente ao transporte de carga, incluindo produtos químicos, carnes e minérios. Segundo o Ministério dos Transportes, a Dutra “desempenha um papel crucial na economia brasileira”, por onde passa metade do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Apesar de curto em distância, o trecho correspondente à serra — entre os Km 225 e 233, entre Piraí (RJ) e Paracambi (RJ) — é marcado por curvas sinuosas e pelo risco de acidentes, que diminuirão após as obras, conforme ressaltado há um mês, durante a assinatura da ordem de serviço que garantiu o novo traçado da serra, com a presença do governador Cláudio Castro e do ministro dos Transportes, Renan Filho.
Ao todo, serão construídos 24 viadutos, que ajudarão a tornar as curvas menos acentuadas. Além disso, serão construídas duas rampas de escape, em que serão montadas caixas cheias de brita, que servem para salvar caminhões que perdem os freios na descida da serra.
O desnível entre início e fim da Serra das Araras é de 400 metros de altura, equivalente ao tamanho do Pão de Açúcar, ponto turístico carioca. Com a obra, a ideia é que o motorista “não sinta” a descida, com curvas mais moderadas e suaves. Assim, outra consequência será tornar menos comuns cenas como a do último dia 16, quando dois carros e dois caminhões se envolveram em um engavetamento na pista de descida: um dos automóveis ficou pendurado na mureta às margens da via, enquanto um caminhão caiu na ribanceira.
— Pela quantidade de veículos de hoje, essa pista não atende mais a necessidade dos motoristas. É de difícil operação. Projetada na década de 1920, com o tempo, (a Serra das Araras) já está numa condição precária de segurança — explica Virgilius Morais.
O novo traçado também irá proporcionar um aumento de velocidade nos dois sentidos na via: se hoje o limite é de 40 Km/h, ele passará para os 80 Km/h após a inauguração da nova serra, diminuindo o tempo no motorista no trecho em 50%. Outra mudança é que as chamadas “cargas especiais” — correspondente aos caminhões maiores que as carretas, que atualmente precisam descer a Serra das Araras na contramão, pela pista de subida — poderão percorrer a via sem necessidade de fechar a pista no sentido São Paulo, mesmo que momentaneamente, como acontece atualmente.
Outra novidade prevista é que a serra passe a ser totalmente iluminada. O valor dessa obra é de R$ 1,5 bilhão, parte dos R$ 14,8 bilhões previstos de investimentos pela CCR RioSP ao longo dos próximos 30 anos na Dutra e na Rio-Santos, ambas sob sua concessão após leilão realizado em outubro de 2021.
No novo trajeto previsto pela obra, a atual pista de descida deixará de ser utilizada. Já a pista de subida funcionará de “base” para a duplicação da Serra das Araras: serão quatro pistas de rolamento em cada sentido, além de acostamento de 2,5m de largura.
Para o novo traçado, a previsão é que, ao todo, sejam retirados 700 mil m³ de material rochoso ao longo de toda a obra, o equivalente para encher mais de 46 mil caminhões-caçamba, capazes de carregar 15 m³ por viagem.
As rochas implodidas serão reaproveitadas na própria obra, alimentando usinas de concreto e de asfalto instaladas no Km 230. Após concluída a duplicação da serra, o espaço irá abrigar os tradicionais vendedores de fruta.
Pelo WhatsApp, nesta semana, circula um vídeo com informações desatualizadas sobre a duplicação da Serra das Araras, vinculado à ANTT. Segundo o órgão, o vídeo é antigo, ainda elaborado pela antiga concessionária, “desatualizado em comparação ao atual projeto da Serra das Araras”.
Fonte: G1
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