Um dos mais antigos cemitérios da cidade do Rio de Janeiro, o de São João Batista tem uma marca histórica, que é a de ser a última morada de pessoas famosas. Além de uma curiosidade, no mínimo, intrigante.
O Cemitério de São João Batista foi inaugurado, oficialmente, em 4 de dezembro de 1852, no dia que foi enterrada uma menina com menos de quatro anos, de nome Rosaura, filha de Cândido Maria da Silva.
Nos anos seguintes, até 1855, foram feitos mais 400 sepultamentos. A maioria desses de vítimas de uma epidemia de febre amarela.
Posteriormente, o Cemitério, projetado pelo arquiteto Francisco Joaquim Béthencourt da Silva, passou a receber restos mortais de outros cemitérios e igrejas. Aí pode ter começado a fama de última morada dos famosos.
“Os restos do poeta Álvares de Azevedo, sepultado em um cemitério da Praia da Saudade, que foi destruído por uma ressaca, foram para o São João Batista”, conta o historiador Maurício Santos.
Lá estão as criptas da Academia Brasileira de Letras (dos “imortais”), dos soldados brasileiros mortos durante a Primeira Guerra Mundial, dos aviadores do Brasil, dos marinheiros do Encouraçado São Paulo mortos durante a Revolução de 1924 e dos veteranos da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Em 2015, o Cemitério de São João Batista foi o primeiro da América Latina a ter um mapa virtual, que pode ser visto no Google Street View.
“Esse mapeamento vai permitir que o cemitério seja desmistificado como local de morte e afastamento, e se torne um local de encontro e arte. O acervo histórico de lá é único no Brasil. São mais de 30 obras de Bernardelli, Humberto Cozzo e de outros mais que são desconhecidos dos historiadores da arte. Ao mesmo tempo, permite que encontremos personalidades da história do Brasil que não sabíamos que estavam enterradas ali”, afirmou o historiador Milton Teixeira, que faz visitas guiadas ao Cemitério.
No São João Batista estão sepultados diversas personalidades, como o escritor José de Alencar, o pintor Cândido Portinari e a cantora Carmem Miranda. Além de Santos Dumont, Vinícius de Moraes, Chacrinha, Clara Nunes, Cazuza, nove ex-presidentes da República entre muitos outros.
É com um desses ex-presidentes que há uma história obscura. Geraldo Ribeiro, motorista de Juscelino Kubitschek, morreu ao lado de seu patrão em 1976. Ele está enterrado no São João Batista. Todavia, há quem diga que quem está no São João é Juscelino.
“Os caixões de ambos eram idênticos e foram velados juntos. Não havia nada que identificasse qual era ocupado por Juscelino ou Geraldo. A dúvida foi revelada anos mais tarde pelo jornalista Murilo Melo Filho, que cobriu o funeral duplo. Oficialmente, o caixão de Kubitschek foi para o Memorial JK, em Brasília e o de Geraldo Ribeiro ficou no Rio, no São João Batista, mas a dúvida está viva”, brinca Maurício Santos.
Fonte: Diário do Rio
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