Investimento previsto para troca dos sistemas está em torno dos R$ 12 bilhões
Até a metade deste ano, a Prefeitura do Rio de Janeiro pretende iniciar as licitações para a substituição dos sistemas de BRTs por VLTs. O projeto pretende trocar o BRT Transoeste e o BRT Transcarioca por linhas exclusivas de Veículos Leves Sobre Trilhos, os VLTs. Os estudos do BNDES, concluídos em dezembro de 2024, preveem investimento de R$ 12 bilhões para a troca.
Em 2022, o prefeito Eduardo Paes (PSD), agora reeleito, anunciou pela primeira vez o projeto de VLTzação. O texto, naquela época, prometia uma substituição a longo prazo dos sistemas de BRT, principalmente nas zonas Oeste e Norte da cidade do Rio de Janeiro. Junto com esse projeto, o prefeito prometeu uma nova linha de VLT entre os bairros de Botafogo e da Gávea, que deveria ser entregue agora em 2025.
As linhas que devem ser substituídas fazem o trajeto da Alvorada até o Galeão, e do Jardim Oceânico ao bairro Campo Grande. De acordo com o projeto, o objetivo é instalar trilhos nas pistas onde os BRTs já circulam atualmente. A adaptação para o novo modal inclui novos trilhos, trens e instalação do sistema. Com a mudança, a cidade terá um total de 251 km de trilhos.
Até meados deste ano, a Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) deve avançar para a fase de consulta e audiência pública, para contribuição popular nas regiões afetadas pela mudança.
BRT ou VLT, quais as diferenças?
De acordo com o professor Mateus Humberto, do ponto de vista técnico, não há um grande argumento que justifique a troca de um sistema por outro, principalmente considerando o alto investimento previsto para a substituição. “Há oportunidades para a implantação do VLT em comparação com o BRT, assim como desafios”, explica o professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade de São Paulo (USP).
Humberto também trabalhou junto a uma das organizações envolvidas durante os estudos e implantação do sistema do VLT Carioca, inaugurado em 2016. Uma das oportunidades apontadas por ele, por exemplo, diz respeito a algumas vantagens em termos operacionais de prioridade de circulação.
“A substituição poderia forçar mais ainda a separação dessa faixa para o VLT poder rodar de forma exclusiva”, explica. Atualmente, entretanto, apenas uma faixa do BRT na região da Santa Cruz compartilha espaço com outros veículos, tendo todas as outras exclusivas para o sistema. Além disso, o projeto de substituição do BRT por VLT também prevê o fechamento de algumas interseções para aumentar a velocidade média do VLT, o que pode alterar a circulação em algumas regiões.
“Também há um claro benefício ambiental relacionado aos VLTs”, explica. Atualmente, todo o sistema de VLT do Rio de Janeiro opera com eletricidade, enquanto os BRTs possuem ônibus movidos à diesel. “Isso traria um claro benefício ambiental, mas os BRTs também podem ser convertidos a veículos elétricos”, argumenta o professor.
Conforme Humberto, essa é uma vantagem, mas que não é exclusiva aos VLTs. Ao se utilizar veículos elétricos, algumas despesas operacionais diminuem, como o combustível, o custo de manutenção e até o custo de aquisição, por diminuir a frequência com que as frotas precisam ser renovadas. “Mas isso também se aplica ao BRT”, afirma.
Vantagens do BRT
Os dois principais desafios para a troca por VLT, de acordo com o professor, tem relação com o custo. “Converter essa estrutura tem um custo muito elevado”, afirma. Segundo o professor, o investimento precisará ser aplicado, por exemplo, no alongamento e nivelamento das estações, para facilitar o acesso e aumentar a capacidade.
Com base em aspectos operacionais, o professor Humberto afirma que o BRT dá uma certa flexibilidade em termos de intervalos entre os veículos e circulação. “Só o BRT consegue intervalos em horários de pico. É muito difícil fazer isso com VLT, ele tem que ter proporções maiores, com estações maiores”, comenta.
Fonte: Mobilidade Estadão
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