PF prende 17 pessoas no Rio por fraude no saque do FGTS
8 de julho de 2017

Trabalhadores com direito aos saques acabavam repassando seus dados em um site falso

Uma operação da Polícia Federal contra fraudes no saque de contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) levou à prisão, neste sábado, de 17 pessoas no Rio de Janeiro.

A PF estimava um prejuízo de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões no país com a ação dos golpistas neste quinto lote de saques de contas inativas nas agências da Caixa Econômica Federal.

Todas as prisões foram em flagrante, no momento em que os golpistas tentavam fazer a retirada dos valores nos terminais eletrônicos.

Segundo o delegado chefe do grupo de combate aos crimes cibernéticos da Polícia Federal, Erick Blatt, o grupo atuava comprando dados de beneficiários de contas inativas de um hacker de São Paulo, que criou um site falso da Caixa.

Pela página www1.caixa.gov.br, ele capturava dados de beneficiários que, induzidos a entrar no site, forneciam todas as informações necessárias para o saque.   

O delegado informou que cada cadastro com 500 nomes representava R$ 5 mil. De posse das informações que compravam, os golpistas iam às agências e sacavam o dinheiro das vítimas. 

“Uma parte vem de São Paulo. Foi criado um site falso da Caixa que capturava os dados dos usuários. (Os golpistas) consultaram e sacaram hoje. Não fizeram a consulta antes pelo computador para o número do IP não ficar registrado”, explicou Blatt.

Segundo o delegado, a operação foi adiantada por conta da antecipação do calendário de saques pela Caixa. A ação policial ocorreria na próxima sexta-feira. “Fomos pegos de surpresa (para antecipar a ação)”, disse o delegado. 

A investigação, segundo o delegado, começou há menos de dois meses, após a Caixa identificar o esquema de fraudes, a partir de um sistema de alerta em Brasília. Com isso, o banco acionou a PF. 

Prefeitura de Nilópolis foi invadida

Os policiais federais monitoraram 65 agências da Caixa no estado, em diversos locais: Volta Redonda, São João de Meriti, Nilópolis, unidades do Centro do Rio de Janeiro, entre outros pontos. Em Nilópolis, os envolvidos chegaram a arrombar a prefeitura para realizar o saque em um terminal eletrônico da Caixa.

A operação de hoje contou com 160 policiais federais e resultou na prisão de 17 pessoas, entre elas um angolano e um moçambicano. 

“Não era uma quadrilha. Vários grupos separados usavam estratégia de ‘phishing’ na Internet para capturar dados”, afirmou o delegado. Com a operação deste sábado, a PF apreendeu R$ 160 mil. 

Prejuízos

Segundo Blatt, no quarto lote, golpistas atuaram dando um prejuízo total de R$ 4 milhões em todo o país. 

“As prisões de São Paulo deram ensejo a essa operação. Este é o quinto e último lote. Os três primeiros lotes tiveram uma incidência menor de fraudes porque já estávamos monitorando. No quarto lote é que veio uma grande fraude, principalmente em São Paulo, e o total do prejuízo foi de R$ 4 milhões”. 

Os criminosos conseguiram roubar R$ 580 mil no lote anterior, só no Rio de Janeiro. No Brasil todo, foram R$ 4 milhões.

No lote cujo saque começou hoje, eles iriam roubar entre R$ 700 mil e R$ 1 milhão no Rio. No país todo, o prejuízo seria entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões.  

Prisões

Do total de 17 presos, duas eram mulheres. Elas foram levadas para o Complexo Penitenciário de Bangu. Os homens estão sendo encaminhados para o Batalhão Especial Prisional, em Benfica. 

De acordo com o delegado, eles devem responder por furto qualificado, cuja pena máxima é de oito anos. Com isso, eles não poderão pagar fiança.