Na próxima quarta-feira (29/08) é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo. A data criada em 1986 busca a conscientização da população sobre os perigos do consumo do tabaco. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que o tabagismo é a principal causa de morte evitável no planeta, sendo considerado um problema de saúde pública.
Um estudo recente do Ministério da Saúde, divulgado em maio deste ano, aponta que o brasileiro está deixando de fumar. Segundo a pesquisa, de 2006 a 2017 o número de fumantes diminuiu de 15,7% para 10,1%. Ainda segundo a pesquisa o consumo de tabaco nas capitais brasileiras reduziu em 36%, no mesmo período.
Apesar da redução, o consumo ainda é preocupante. A médica pneumologista Géssica Gomes, do Instituto Brasiliense de Otorrinolaringologia (Iborl), destaca que podemos encontrar mais de 4,7 mil substâncias tóxicas e cancerígenas no cigarro, como o alcatrão e a nicotina. Ela alerta que esses elementos são encontrados na fumaça e que esta pode causar problemas sérios, como câncer e outras doenças, tanto em quem fuma quanto quem fica próximo a essas pessoas, os famosos fumantes passivos.
“A nicotina age como estimulante do sistema nervoso central. No momento em que a pessoa começa a inalar a fumaça: a pressão sanguínea e a frequência cardíaca se elevam, diminui o apetite e desencadeia náusea e vômito. Já o alcatrão, que é formado por várias substâncias, está ligado a doenças cardiovasculares, câncer, entre outras”, explica a médica.
De acordo com a Dra Géssica, a nicotina causa dependência similar à provocada pela cocaína e aumenta a prevalência do diagnóstico de câncer, principalmente o de pulmão, que é o terceiro tipo de tumor maligno mais frequente. Ficando atrás apenas dos cânceres de mama e próstata, porém, é o com maior taxa de mortalidade. O tabagismo está relacionado a 80% dos casos de câncer de pulmão.
“Vale ressaltar que não é só o cigarro que oferece riscos. O tabaco é perigoso em diferentes formas, como cachimbo, charuto ou narguilé”, destaca. A OMS revelou por meio de um estudo, em 2005, que uma sessão de narguilé com duração média de 20 a 80 minutos, corresponde à exposição a todos os componentes tóxicos presentes na fumaça de 100 cigarros. Além do câncer de pulmão, o tabaco está relacionado a outros 20 tipos de câncer, como o de boca, laringe, faringe, esôfago, e também a doenças cardiovasculares. Ele pode causar ainda: doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), infarto do miocárdio, derrame, impotência sexual no homem, infertilidade da mulher, hipertensão e diabetes. Lembrando que os bebês de mães fumantes podem nascer prematuros ou apresentarem baixo peso ao nascer.
Há tratamento para as doenças respiratórias causadas pelo cigarro?
“Infelizmente o câncer de pulmão é um tumor silencioso e quando começa a apresentar sintomas como falta de ar, tosse, presença de sangue no escarro, dor no peito, perda de peso, já está em um estágio avançado da doença, e sua cura não é mais possível”, aponta a pneumologista. Ela afirma que o importante é prevenir a doença.
Exames para rastreio de câncer de pulmão, como a tomografia de tórax de baixa dose são recomendados principalmente para pessoas com mais de 55 anos de idade tabagistas por, no mínimo, 30 anos (quando consumidores de um maço/ano) e também aos que que pararam de fumar há menos de 15 anos – tempo médio para o organismo do ex-fumante ficar nas mesmas condições do não fumante em relação ao risco de desenvolver câncer de pulmão.
A especialista comenta que doenças como o DPOC, que é a obstrução da passagem do ar pelos pulmões, provocada geralmente pela fumaça do cigarro ou de outros compostos nocivos, não tem cura, mas pode ser tratada com medicações inalatórias de uso contínuo.
Ela explica que a doença se instala depois que há um quadro persistente de bronquite ou enfisema pulmonar. “O primeiro causa um estado permanente de inflamação nos pulmões, enquanto o segundo destrói os alvéolos, estruturas que promovem trocas gasosas no órgão. Os sintomas são falta de ar, chiado, aperto no peito, tosse, expectorações, fadiga e infecções respiratórias frequentes”, complementa.
“Ao interromper o tabagismo, você não recupera as áreas já afetadas do pulmão, mas para de agredir as áreas sadias, não progredindo assim com a doença”, finaliza a Dra Géssica. |