Moradores de Itaguaí denunciam atuação da Vale e Porto Sudeste na região
20 de janeiro de 2024
Moradores do bairro Ilha da Madeira, no RJ, denunciaram ao correspondente local de AND os efeitos da grande mineração da Vale e Porto Sudeste na região. Pescadores tiveram as economias destruídas e moradores foram desalojados pelos magnatas.
 
Pescadores tiveram economias arruinadas e moradores foram desalojados por conta das atividades das grandes empresas. Foto: Reprodução
 

Moradores do bairro Ilha da Madeira, no município de Itaguaí, Rio de Janeiro, têm denunciado a atuação das grandes empresas  Vale e Porto Sudeste na região. As empresas lucram milhões de reais com as operações na ilha em detrimento dos pequenos pescadores da região, que tem visto sua atuação minar com o crescimento da atuação das empresas monopolistas, e do deslocamento da população que residia em áreas de interesse econômico dos magnatas.

O Porto Sudeste, que se encontra na Baía de Sepetiba, em Itaguaí, era administrado pela empresa fundada por Eike Batista, MMX, para escoamento das riquezas naturais extraídas e vendidas para o mercado externo com baixo valor agregado, principalmente minério de ferro. Desde 2013, antes mesmo de sua inauguração, 65% das ações do porto foram vendidas para duas empresas estrangeiras, a Mubadala, de propriedade do Emirado de Abu Dhabi e a Trafigura, uma empresa suiço-holandesa, que é uma das maiores empresas imperialistas do mundo no ramo de comércio de commodities

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Durante entrevista ao correspondente local de AND, os moradores da região relataram que muitas promessas de cursos profissionalizantes foram feitas aos jovens e trabalhadores locais. Segundo as grandes empresas, o porto criaria diversas vagas de emprego e os trabalhadores seriam capacitados para trabalhar nas ocupações. Mas nada saiu do papel. De acordo com estes moradores, os cursos não ocorreram, assim como também não houve a tão propagandeada criação de postos de trabalho na região. 

Além de não oferecer nada ao povo, as grandes empresas deterioraram as atividades das quais os moradores tiravam sua sobrevivência. A Ilha da Madeira é um lugar com histórico de muita atividade pesqueira, sendo esta uma das principais fontes de renda dos habitantes do bairro. Desde que as grandes empresas começaram a atuar, as atividades foram comprometidas. A pesca foi afetada pelo despejo de óleo nas águas da Baía de Sepetiba, as correntes marítimas foram afetadas e, como resultado, houve a diminuição dos peixes e outros animais nas águas da região. 

Com as economias arruinadas pelas grandes empresas, muitos moradores também se viram forçados a aceitar as ofertas de compra de terrenos por parte da empresa e abandonar a ilha para se mudarem para outra região. A compra de outros terrenos também fez crescer o custo de vida local, e outros foram embora pelo processo de especulação imobiliária. 

Os moradores que não venderam seu terreno na época desejada pela empresa são agora obrigados a viver em verdadeiras cidades-fantasma e sob grande impacto das atividades de mineração realizadas nas proximidades. Ao tentarem venderem suas casas para a empresa que administra o Porto para tentarem se mudar para lugares menos devastados e com mais oportunidades os moradores vem se deparando com uma situação que vem causando revolta: os preços das casas são estipulados pela empresa, que oferece valores muito abaixo do valor de mercado pelas residências.

Na Ilha da Madeira, além do Porto Sudeste, também atua a empresa Vale, que foca na extração dos minérios de ferro da ilha para a venda a preços de banana para o exterior. A empresa também é denunciada pelos moradores por causar diversos prejuízos para a comunidade, como a secagem de fontes de água em decorrência do processo de mineração, a danificação de casas e outras estruturas através das constantes explosões utilizadas para a abertura de novas minas, além da poluição de minério de ferro, que se espalha pela área e vem causando problemas respiratórios nos habitantes.

Os moradores já protestaram várias vezes contra as atividades do Porto Sudeste e da Vale na ilha. Para tentar frear novos protestos, os magnatas tem tentado comprar as massas por meio de grandes repasses de dinheiro para a associação de pescadores da região (que atua como uma associação de moradores) e através da realização de festas e eventos que visam criar uma boa imagem para as empresas entre os moradores. A estratégia de corporativização não tem funcionado, como fica claro nas denúncias ainda vivas dos moradores da região.

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