Rafael Barbosa foi preso em flagrante na madrugada do dia 6 de novembro, enquanto escoltava um veículo carregado com 250 quilos de maconha na Rodovia Presidente Dutra, em Nova Iguaçu. O motorista fugiu, mas Rafael, que vinha logo atrás, foi detido por equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e acabou confessando que as drogas seriam entregues em Inhaúma, na Zona Norte do Rio. Os agentes o encaminharam à Polícia Federal e, de lá, ele seguiu para o Complexo Penitenciário de Gericinó. Dez dias depois, um alvará de soltura o libertou. Nos últimos quatro meses, esse filme se repetiu 67 vezes.
Um levantamento da PRF revela que cerca de 40% dos presos em flagrante nas estradas do estado do Rio, de julho a novembro deste ano, já estão soltos. Nesse período, os agentes conduziram às polícias judiciárias 176 presos. Desses, 67 ganharam a liberdade. Entre os que deixaram a prisão, mais da metade — 35 deles — haviam praticado o crime de tráfico de drogas. Os demais foram autuados por crimes como tráfico de armas, roubo de veículos, roubo de cargas, assalto a ônibus, estupro de vulnerável e contrabando.
— A cada dez presos, quatro são soltos. São pessoas que foram presas em flagrante cometendo crimes graves. Pessoas que roubam cargas com uso de armas, emprego de violência, flagradas com grande quantidade de drogas. É preocupante — diz o inspetor José Hélio de Macedo, porta-voz da PRF.
De acordo com o levantamento, dos 35 traficantes de drogas postos em liberdade, seis eram reincidentes, 14 foram liberados em audiências de custódia e 15 eram réus primários. Em termos percentuais, o crime de tráfico de drogas representou 49,43 % das prisões de maior potencial ofensivo efetuadas pela PRF no período, seguido da temática roubo de veículo, com 14,77 % das ocorrências.
O crime de tráfico de armas e munições foi o que manteve os presos por mais tempo no regime carcerário. Permanecem presos 89,5% dos que foram autuados por esse crime. Dos que foram presos por assalto a ônibus, 75% continuam encarcerados. Todos que foram capturados praticando atos de contrabando e descaminho estão soltos.
A PRF descartou do levantamento os 14 menores de idade detidos em flagrante nos últimos quatro meses.
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