História da antiga Colônia Penal Cândido Mendes na Ilha Grande, RJ -Fotos, Vídeo
9 de fevereiro de 2019

O Fim do Lazareto

Após a proclamação da República em 1889, o Lazareto passou por reformas (diga-se de passagem, um curto intervalo de tempo após a sua inauguração, uma rápida deterioração – fato devido à grande velocidade de sua construção). Foi nessa reforma que foi construído o aqueduto (um duto ou canal para transporte de água – ainda existente) com vazão de mil litros por hora.

Encerradas as atividades como lazareto em 1913, as instalações permaneceram desocupadas  até aproximadamente meados da década de 30. Voltou a ser usado em 1939 como alojamento pelos fuzileiros navais, por ocasião de manobras militares as quais reuniam cerca de 10 navios na enseada do Abraão. Naquelas noites, os fuzileiros se reuniam e agitavam a comunidade da Vila quando praticavam o “MARACATU” , um tipo de música e dança de origem nordestina.

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As colônias penais/presídios

Em 1903, foi instalada oficialmente a Colônia Penal de Dois Rios que serviu de presídio a pessoas julgadas por crimes comuns.

Em 1940, o Lazareto foi outra vez reformado e modificado para transformar-se então em presídio – Colônia penal Cândido Mendes que recebeu os presos comuns que estavam na Colônia de Dois Rios, a fim de que essa última abrigasse os presos políticos da 2ª Grande Guerra Mundial. Essas transferências foram devidas ao fato de que a Ilha de Fernando de Noronha , na qual estavam sendo aprisionados os presos políticos, foi cedida ao Governo americano para utilização como base Aero Naval. Paralelamente à reforma do Lazareto e à de Dois Rios, em 1940, foi iniciada a construção da estrada que liga Abraão a Dois Rios. A construção foi feita com mão de obra dos presos comuns. Tratores foram transportados por navios da Marinha .

Colônia penal Cândido Mendes abrigou os presos comuns até 1954 quando então foram transferidos de volta para o presídio de Dois Rios que também mudou de nome para Cândido Mendes. Depois disso as instalações foram demolidas por ordem de Carlos Lacerda, que na época era Governador do Estado. O aqueduto foi a única coisa que restou inteira mas o local continua sendo chamado de Lazareto.

É sabido também que políticos, espiões , colaboradores de governos estrangeiros e célebres escritores passaram períodos de suas vidas na Colônia de Dois Rios. Alguns acabaram estabelecendo-se definitivamente na Ilha, outros deixaram para a posteridade, em seus livros, as amargas recordações do cativeiro. Dentre eles estão Graciliano Ramos e Orígenes Lessa (escritores) e os revolucionários, Flores da Cunha, Agildo Barata e outros mais.

O Presídio Candido Mendes, na praia de Dois Rios funcionou até 1994, quando os prédios foram implodidos, no governo Brizola. Na fase final, o presídio tornou-se inviável economicamente e já não havia mais condições de se manterem presidiários nas precárias condições dos prédios. Até brincamos que só ficava lá dentro o preso que não queria fugir.

A  pesca e as fábricas de sardinha enlatada

Na década de 30, iniciou-se o processo de salga de peixe realizado por imigrantes japoneses, embora a introdução do processo tenha sido feita por imigrantes gregos. Até a década de 70 existiam em toda a ilha cerca de 10 fábricas de salga de peixe, sardinhas prensadas e em lata. Estas fábricas, estavam localizadas em Abraão, Bananal, Matariz, Sítio Forte, Longa, Araçatiba e praia Vermelha.

Houve um grande declínio nas atividades da indústria pesqueira nos anos 1980 e várias antigas fábricas foram fechadas sendo a última a localizada na praia do Matariz. A população da Ilha Grande passou, então, por dificuldades econômicas, já que as poucas lavouras agrícolas ainda existentes se tornaram de subsistência.

Atualmente, a pesca vem passando por um período de queda na sua produção, problema ocasionado pela presença da pesca predatória realizada por barcos arrastões e traineiras de todos os portes que não obedecem o limite mínimo de 1 km de afastamento da costa,  arrastando suas redes e fazendo cercos, dentro das enseadas desertas.

A pesca é uma atividade econômica que ocupa grande parte da população da Ilha Grande, dividindo com a atividade turística que se torna mais expressiva a cada dia. Os principal núcleo pesqueiro da Ilha Grande é Provetá, onde baseiam-se os maiores barcos pesqueiros do litoral sul do Estado. Em todas as comunidades da ilha vivem famílias dependentes da pesca, principalmente onde a atividade de turismo não é expressiva. Podemos citar como exemplo, Praia vermelha, Praia da Longa, Enseada de Sítio Forte, comunidade de Matariz, Freguesia de Santana, Saco do Céu, Palmas, Dois Rios e Aventureiro.

É fácil perceber os antigos prédios das fábricas e os equipamentos sucateados. Algumas das antigas “fábricas de sardinha”  como eram chamadas localmente, foram transformadas em pousadas.

Bibliografia:

Está página e outras tem como referência:

Apontamentos para a história do Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Ilha Grande.
Carl Egbert Hansen Vieira de Mello

Projeto Ilha Grande
Secretaria Municipal de desenvolvimento econômico, social e planejamento.
Governo Neirobis Kazuó Nagae.

PRESÍDIO ILHA GRANDE-COLÔNIA DOIS RIOS