Elias Pereira da Silva foi encontrado morto nesta segunda-feira na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná
afirmou A filha do traficante conhecido como Elias Maluco usou suas redes sociais na noite de terça-feira. Julia Fernandes reproduziu trechos de cartas enviadas pelo pai. ‘Mataram meu pai. Ele não se suicidou. Tenho certeza”, escreveu. Elias Pereira da Silva foi encontrado morto nesta segunda-feira na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. De acordo com informações do site Uol, ele foi encontrado com sinais de enforcamento.
A PF disse, nesta quarta-feira, que caso é tratado como suicídio, mas vai aguardar perícia.
Julia publicou uma carta escrita a mão enviada para sua mãe. Com a data de 19 de agosto de 2020. Ela ressalta que em todas as cartas, Elias mandava mensagens de esperança e saudades da família. “Essa carta minha mãe recebeu essa semana! Isso é carta de alguém que estava pensando em suicídio? TODA carta dele, ele dizia que não via a hora de estar com a gente aqui fora, cheio de esperança, sempre e sempre! Só queria sair e aproveitar a família!”, disse.
A filha de Elias também publicou trecho de uma carta enviada pelo pai a ela. “Sei que um dia vai ser você que vai cuidar de mim”, dizia parte do texto.
PF diz que caso indica suicídio, mas vai aguardar perícia
Responsável por apurar as circunstâncias acerca da morte de Elias Maluco, o delegado da Polícia Federal Daniel Martarelli da Costa disse que o caso, a princípio, é tratado como um “suicídio clássico”. Elias Pereira da Silva, de 54 anos, foi encontrado morto na terça-feira, 22, na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.
“No local, apreendemos algumas cartas que se encontravam na cela do preso. Também fizemos oitivas com os agentes que o encontraram e obtivemos imagens das câmeras de segurança. Nas cartas, ele não relatou o motivo do ato, mas diz, basicamente, que não tinha mais vontade de viver e pediu perdão à família, dizendo que não era um ato de covardia, mas, sim, de coragem, que ele se sentia pronto para aquilo. Ele não relatou nada sobre ameaça ou motivação.
Eu não posso afirmar, obviamente vai ter um laudo pericial para isso, mas pelos indícios, tudo indica para um suicídio clássico”, disse o delegado, que periciará todo o material encontrado na cela.
Condenado no caso Tim Lopes
Integrante da facção criminosa Comando Vermelho e considerado líder do tráfico de drogas no Complexo de favelas do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, Elias estava preso desde setembro de 2002. Em 2005, ele foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão pela morte do jornalista Tim Lopes.
Além de ser acusado pela morte de dezenas de pessoas, o traficante também tinha uma condenação, em 2013, de 10 anos, sete meses e 15 dias de reclusão por lavagem de dinheiro, segundo o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Em junho de 2002, a quadrilha liderada por Elias Maluco rendeu e matou Tim Lopes, que fazia uma reportagem sobre abuso de menores em um baile funk na Vila Cruzeiro, favela da zona norte do Rio. O corpo do jornalista foi queimado numa fogueira de pneus. Além de Elias, outras seis pessoas foram condenadas pelo crime.
De setembro de 2002 a janeiro de 2007, Elias Maluco ficou preso no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu (zona oeste do Rio). Em 4 de janeiro, ele foi transferido para o presídio federal de Catanduvas, junto com 11 outros chefes das facções criminosas Comando Vermelho e Terceiro Comando. O grupo foi acusado de planejar a queima de ônibus e atentados contra delegacias e postos da Polícia Militar realizados no Rio de Janeiro em 28 de dezembro de 2006, quando 19 pessoas morreram.
Em 25 de novembro de 2010, após outra onda de violência no Rio de Janeiro, Elias Maluco e o também traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, acusados de liderar os ataques, foram transferidos para a Penitenciária Federal de Porto Velho. Em 18 de agosto de 2011, Elias Maluco foi novamente transferido, desta vez para o presídio federal de Campo Grande.