Iniciativa promove a integração entre a comunidade universitária e os pequenos produtores da região
Quem mora em Seropédica e quiser uma alimentação mais saudável, por preços acessíveis, pode ir à Feira da Agricultura Familiar, que ocorre toda quarta-feira, das 8h às 13h, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (FAF-UFRRJ). As barraquinhas ficam no Pavilhão Central, onde agricultores da cidade, que fazem produção orgânica ou agroecológica de frutas, verduras e hortaliças expõem e vendem seus produtos.
Fruto da parceria entre a Rural e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio), a primeira edição da feira ocorreu em 2016 e, nesses oito anos de existência, é notabilizada como um importante espaço de comercialização e troca de experiências.
A administradora Maria Thereza Santos Rocha (33) é cliente e comenta que a feira se destaca pelos produtos diferenciados que são comercializados.
— A feira é muito importante para divulgação da universidade, pois tem vendedores com produtos muito bons, orgânicos, mas feitos de forma profissional. Tanto que muitos, apesar de serem artesanais, têm rótulo e tudo. O que demonstra que são produtos diferenciados para oferta. Inclusive, alguns itens in natura — disse.
Segundo ela, a “feirinha do P1”, como é conhecida, é um estímulo para a população de Seropédica ir à Rural.
— É importante para a universidade atrair a comunidade e promover uma divulgação da própria instituição, já que os produtos têm muito a ver com os cursos ofertados — completou Maria Thereza.
Assim como um mercado bem estabelecido, a FAF gera renda para os produtores da região e fortalece os princípios de cooperação e socialização. Assim, incentiva a economia popular e solidária, além de exercer um papel relevante para conscientizar os consumidores sobre a alimentação saudável.
Segurança para a saúde
Os alimentos orgânicos são fundamentais para uma alimentação balanceada, porque não são cultivados com componentes químicos, como agrotóxicos, antibióticos e fertilizantes. Os produtos orgânicos não oferecem nenhum resíduo desses compostos para o nosso organismo, são, portanto, mais seguros para a saúde. Além disso, desde que cultivados da maneira correta, podem ser mais nutritivos e possuir mais vitaminas, minerais e substâncias antioxidantes, diferente dos alimentos convencionais.
O professor do Departamento de Ciências Ambientais, Laboratório de Ecologia e Limnologia da UFRRJ Albert Luiz Suhett comenta que a feira é muito importante para o comércio local.
— Certamente, a feira fortalece muito os produtores, pois viabiliza uma via de venda previsível dos seus produtos. Pessoalmente, eu gosto muito, como consumidor, dessa interação direta com os produtores. Conversando com eles, eu consigo saber mais detalhes sobre a produção, conheço produtos novos, aprendo sobre as propriedades deles e ainda tenho dicas de preparo — enumerou ele.
Oportunidade para quem deseja investir
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o comércio de produtos orgânicos apresentou um aumento da procura nos últimos anos. Em 2020, o segmento de orgânicos movimentou R$ 5,8 bilhões no Brasil, 30% a mais em relação a 2019.
A feirante Bruna Quintanilha trabalha há cinco anos na FAF vendendo frutas e verduras. Ela garante o alto padrão do que é vendido.
— Para a comunidade, a feira oferece produtos de qualidade, o que proporciona mais saúde. Somos uma feira agroecológica, então não trabalhamos com nenhum tipo de agrotóxico — explicou ela.
Bruna ainda comenta que a venda direta proporciona a troca de conhecimento e cria um elo de confiança entre o feirante e os clientes, pois eles sabem onde e como o alimento que eles compraram são produzidos.
— Também temos a nossa cesta online, que proporciona facilidade para quem não pode ir presencialmente à feira, mas deseja adquirir os mesmos produtos — completou.
Outro fator que favorece o comércio na FAF é o apoio oferecido pela universidade. Uma equipe da Rural coordena e integra o interessado à Associação de Feirantes.
Segundo a coordenação da equipe de fortalecimento da agricultura familiar, o processo funciona da seguinte forma: o produtor se apresenta na feira, as residentes (estudantes) de Agronomia do programa, junto com um produtor, visitam a propriedade da pessoa interessada para conhecer a sua produção. Após a visita, em uma assembleia da Associação, a propriedade é mostrada através de fotos e relatos para os outros produtores do grupo de associados, que decidem em votação pela participação deste interessado.
Não há custos para passar por esse processo. A única taxa cobrada é a mensalidade da Associação, que, após o ingresso no novo membro, ele passará a pagar uma mensalidade de R$ 25, cujo objetivo é arrecadar fundos para pagar despesas do dia a dia, como o pagamento do contador da associação, compra de materiais e insumos, entre outras despesas.
Os agricultores interessados em ingressar no Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar podem entrar em contato através do e-mail fafrural@gmail.com, pelo telefone (21) 99887-4755 ou pessoalmente nos dias e horários da feira.
Texto, Fotos: Igor Daniel Arruda e Izabelle Nogueira (alunos de Jornalismo da UFRRJ, sob supervisão da professora Cristiane Venancio)
O professor Albert Luiz gosta de conversar com os produtores: “podemos ter uma alimentação mais saudável”
A administradora Maria Thereza é cliente assídua da feirinha do P1
Professora adjunta do curso de Comunicação Social / Jornalismo da UFRRJ há 13 anos. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho (Portugal) e mestre em Estratégia e Gestão pela UFRRJ. Foi repórter e editora da agência O Globo e do jornal Extra.
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