A ideia é defendida por pesquisadores americanos em um artigo publicado na última edição do American Journal of Human Genetics.
Mudanças cerebrais ocorridas durante a evolução humana podem ser as “culpadas” por doenças neuropsiquiátricas que acometem o homem moderno, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar. Essas enfermidades seriam uma espécie de efeito colateral do desenvolvimento e da expansão do cérebro nos últimos 100 mil anos. A ideia é defendida por pesquisadores americanos em um artigo publicado na última edição do American Journal of Human Genetics.
Os cientistas chegaram a essa conclusão ao analisar 181 linhagens de células humanas e amostras de tecido cerebral post-mortem. Eles encontraram sequências genéticas ainda desconhecidas e identificaram um conjunto incomum de repetições do gene CACNA1C, que rege o transporte de cálcio no cérebro. Para a equipe, as repetições afetam a maneira como o gene se expressa e a forma como o cálcio é transportado, alterações que podem impactar na forma como o cérebro trabalha.
“Mudanças na estrutura e na sequência dessas matrizes de nucleotídeos provavelmente contribuíram para alterações na função CACNA1C durante a evolução humana e podem modular o risco de doenças neuropsiquiátricas em populações modernas”, declara, em comunicado, David Kingsley, professor de biologia na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.
A equipe dará continuidade à pesquisa, em busca de muitas perguntas que ainda podem ser respondidas. “A maioria dos estudos genéticos se concentra em como as simples substituições de letras no código do DNA causam doenças. No entanto, 15 anos após o mapeamento do genoma humano, regiões do genoma ainda são amplamente inexploradas, desaparecidas ou pouco estudadas”, destaca Kingsley. “Planejamos estudar os efeitos sobre diferenciação neural, excitabilidade celular e formação de circuitos cerebrais relativa a repetições vistas no gene CACNA1C”, adianta o autor.
Por todo o corpo
Outros males que nos afligem hoje também são consequência da evolução humana, segundo David Kingsley. O cientista explica que complicações na região lombar, no joelho e nos pés provavelmente se devem à transição sofrida pelo ser humano para começar a andar em pé. Outro exemplo é o desaparecimento dos dentes sisos, que pode estar ligado a mudanças recentes na dieta.
Correio Braziliense
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