A falta de perdão pode prejudicar a saúde cardiovascular. Esta é a conclusão de um estudo apresentado no 40º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Dentre as 130 pessoas analisadas na pesquisa, os enfartados eram os que apresentavam a maior dificuldade de perdoar alguém.
— A mágoa e o ressentimento são muito negativos, e esta negatividade gera estresse, fator que prejudica o coração. A pessoa fica remoendo aquele sentimento e acaba se prejudicando — diz a psicóloga e psicanalista Suzana Avezum, principal autora do estudo.
De acordo com José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Socesp, pessoas que têm personalidade agressiva, apresentam comportamentos de ódio ou são muito exaltadas costumam ter mais chance de sofrer com alguma doença coronariana.
— Este tipo de trabalho nos leva a pensar: será que comportamentos que deixem a pessoa de “alma lavada” poderiam ser um fator protetivo para outras doenças? — questiona o médico.
A atriz Chan Suan, de 36 anos, admite sentir dificuldades para perdoar e sabe que este comportamento traz prejuízos para sua saúde:
— Já tive mágoas que me renderam uma gastrite e que depois virou úlcera. Sinto dificuldades de perdoar traições amorosas e “amigos” que somem e só voltam por interesse.
Além de fazer bem para a saúde física, perdoar ajuda a “seguir a vida” e viver novas experiências. Guardar rancor deixa as pessoas pessoas presas ao passado, acredita a filósofa e escritora Patrícia Cândido:
— Não liberar perdão é viver de novo, todos os dias, aquele sofrimento que você já viveu uma vez e sabe que lhe fez mal. É querer sentir novamente a sensação ruim. Quando você perdoa, se liberta desse movimento repetitivo e passa a viver uma vida nova. Tudo o que acontece na nossa vida tem a função de nos ensinar.
Há quem justifique a dificuldade de perdoar alegando que a pessoa que lhe fez mal não merece o seu perdão. O primeiro passo para liberar o perdão é entender que você será beneficiado com esta atitude.
Carregar a culpa também é prejudicial
Algumas pessoas sentem grande dificuldade em pedir perdão quando erram. Carregar a culpa de ter magoado alguém e não ter a capacidade de pedir desculpas também pode ser prejudicial.
— Especialmente os homens sofrem com este problema, porque a maioria deles foi ensinada por seus pais a não pedir desculpas. Outras pessoas, simplesmente, não tiveram um modelo para seguir, nunca ouviram seus pais se desculparem, foram criadas assim — diz Gary Chapman, antropólogo e autor do livro “As cinco linguagens do perdão”: — A baixa autoestima também pode ser uma das razões que fazem com que alguns indivíduos acreditam que admitir o erro significa ser alguém mau, quando, na verdade, pedir perdão é sinal de maturidade, não de fraqueza.
Na hora de pedir perdão a alguém, é preciso saber a maneira de falar para não cometer o mesmo erro e magoar a pessoa novamente. E é melhor não estar com a expectativa muito alta, já que há o risco de a pessoa não aceitar o pedido de desculpas.
— Às vezes, acho melhor saber que eu que errei, pois posso pedir desculpas e tentar reparar o erro. Porque se for o outro, eu vou ter que ficar com raiva até passar — brinca Chan.
Fonte: Extra
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