Colégios não tiveram casos relacionados, mas pedem atenção das famílias; Mensagens usam foto de obra de arte alternativa feita em 2016 no Japão
Pelo menos duas escolas brasileiras enviaram a pais de alunos, nesta semana, comunicados alertando sobre o que ficou conhecido como a “Momo do WhatsApp”. A Rede Salesiana Brasil de Escolas, em Brasília, e o Colégio Motivo, no Recife, pediram que os responsáveis pelos estudantes fiquem alerta a “desafios” perigosos que as crianças e adolescentes possam receber por meio do aplicativo de mensagens. Nenhuma das instituições teve casos envolvendo a “Momo”, mas preferiram informar os pais sobre o novo “viral” no WhatsApp.
A carta da Rede Salesiana diz que “há noticias de que as crianças e adolescentes são estimulados a telefonarem para a boneca Momo” e, durante a conversa, eles são induzidos a passar seus contatos e informações para “perfis falsos que agem de má-fé”. Os tais perfis, então, propõem “desafios que vão do sufocamento até o enforcamento”.
“Por isso, alertamos aos pais e/ou responsáveis a estarem cada vez mais próximos de seus filhos e atentos a essa armadilha virtual, que ameaça crianças e adolescentes, usando de sua inocência, aterrorizando as famílias e retirando a paz da sociedade”.
O comunidado do Colégio Motivo também destaca que “orientamos as famílias a redobrarem a atenção e dialogarem com seus filhos sobre o assunto”.
— Nós enviamos a carta aos pais porque, depois que vimos notícias na imprensa, nos achamos no dever de aconselhá-los para que conversem com seus filhos e não negligenciem esse tipo de “brincadeira” — disse uma porta-voz da assessoria do colégio, por telefone.
COMO A ‘MOMO’ SURGIU
A escultura, exibida em uma galeria de arte do Japão – Reprodução da internet
“Momo” é, na verdade, uma escultura feita em 2016 e exposta na mostra “Ghost”, da Vanilla Gallery, em Tóquio, no Japão. Ela representa uma “mulher-pássaro”, seguindo uma linha de arte alternativa que une o grotesco e o erótico — muito usada nessa galeria japonesa. O dono do lugar, Tatsumi Naito, abriu o salão de arte em 2003 e é responsável por outros estabelecimentos em Tóquio com propostas semelhantes, como um bar temático de terror.
Essa “mulher-pássaro” remete a uma lenda japonesa segundo a qual um ser sobrenatural chamado Ubume incorpora o espírito de uma mulher que morreu durante o parto. Isso faz com que a mãe se prenda a esse plano, e, para acompanhar o desenvolvimento do filho, passe a usar a habilidade de se transformar em diferentes formas ou animais. No caso da escultura, a mulher teria se transformado a algo como um pássaro, com patas, a boca semelhante a um bico e com olhos esbugalhados.
Visitantes da galeria de arte começarama viralizar imagens da inusitada obra na internet, e vários youtubers da América Latina passaram a fazer vídeos sobre a lenda, mostrando a imagem da escultura. Não demorou para que começassem a circular números de telefone, com perfis que usavam o nome “Momo” e a foto da boneca. Há telefones com prefixos de diversos lugares do mundo.
Houve alguns poucos relatos em outros países, como Argentina, de crianças que teriam interagido com um perfil de WhatsApp intitulado “Momo”, com a tal imagem, e receberam mensagens violentas e fotos de pessoas feridas e mortas. Há, também, relatos de pessoas que conversaram com a “Momo” e foram pressionadas para passar dados pessoais.
SUPOSTO CASO NO RECIFE
Na última semana, no Recife, a mãe de um menino de 9 anos que se enforcou no quintal de casa disse acreditar que ele tenha feito isso por influência de “desafios” que circulam na internet. A Polícia Civil não descarta a hipótese apresentada pela família, mas informou que espera o resultado de uma perícia no histórico do celular do menino.
De acordo com a delegada Thaís Galba, responsável pelo caso, a mãe reclamou que o filho mal dormiu na noite do dia 14 de agosto porque usou muito o celular. Por isso, na manhã seguinte, ela retirou o aparelho dele e disse que só lhe devolveria no fim de semana. No entanto, naquela mesma noite, o menino se suicidou.
— Em depoimento, o que a mãe me contou foi que o filho tinha um celular e usava a internet, mas ela não percebeu nada de extraordinário no conteúdo acessado por ele. Ela comentou que uma sobrinha dela, que é estudante de Medicina, contou que rolavam na internet desafios de asfixia. A mãe, então, lembrou que Artur mostrou para ela a boneca “Momo” e disse “Olha, mãe, que boneca feia”. Eu não tenho essa prova ainda (de que o menino se enforcou por influência de um desafio on-line ou que esse desafio esteja relacionado a perfis de “Momo”). O celular da criança foi enviado ao Instituto de Criminalística e nós por enquanto não descartamos nenhuma hipótese — disse a delegada
Fonte: G1
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