A vida da paranaense é homenageada pelo Google nesta sexta-feira (13)
Nascida em 13 de janeiro de 1913, Enedina Alves Marques tornou-se a primeira mulher negra a se formar em engenharia na região sul do Brasil, bem como a primeira engenheira negra do país. Nesta sexta-feira (13), data que comemoraria 110 anos, o Google presta homenagem estampando-a, junto à Usina Capivari-Cachoeira, um de seus maiores feitos, no logotipo temporário (doodle) na página de busca.
Quem foi Enedina Alves Marques?
Filha de Virgília Alves Marques, que passou a vida trabalhando como empregada doméstica, Enedina foi criada na casa da família do delegado Domingos Nascimento Sobrinho, para quem sua mãe trabalhava, em Curitiba, no Paraná. A futura engenheira tinha a mesma idade que a filha do militar e, assim, ele matriculou as duas meninas nos mesmos colégios para que elas fizessem companhia uma à outra.
Assim, Enedina, que trabalhava nos serviços de casa, foi alfabetizada na Escola Particular da Professora Luiza Dorfmund e depois ingressou na Escola Normal, onde se diplomou como professora. A partir de 1932, passou a dar aulas no interior do estado, até retornar à capital em 1935, para fazer um curso intermediário no Ginásio Novo Ateneu, uma exigência para ingresso em um curso de nível superior.
Doodle do Google sobre Enedina Alves Marques — Foto: Reprodução/Google
Pioneira na engenharia
Em 1938, Enedina entrou em um curso complementar em pré-Engenharia. Dois anos depois, ingressou na graduação da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os custos para entrar em um curso superior eram muito elevados na época e as faculdades eram ocupadas pela elite. Convivendo com colegas e professores, em sua maioria, homens, brancos e ricos, Enedina precisou enfrentar diversas violências para conseguir seu diploma.
Em artigo publicado na revista científica Vernáculo, o historiador Jorge Luiz Santana aponta que Enedina precisou de seis anos para completar o curso de Engenharia Civil, em 1945, devido à reprovação em algumas disciplinas. Segundo fontes ouvidas pelo autor, a jovem, apesar de sua inteligência, sofria preconceito e perseguição, sobretudo por parte do corpo docente.
Enedina foi uma pioneira em área dominada por homens brancos da elite — Foto: Divulgação/CREA-PR
Depois de formada, a engenheira tornou-se auxiliar na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas. Em 1947, o governador Moisés Lupion a transferiu para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica. Lá, ela trabalhou no Plano Hidrelétrico do Paraná e atuou no aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu.
Para muitos, a Usina Capivari-Cachoeira foi o maior feito de Enedina como engenheira. Dentre outras obras, destacam-se o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba (CEU).
Legado
Vestindo um macacão e com um revólver preso à cintura (que servia para se fazer respeitada pelos homens ao seu redor), trabalhou em campo até se aposentar em 1962, com 49 anos. Ao deixar seu posto, seus feitos foram reconhecidos pelo governador da época, Ney Braga. Por decreto, ele garantiu à engenheira uma aposentadoria equivalente ao salário de um juiz.
Enedina Alves Marques veio a óbito em 1981, aos 68 anos. Ela sofreu um infarto e seu corpo foi encontrado apenas uma semana depois de sua morte. Décadas depois do seu falecimento, a engenheira continua recebendo homenagens que celebram a sua importância.
Em 1988, o seu nome foi dado a uma importante rua no bairro Cajuru, em Curitiba. Já em 2000, ela foi imortalizada no Memorial à Mulher, ao lado de outras 53 mulheres pioneiras do Brasil. Em 2006, foi fundado o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques (IMNEAM), em Maringá, com o objetivo de combater as violências sofridas pelas mulheres negras. E em 2019, um trecho da PR-340 (entre Cacatu e Cachoeira de Cima) foi ganhou o nome “Engenheira Enedina Alves Marques”.
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