Ecossistemas da Terra correm risco de sofrer ‘grande transformação’
31 de agosto de 2018

As florestas, os desertos, as paisagens e os ecossistemas vitais da Terra correm o risco de sofrer uma “grande transformação” no próximo século devido às mudanças climáticas, alertaram cientistas internacionais nesta quinta-feira.

Algumas dessas mudanças já estão em curso no sudoeste dos Estados Unidos, onde maciços incêndios florestais destroem florestas de pinheiros e transformam faixas de território em matagal.

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Nos próximos 100 a 150 anos, essas mudanças provavelmente se estenderão às savanas, desertos e bosques, perturbando os ecossistemas e pondo em perigo a vida vegetal e animal, particularmente em áreas como a Europa e os Estados Unidos, alertaram os pesquisadores na revista Science.

“Se permitirmos que a mudança climática ocorra sem controle, a vegetação deste planeta vai parecer completamente diferente do que é hoje, e isso significa um enorme risco para a diversidade do planeta”, disse o coautor do estudo Jonathan Overpeck, reitor da Escola de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Universidade de Michigan.

O estudo é baseado em registros fósseis e de temperatura de um período que começou há 21 mil anos, quando a última Era do Gelo terminou e o planeta aqueceu de quatro a sete graus Celsius.

Mas especialistas dizem que suas previsões são conservadoras, uma vez que esse aquecimento histórico, causado pela variabilidade natural, ocorreu durante um período muito mais longo – desde o último máximo glacial de 21.000 anos atrás até o Holoceno, cerca de 10.000 anos atrás.

Mas a mudança climática causada pelo homem é diferente. A queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, emite gases que retêm o calor em todo o planeta. A Terra está atualmente aquecendo em um ritmo muito maior.

“Estamos falando da mesma quantidade de mudanças em 10 a 20 mil anos que serão comprimidas em um ou dois séculos”, disse Stephen Jackson, diretor do Centro de Adaptação Climática do Sudoeste do Serviço Geológico dos Estados Unidos

Os pesquisadores descreveram seu trabalho como o estudo mais abrangente até o momento, baseado em registros de pólen e fósseis de plantas de 594 locais em todo o mundo, que datam de entre 21.000 e 14.000 anos atrás.

Todos os continentes, exceto a Antártida, foram incluídos.

As mudanças mais significativas foram observadas nas latitudes média e alta da América do Norte, Europa e sul da América do Sul.

Estas eram regiões majoritariamente cobertas por geleiras, e as que mais se aqueciam quando o clima mudava.

Os pesquisadores calcularam que se pouco for feito para conter as emissões atuais, “a probabilidade de mudança na vegetação em grande escala é maior que 60%”.

No entanto, se os gases de efeito estufa forem limitados aos níveis previstos no Acordo de Paris de 2015, “a probabilidade de mudança de vegetação em grande escala é inferior a 45%”.

As mudanças nas paisagens afetariam não apenas as florestas, mas a água potável, o fluxo dos rios e as atividades de lazer relacionadas com a água.

E a perda de florestas poderia desencadear um aquecimento global ainda mais rápido, porque importantes sumidouros de carbono desapareceriam.

“Boa parte do carbono agora bloqueado pela vegetação ao redor do planeta poderia ser liberado para a atmosfera, amplificando ainda mais a magnitude da mudança climática”, disse Overpeck.

Fonte: ISTOÈ