É desrespeito citar Deus para o que quer que seja na política? O segundo mandamento já diz: não tomar Seu santo nome em vão
23 de novembro de 2024

O segundo mandamento já diz: não tomar seu santo nome em vão

O uso do nome de Deus em campanhas políticas é um tema que frequentemente gera controvérsias no Brasil, um país onde a religiosidade é parte fundamental da identidade cultural e social. No entanto, a utilização da fé como ferramenta de promoção política levanta questionamentos éticos e espirituais, especialmente à luz do segundo mandamento bíblico: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão” (Êxodo 20:7).

Deus e a política: fé ou estratégia?

Muitos candidatos, ao longo da história, têm recorrido ao nome de Deus em seus discursos e slogans, buscando cativar eleitores religiosos. Expressões como “Deus acima de tudo” ou “Com a graça de Deus” são comuns, especialmente em campanhas eleitorais. No entanto, isso suscita dúvidas: é um ato de devoção genuína ou apenas uma estratégia para angariar votos?

Para a teóloga Maria das Graças Nogueira, a resposta depende da intenção:

“Invocar o nome de Deus em vão, como o mandamento proíbe, significa usá-Lo de forma desonesta, seja para manipular ou justificar atos que não refletem os valores do Evangelho. Na política, isso é ainda mais delicado, pois a fé não pode ser usada como moeda de troca.”

A manipulação da fé

A utilização do nome de Deus pode, em alguns casos, se transformar em uma forma de manipulação emocional. Eleitores mais religiosos podem se sentir compelidos a votar em candidatos que se apresentam como “ungidos” ou que fazem promessas em nome de valores cristãos, sem que haja um compromisso real com a ética ou a justiça social.

O pastor e sociólogo Joaquim Silva reforça o perigo dessa prática:

“Quando a política se apropria do nome de Deus, ela corre o risco de distorcer a mensagem divina. A fé deve inspirar atitudes, não ser explorada como slogan.”

Respeito ao Estado laico

Outro ponto de reflexão é o respeito ao Estado laico, previsto na Constituição Federal. Apesar de garantir a liberdade religiosa, o Brasil também estabelece a separação entre Igreja e Estado, assegurando que decisões políticas sejam tomadas de forma inclusiva, sem favorecer uma única crença. Quando candidatos recorrem à religião para se promover, corre-se o risco de excluir eleitores de outras confissões ou até mesmo os que não professam nenhuma fé.

O papel do eleitor

Para evitar a instrumentalização da religião na política, cabe ao eleitor avaliar o histórico, as propostas e a coerência dos candidatos, em vez de se deixar influenciar apenas por discursos carregados de referências religiosas. Fé e política podem coexistir, mas devem fazê-lo de maneira ética, transparente e com respeito a todas as crenças.

Ao fim, a advertência do segundo mandamento permanece atual: usar o nome de Deus em vão, especialmente em um contexto político, é não apenas um desrespeito à fé, mas também uma afronta à confiança dos cidadãos.

 
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