Descarte ilegal de resíduos é 38 vezes mais caro que sistema ambientalmente correto
No Rio de Janeiro, cerca de 10 mil toneladas de resíduos são recolhidos diariamente pela prefeitura. O município recicla apenas 0,93% do total.
O descarte adequado de lixo é um desafio mundial. Nas últimas três décadas, a produção de lixo cresceu três vezes mais rápido que o número de habitantes, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, os lixões deveriam ser extintos até 2014, conforme determinado pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos, mas 56% dos municípios ainda recorrem a esses depósitos inadequados. Como consequência, o custo para remediar a poluição gerada por esses lixões foi superior a R$ 730 bilhões nos últimos dez anos, revelou estudo inédito do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb).
“Os custos poderiam ser até maiores, pois a estimativa para esse impacto no Brasil foi conservadora, não levou em consideração aspectos como a inexistência de tecnologia como máquinas e equipamentos nacionais para a execução da descontaminação adequada dos terrenos”, afirmou Jonas Okawara, economista do Selurb. Os danos à saúde, impactos sociais e econômicos também não foram contabilizados.
Anualmente, cerca de 29 milhões de toneladas de lixo são jogadas diretamente no meio ambiente, sem quaisquer mecanismos de proteção do solo ou do lençol freático. Para diminuir o impacto dos resíduos na contaminação do solo, água e ar, o especialista defende a utilização de aterros sanitários.
Okamara coloca como exemplo ideal os Estados Unidos, que na década de 1960 tinha cerca de 20 mil lixões, e em 15 anos criaram 2 mil aterros sanitários regionais, possibilitando vantagens como a viabilidade econômica para a reciclagem e redução de custos de logística.
Lixões continuam em crescimento
A quantidade de resíduos enviadas para lixões teve um aumento pelo segundo ano consecutivo. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2017 foram enviados 12,9 milhões de toneladas de resíduos urbanos para depósitos de lixo sem nenhum preparo, um aumento de 4,2% em relação ao volume verificado em 2016.
Para o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, o fenômeno é preocupante. Ele destacou que esse tipo de destinação do lixo é crime ambiental desde 1998. “A pior forma de destinação ainda sobrevive e recebe mais lixo de um ano para o outro”, alertou.
O levantamento também analisou as razões dos municípios para recorrerem aos lixões, que segundo Silva Filho, tem relação com a crise econômica. “Falta dinheiro no cofre municipal. A hora que o município deixou de ter esse recurso, para não cortar outros serviços que supostamente são mais perceptíveis para a população, cortou o custo com a destinação final”, explicou.
Fonte: O DIA
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