Conheçam a história do Trem Macaquinho que ligava Santa Cruz a Mangaratiba (Vídeo)
6 de novembro de 2020

O Trem de passageiros que a partir da eletrificação do trecho Deodoro-Santa Cruz, nos anos 1950, passou a operar entre Santa Cruz e a estação terminal de Mangaratiba, com várias versões dependendo da época.

Até 1911, a linha do chamado ramal de Mangaratiba somente existia até a estação de Santa Cruz, tendo alcançado Mangaratiba em 1914. A partir daí, o trem corria de Dom Pedro II ou de Deodoro até Mangaratiba, com isso acabando com a chegada da eletrificação, em 1945, que somente foi até Santa Cruz, obrigando então a existência de baldeação nessa estação para troca com trens a vapor e depois, por diesel.

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Esse trem foi extinto entre o final dos anos 1970 e o ano de 1984; há várias datas indicadas por ex-usuários. O Guia Levi de 1983 ainda acusa 2 trens diários em 1983. A partir de 1984, com a criação da CBTU, os trens passaram a ser operados por esta – nessa época, sobrava no ramal, parece, apenas o trem Santa Cruz-Itaguaí, que existia desde 1982.

Um dos motivos da desativação dos trens, talvez o principal, foi a construção de uma linha cargueira entre Japeri e Brisamar, estação logo após Itaguaí, em 1973, que passou a dar prioridade para os trens de minérios para o porto de Guaíba, eliminando inclusive o trecho final da linha original que seguia até Mangaratiba.

 O trem D. Pedro II a Mangaratiba, desde 1914, era formado por carros de madeira e tração a vapor. Com a chegada das “diesel”, em 1943, as Alco S1 passaram a fazer o percurso com os carros de madeira. Desde os anos 60, rodavam carros de aço-carbono padrão; com o “surto de turismo ferroviário” na RFFSA, as automotrizes Budd passaram a fazer – e com sucesso – a rota de Mangaratiba aos finais de semana, chegando mesmo a rodarem lotadas, com até 6 unidades múltiplas – primeiro e único registro operacional-comercial no Brasil de 6 automotrizes ligadas. Mas o comum era até duas ou três, no máximo e o trem rotineiro formado por carros de aço carbono, certamente devia atender durante a semana

Ir a Mangaratiba devia se resumir em o passageiro pegar um trem até Deodoro (suburbano elétrico) e de lá baldear para outro “elétrico”, até Santa Cruz. Dali, prosseguir até Mangaratiba. O “fim de tudo” foi gradativo a partir de 1973, ano em que o terminal de Guaíba iniciava as operações. Mangaratiba resistiu mesmo possivelmente até o final dos anos 70.

Informações”, editado pela Diretoria de Operações da Divisão de Transportes da RFFSA, atualizado em 28/02/1982, havia um par de trens, prefixos SDS-501 (que saía de Itaguaí, às 6:00hs, parando em Coroa Grande, Muriqui, Ibicuí e finalmente Guaíba, após 01:15hs de viagem) e o seu retorno, que era o SDS-502, saindo 17:35 hs, chegando em Itaguaí de volta às 18:40.sem que haja nesta data indicação de conexão com Santa Cruz” (J. E. Buzelin, 2004).

Os “Macaquinhos” – “O “Macaquinho” era um trem com carros de madeira que partia de Santa Cruz em três ou quatro horários diariamente. No Macaquinho só tinha gente jovem, a paquera já rolava solta dentro dos carros, muitas garotas… o cheiro de maconha era forte (tudo ao som de Pink Floyd e Black Sabbath). A linha passava em alguns cortes sensacionais, a gente nas janelas tocava o mato com as mãos, quase que dava pra pegar os cachos de bananas, logo ao lado da estrada.

A rodovia era de terra e cheia de curvas, o trem dava de goleada. Havia várias passagens de nível, muitas com cancela, sinal e sirene. Aliás, o ramal de Mangaratiba foi, originalmente, uma linha bananeira. Aos sábados saía de D. Pedro II um elétrico de manhã cedo, que parava em Engenho de Dentro, Bangu, Campo Grande, entre outras. Quando chegava em Santa Cruz, uma RS-3 o puxava até Mangaratiba, já que a eletrificação acabava em Santa Cruz.

Esse trem retornava por volta das 11 hs. Tinha também os RDCs que rodavam nos finais de semana, com até três unidades engatadas. “Bons tempos aqueles. A gente chegava a controlar o horário durante o dia pela passagem do Macaquinho”.

Em outra referência aos “Macaquinhos”, “Havia três trens diários, (chamados de Macaquinhos) com 3 carros de madeira tracionados por uma U-5 ou RS3. Tinha também um elétrico que saia de D.Pedro II e que em Santa Cruz baixava os pantógrafos e passava a ser tracionado por uma RS3. Havia ainda o RI, com carros de aço carbono, tracionados por uma RS3 saindo de D.Pedro II diariamente, ao entardecer e retornando no dia seguinte pela manhã.

Os Trens com carros de madeira saia da Estação D.Pedro II a Mangaratiba e depois no “Macaquinho” que ia de Santa Cruz até Mangaratiba e levava três horas para chegar ao destino. A viagem era interessante porque na ida o mar à esquerda e a montanha à direita. Uma paisagem maravilhosa, que transmitia tranquilidade. Na maioria dos lugares passava pelas praias e pelas encosta a beira-mar; linda viagem. Além das paradas nas estações, se alguém no meio do caminho fizesse sinal ele parava também.

Trem de Itaguaí – “A partir de 29.06.1982, passaram a circular trens entre Santa Cruz e Itaguaí (10,922 km), com um movimento mensal de 24 mil passageiros. O ramal foi desativado em 25.04.1984, para substituição da ponte sobre o canal de São Francisco, e reativado em 11.07.1986” (Os 50 anos da eletrificação dos trens de subúrbio do Rio de Janeiro, 1937-1987, de Benício Domingos Guimarães).

“Em julho de 1986, a CBTU colocou de volta em atividade um trecho do ramal de Mangaratiba somente entre as estações de Santa Cruz e Itaguaí por trem com 4 carros movido a diesel, e acrescentou entre estas duas estações outras três (João XXIII, São Fernando e Distrito Industrial), e, apesar de sempre estar lotado em todos os horários – tinha de hora em hora, por volta de 1989 o trem foi definitivamente extinto.

 

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