O Bairro do Jardim Maracanã tem uma das mais lindas Histórias do Brasil, nos tempos remotos era conhecido como Vilarejo do Bananal.
1536 – Com o crescente tráfico de peles e madeiras, principalmente pau-brasil praticado, em sua maioria, por franceses desde o litoral do atual estado de Pernambuco, onde montaram um fortim, até Cabo Frio, a coroa portuguesa institui uma forma de ocupar e defender as terras há algum tempo descobertas.
Para isso, criaram as capitanias hereditárias, modelo já utilizado nas ilhas de Cabo Verde, e as distribui entre fidalgos, para que estes ocupassem os lotes cedidos, promovendo sua colonização e defendendo-os. O atual município de Seropédica está na área que pertencia à capitania de São Vicente, cujo donatário era Martim Afonso de Souza.
1567– Cristóvão Monteiro, ouvidor do Rio de Janeiro, envia requerimento a Martim Afonso de Souza, donatário da capitania, solicitando uma gleba de terras na margem direita do rio Guandu. A posse foi efetiva em 30 de dezembro.
1589– Em 7 de dezembro, Marquesa Ferreira, viúva de Cristóvão Monteiro, atendendo a vontade do finado marido, doa parte das terras aos jesuítas. A outra parte coube, por herança, a sua filha Catarina Monteiro.
1590/1592– A região é efetivamente explorada por, entre outros, Garcia Ayres e pelo filho do bandeirante Fernão Dias Paes Leme, Garcia Paes Leme.A busca visada, principalmente, a descoberta de esmeraldas. Os dois exploradores ocuparam terras na margem esquerda do Guandu. Foram responsáveis, por exemplo, pela fundação dos municípios de Queimados e Nova Iguaçu.
1612– Em 30 de maio, Catarina Monteiro e seu marido José Adorno transferem aos jesuítas as terras herdadas em troca de terras em Santo Amaro (Bertioga, SP).
Por essa ocasião, a região era conhecida por: Brejaes de São João Grande (grafia da época). Devido ao fato de ali se encontrarem grandes alagadiços, principalmente no período das fortes chuvas, responsáveis pelas cheias periódicas no Rio Guandu.
Os jesuítas adquiriram, por doação, compra ou permuta, imensa quantidade de terras. Esta área compreende hoje aos seguintes municípios: parte do Rio de Janeiro (Santa Cruz e Campo Grande), Seropédica, Itaguaí, Mendes, Nova Iguaçu, Paracambi, Japeri, Eng. Paulo de Frontin, Piraí, Rio Claro, Vassouras e Volta Redonda.
1729– Em 25 de outubro, os jesuítas encarregaram uma equipe, liderada por Manoel Maia da Hora, de medir tão extensa propriedade. Tais medições só podiam ser realizadas entre junho e novembro, fora do período das chuvas. Em meados de novembro, subindo a margem direita do rio Guandu, a equipe encontra um vilarejo conhecido como Bananal (localizado onde hoje está o bairro de Jardim Maracanã).
A ocupação do local, como se supõe, pode ter ocorrido numa dessas explorações realizada no final do século XVI.
Era comum que, para evitar serem acometidos pela fome em seus deslocamentos, os exploradores plantassem roças ao longo do caminho e deixassem alguém de vigília no local. Com o fim da expedição, muitos retornavam para os locais de roça e ali se estabeleciam.
A palavra Bananal não se refere a uma plantação de bananas, como seria lógico deduzir, mas a um termo indígena, Mb’-a-nâ-n-á, que significa torcido, fazer voltas e é alusivo á correnteza de um rio, águas sinuosas, de certo rio Guandu à época. Daí, também se origina a palavra embananado = enrolado.
1758– Por volta desse período, o povoado do Bananal ganha em importância com a descoberta de ouro na região de Vila Rica, atual Ouro Preto. Por ali passava uma pequena estrada que ligava o caminho velho de São Paulo (que deu origem a Rio-São Paulo) ao caminho das Minas ou estrada real (saindo da Baía da Guanabara, na altura de Duque de Caxias até Ouro Preto). Esta pequena estrada, após passar pelo povoado de Bananal, cruzava o rio Guandu e continuava por uma trilha árdua até atingir a Estrada Real. Ela ficou conhecida como, caminho das minas do Guandu, pois se acreditava que nas serras próximas havia ouro. Isto fazia do lugar, uma importante rota de aventureiros em direção as Minas. Mais tarde, a estrada funcionou como uma alternativa para retirar o ouro sem passar pelos postos de controle da coroa Portuguesa e, com isso, fugir dos pesados tributos, levando a coroa a instalar o registro do Rio Itaguaí. Já nessa época, funcionavam nas áreas do povoado do Bananal duas feitorias da Fazenda de Santa Cruz.
A feitoria do Peripery localizava-se onde hoje é a termoelétrica e destinava-se à produção de arroz, feijão, milho, anil (planta usada na produção de alvejante que era exportado para a Europa) e aguardente.
A feitoria do Bom Jardim, localizada nas margens do Ribeirão da Lages e destinava-se, principalmente, à extração de madeira para diversas finalidades.
1817– Foi erguida, no povoado de Bananal, uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Conceição (provavelmente uma homenagem a D. João VI, já que esta era sua Santa de devoção). A doação do terreno para a construção partiu de Francisco do Amor Divino e Maria Rosa do Nascimento Pereira de Souza. Também foram doados terrenos para a construção de um cemitério e de um logradouro público.
Segundo o pesquisador Claudio Marchiori, o Bananal teve grande importância durante o Império e teria sido a sede do Curato (1846) depois da Freguesia (1851). Mas, em 1924, a sede do distrito passa a ser na Fazenda Patioba (onde está instalada hoje a Escolinha do IZ) mais próxima à futura Estrada Rio- São Paulo que estava em construção. Em 1926, o Distrito de Bananal passa a ser denominado Seropédica.
Em 1928 é inaugurada a Estrada Rio-São Paulo e o crescimento da cidade se dá ao longo dela. O pesquisador acredita que com o novo local da sede, o povoado do Bananal (hoje Jardim Maracanã) teria abandonado o local, o que justificaria também o abandono da igreja e do cemitério. Na década de 60, o Jardim Maracanã voltaria a ser habitado.
Ruinas da da antiga Igreja
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