A Fábrica Nacional de Motores (FNM), também conhecida popularmente como Fenemê, foi a primeira fábrica de caminhões do Brasil. Criada na década de 1940, durante o governo de Getúlio Vargas, a FNM revolucionou a história do automobilismo brasileiro. Em 1946, a FNM lançou o primeiro avião motor.
Fundada em 1942, no contexto da Segunda Guerra Mundial, e localizada em Xerém, distrito do município de Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro, a Fábrica Nacional de Motores (FNM) foi construída pelo Estado, sob o rigor da disciplina militar e do apelo ao patriotismo.
Assim como a Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia Nacional de Álcalis e a Companhia Vale do Rio Doce, o projeto da fábrica se enquadrava na estratégia de desenvolvimento industrial do período Vargas. A escolha da Baixada Fluminense visava garantir a realização de uma “Cidade dos Motores”, autossuficiente em alimentação e moradia, quase como a ideia de um laboratório.
Inicialmente, a Empresa Estatal Brasileira foi concebida para produzir motores aeronáuticos, sendo considerada uma estratégia que levou em consideração o contexto da 2ª Guerra Mundial. Em 1946, a FNM lançou o primeiro avião motor.
Entretanto, a guerra já havia terminado e os EUA já se mostrava como grande dominante do setor. No contexto, também havia grande instabilidade política devido à deposição de Getúlio, e, acompanhando o fim da Era Vargas, reduziu-se intensamente o apelo à industrialização do Brasil.
Inicialmente concebida como uma indústria de motores aeronáuticos, a empresa estatal passou, a partir de 1949, a fabricar caminhões e, posteriormente, automóveis. Seus vagarosos e resistentes caminhões ficaram conhecidos como “Fenemê” ou “João Bobo”, e seu automóvel ganhou o nome do presidente JK. Sua história estava entrelaçada com o desejo de parte da elite governamental, militar e empresarial de transformar o “homem brasileiro” em um “trabalhador brasileiro”.
O presidente que assumiu em seguida, Eurico Gaspar Dutra, ordenou a suspensão da produção de motores. Foi então que, naquele momento, resolveu-se direcionar a produção da fábrica para peças para máquinas industriais a eletrodomésticos, tais como geladeiras, compressores, bicicletas, entre outros.
A partir de 1949, a Fenemê ampliou a sua atuação e se tornou mais conhecida pela fabricação de caminhões e automóveis. Com isso, FNM se firmou como a primeira linha de montagem de caminhões brasileira.
Antes deles, todos os caminhões que circulavam pelas ruas e estradas do país vinham de outros países, como é o caso da Inglaterra.
Numa das primeiras privatizações do país, em 1968, durante o regime militar, a FNM foi privatizada e passou a ser controlada pela italiana Alfa Romeo. Com isso, em 1972, dois novos modelos foram lançados, o FNM 180 e 210.
Em 1973, a FIAT comprou 43% das ações da Alfa Romeo e em 1976, a Fiat assumiu total controle acionário da empresa italiana e continuou produzindo os FNM 180 e 210. Em 1979, substituiu os modelos anteriores pelo Fiat 190.
Em 1985, já administrada pela Iveco, empresa italiana pertencente ao grupo Fiat, a FNM encerrou suas atividades no Brasil devido à queda nas vendas de caminhões.
Atualmente, a estrutura da Fábrica foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional!
Os caminhões Fenemê
O primeiro modelo a ser lançado foi o D-7.300. Tinha motor a diesel e capacidade de 7,5 toneladas de carga. Foram fabricadas apenas cerca de 200 unidades. Após esse importante marco, aconteceu uma grande mudança: a FNM passou a ter, como fornecedora, a imponente Alfa Romeo.
A tecnologia italiana permitiu que, em 1951, fosse lançado o modelo D-9.500, caminhões conhecidos também como Alfa Romeo. Os caminhões foram chamados de FNM-Alfa Romeo D-9.500, possuíam motor de 130 CV e capacidade de carga de 8,1 toneladas. Além dos gigantes sobre rodas, também foram produzidos chassis para ônibus, sob licença da marca italiana.
Esse modelo foi rapidamente aceito no mercado, pois possuía algumas vantagens como possuir uma cabine leito espaçosa, contando com duas camas, e também por sua estrutura ser forte e imponente.
O modelo D-11.000, lançado em seguida, em 1958, também era equipado com o motor Alfa Romeo. Era um modelo de caminhão pesado, com motor a diesel de seis cilindros e potência de 150 CV.
Em 1960, como comemoração à criação de Brasília, a Fenemê lançou o primeiro automóvel da sua linha, nomeado FNM JK.
Em 1972, a Fábrica Nacional de Motores lançou os caminhões FNM 180 e 210, com 180 CV e 215 CV, respectivamente.
Curiosidade: o câmbio dos Fenemê
O câmbio dos Fenemê é uma atração à parte: é feito por duas alavancas! Por isso, muitas vezes é necessário que o motorista tire as duas mãos do volante para fazer a troca de marchas.
Muitos se aventuram com manobras diferentes, utilizando os cotovelos ou outra parte do corpo para fazer a mudança de marchas. Existem vários vídeos no Youtube mostrando essas pérolas!
Ter duas alavancas no câmbio faz com que os Fenemês tenham quatro marchas, mas, no fim das contas, possuam 8 faixas de velocidade: uma alavanca se move para cima e para baixo, e a outra possui quatro posições possíveis.
Os caminhões Fenemê se tornaram lendários nas estradas e também na memória de todos os que viveram aquela época. Por essa razão, os caminhões da Fábrica Nacional de Motores (FNM) tiveram sua história contada no livro “FNM – A força brasileira nas estradas”.
Publicado pela Editora Alaúde e escrito pelos autores Rogério de Simone e Evandro dos Santos Fullin, o livro tem design vintage e várias fotografias, atuais e da época.
A obra tem 96 páginas, possui informações técnicas e fotos dos icônicos caminhões Fenemê. Além disso, apresenta detalhes sobre modelos mais recentes, tais como os FNM 180 e FNM 210, produzidos depois da aquisição da fábrica pela Alfa Romeu. Conta também sobre a evolução dos modelos desenvolvidos pela Fiat e Iveco, que assumiram o controle da marca com a privatização.
A história dos Fenemê é um grande patrimônio para o nosso país e merece ser passada para frente. Não deixe essa importante memória morrer, compartilhe com seus amigos caminhoneiros!
A história dos caminhões no Brasil está diretamente ligada à ampliação da nossa malha rodoviária entre as décadas de 1950 e 1970. A primeira fábrica de caminhões por aqui foi a Fábrica Nacional de Motores (FNM ou, como as pessoas pronunciavam, FêNêMê), que lançou no ano de 1949 o D-7300, modelo bicudo com motor a diesel e capacidade de carga para 7,5 toneladas.
Na década de 1950, outras fabricantes ingressaram no mercado nacional, como a International, a Ford, a Chevrolet, a Mercedes-Benz e a Scania, atraídas pelo investimento em infraestrutura rodoviária no Brasil durante o período.
Ainda nos dias atuais é possível ver nas rodovias do país diversos caminhões antigos, que deixaram seus nomes marcados na história do nosso transporte. Confira agora os 4 pesos pesados que se transformaram nas maiores lendas das estradas nacionais:
1. FNM D-11.000
Lançado em 1958 e fabricado em Xerém, distrito de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, o D-11.000 foi o primeiro caminhão voltado ao transporte de cargas pesadas da fabricante nacional.
Com o design derivado de modelos da fabricante italiana Alfa Romeo, o bruto tinha um motor construído em alumínio, seis cilindros e entregava 150 cv, com um ronco inconfundível!
Sucesso de vendas logo na estreia, o cara-chata ganhou um apelido indesejado: “Barriga D’água”. Tudo por causa de um vazamento de líquido de arrefecimento no bloco do motor em 30% dos veículos comercializados no ano de seu lançamento. A FeNeMê trocou gratuitamente todos os motores danificados.
2. Scania L111
Lançado no Brasil em 1976 o Scania L111 foi o sucessor dos modelos L75 e L76, os primeiros fabricados pela marca sueca no país. Assim como o L76, o bicudo ficou famoso pela cor laranja, que era disponível no L76, e pelo apelido de “Jacaré”.
Com um motor de 11 litros turbo, 296 cv e 111 kgfm de torque a 1.400 rpm, contava com uma transmissão de 10 marchas. Conhecido pela resistência, mecânica simples e a grande capacidade de carga, o modelo foi fabricado até 1981. Nos dias de hoje ainda é possível encontrar modelos conservados deste bruto transportando cargas pesadas.
3. Volvo N10
O modelo produzido pela conterrânea da Scania para o Brasil, para fazer frente aos modelos da série L no final dos anos 70, foi o N10. O motor 10 litros com 263 cv era capaz de tracionar uma carga de até 52 toneladas.
Por causa de sua força, robustez e economia de combustível, em pouco tempo o cara-chata da Volvo passou a ser figura carimbada nas rodovias brasileiras. O modelo tinha quatro faróis redondos, que se transformaram na sua marca registrada.
4. Mercedes-Benz L-1620
Ao chegar no mercado brasileiro em 1996, o L-1620 da Mercedes-Benz tinha uma grande responsabilidade: suceder a história de sucesso do L-1113 que, por mais de 20 anos, figurou entre os modelos semi-pesados mais vendidos do país.
O bruto cumpriu sua tarefa e foi o campeão de vendas da marca alemã até o final da sua produção, em 2012. O L-1620 tinha um motor de 6 cilindros turbo, 211 cv, torque de 71 kgfm e ainda é um dos modelos preferidos dos caminhoneiros.
Compartilhe este post nas suas redes sociais e ajude a manter viva a memória desses caminhões antigos que marcaram a vida de tantos brasileiros. Afinal, recordar é viver!
Os caminhões são, sem sombras de dúvidas, essenciais para o funcionamento do nosso país. Eles são os responsáveis por movimentar os itens fundamentais para o abastecimento de vários mercados, farmácias, açougues, postos de combustíveis, entre tantos os outros locais. Apesar de tanto renome, você sabe a história dos caminhões antigos no Brasil?
Não? Poxa vida! Mas não se preocupe, pois a AVEP Brasil preparou este post especialmente para que você conheça um pouco mais dessa interessante história.
Vamos embarcar juntos nessa viagem? Descubra agora quando e onde tudo começou e quais são os modelos precursores no país!
História dos caminhões antigos no Brasil
Desde pequenos, ouvimos sobre a importância do transporte rodoviário para o funcionamento do país. Durante viagens nas estradas, admiramos a grandeza e beleza dos vários modelos de caminhão que cruzam os nossos caminhos.
Vamos conhecer os modelos de caminhões antigos que mais fizeram história no Brasil?
1919
A Ford Motor Company se instalava no país. Enquanto o mundo comentava sobre o automóvel Ford Modelo T, os caminhões eram produzidos sem chamar tanta atenção. Visando o progresso que haveria de chegar tão logo, a montadora ofereceu – feitos com peças importadas – o modelo TT, também conhecidos como CKD.
Ford: Modelo TT
Com base no carro Modelo T, a empresa lançou o caminhão. Para a época, o veículo chamava a atenção com seu motor 4 cilindros, 20 cv e 2,9 litros. Tinha uma caixa planetária com 2 marchas para a frente e uma ré. A capacidade de carga era o que mais surpreendia: até 1 tonelada!
1925
Enquanto a Ford colheu por vários anos os bons frutos de sua produção, a General Motors surgia para incrementar a invenção.
General Motors: Cabeça de Cavalo
Em 1925, diretamente de São Paulo, o país ganhou o Chevrolet – que seguia o mesmo padrão do carro Modelo T.
E já que a empresa tinha um carro, porque não lançaria o seu caminhão também? O Chevy apelidado, pelos brasileiros, como “Cabeça de Cavalo”, trazia em seu motor válvulas (OHV) que permitia uma performance de 35 cv.
Outra vantagem era a sua transmissão de 3 marchas com engrenagens deslizantes. O estilo rude e potente favorecia o uso para longas jornadas de trabalhos.
Logo, o veículo ganhou fama, assumiu a liderança no mercado de caminhões e se preparava para alcançar novos patamares.
1927
Vendo o sucesso da GM e Ford, logo uma 3ª empresa norte-americana decidiu se arriscar em solo brasileiro.
International Harvester Corporation: Special Delivery
A International Harvester Corporation entrava em cena com o seu Special Delivery, ou melhor, seu Transporte Leve & Rápido, com capacidade para 3 a 4 de toneladas.
A empresa ofereceu modelos mais rápidos, ideais para quem necessitava agilidade na entrega. Com um motor 4 cilindros, um tanque para 2,8 litros de combustível, o caminhão fazia 40 km/ h e contava com uma novidade: eixo traseiro reduzido.
1929
Nesse ano, chegou o primeiro veículo de válvulas no cabeçote, baixo custo, motor 6 cilindros e capacidade para até 7 toneladas. A GM registrava seu nome na história com tanta inovação e peças genuinamente brasileiras.
A evolução da história dos caminhões
Enquanto a história dos caminhões no Brasil ia ganhando força por aqui, lá fora, outros tipos de combustíveis eram testados.
Em 1923, a Mercedes Benz criava seu 1º motor a diesel de alta rotação, dando origem ao 1º caminhão movido a diesel no mundo.
No Brasil, o modelo L-312 chegou em 1956. Somente 2 anos depois a linha à diesel começou a se espalhar e suprir a demanda do mercado. Nessa época, já era possível carregar mais de 5 toneladas de materiais!
Com estradas de difíceis de acesso, em 1960, a Mercedes lançou o LAP-321, 1º caminhão brasileiro com tração total, pronto para ser usado em áreas complicadas. O destino escolhido foi o trecho Belém-Brasília.
E aí, curtiu essa viagem no tempo? Caso queira conhecer um pouco mais sobre os caminhões que fizeram história no nosso país, apresentamos 4 modelos bastante conhecidos!
Bom, agora que você conheceu a secreta história dos caminhões antigos no Brasil que tal compartilhá-la em suas redes sociais e contar aos seus colegas de estrada onde tudo começou?
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