Cientistas de batina: grandes homens, grandes esquecidos
6 de dezembro de 2020

Acaba de ser lançado um livro que redescobre sacerdotes e religiosos que deram uma importante contribuição à ciência

A maioria das pessoas já ouviu falar do monge católico Gregor Mendel, pai da genética, mas só alguns sabem que Niccolò Stenone, bispo e beato, lançou as bases da geologia moderna. Poucos conhecem os inúmeros eclesiásticos católicos (e alguns pastores protestantes, mas nenhum imã, rabino, xamã, brâmane hindu ou monge budista) que foram pioneiros em diversos campos da pesquisa científica.

Este é o motivo que levou Francesco Agnoli e Andrea Bartelloni a escrever um livro sobre o tema, chamado “Cientistas de batina: de Copérnico, pai do heliocentrismo, a Lemaître, pai do Big Bang” (Editora La Fontana di Siloe), no qual se destaca como, na origem da ciência experimental moderna, houve muitos cientistas religiosos, para os quais “estudar a natureza era simplesmente ler o livro escrito pelo Criador, buscar suas pegadas, seu passos”, mas “sem nenhuma pretensão de possuir toda a verdade, de reduzir a causa primeira às causas segundas, de transformar a ciência experimental em uma fé, de fazer uma metafísica onicompreensiva”.

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“Cientistas de batina” é a história de alguns personagens que viveram uma intensa fé religiosa em um Deus transcendente e uma grande paixão pela pesquisa empírica e científica, buscando a fecunda relação entre fé e razão.

Precursor de Copérnico

São muitas as pessoas citadas, começando por Nicole D’Oresme (1323-1382), bispo de Lisieux, que teorizou o movimento de rotação da Terra em torno do seu eixo, sendo, portanto, um precursor de Copérnico. Também se fala de Leonardo Garzoni, pai do magnetismo; de Benedetto Castelli, especialista em ciência hidráulica; de Lázaro Spallanzani, o “príncipe dos biólogos”, primeiro naturalista da Europa; de Boaventura Corti, jesuíta especialista em física.

Outro cientista citado pelo livro é Luis Galvani, quem descobriu a eletricidade animal e que, segundo Niels Bohr, deu vida a uma “nova época na história da ciência”. Também aparecem René-Just Haüy, especialista em mineralogia; João Batista Venturo, especialista em fluidos; São Alberto Magno e o Pe. André Bina, sismólogos e meteorologistas; Teodoro Bertelli, pai da microssismologia; Santiago Bresadola, micrologista; Georges Édouard Lemaître, sacerdote que teorizou o Big Bang.

O livro termina falando de dois religiosos que ainda vivem e que, além disso, são entrevistados: Giuseppe Tanzella-Nitti, que se dedicou durante alguns anos à pesquisa científica no campo da radioastronomia e da cosmologia, e o físico Alberto Strumia.

Cai por terra, então, o mito segundo o qual a combinação “padre-cientista” não dá certo. O problema é que os dogmas do positivismo, vinculados há muito tempo aos ambientes liberais e às ditaduras do século 20, ditos e repetidos uma infinidade de vezes, deixaram sua marca no imaginário coletivo, nutrido de uma versão banal, incompleta e anti-histórica do tema Galileu.

Fonte: Aleteia

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