Lei obriga escolas do Rio a dar Orientação Profissional. Texto tem que ser sancionado pelo governador Pezão
A falta de informação sobre as profissões, sobre os cursos universitários e técnicos e sobre o mercado de trabalho são grandes obstáculos para uma escolha segura da carreira por parte dos estudantes. Esse tipo de orientação deveria ser dado em todas as escolas. Para tentar resolver o problema, a Assembleia Legislativa aprovou há dias um projeto de lei do deputado Benedito Alves (PRB) que torna obrigatória a realização de atividades de orientação profissional aos alunos do ensino médio, nos colégios públicos e particulares do Estado do Rio.
Dicas sobre carreira a seguir
O jornal Correio Braziliense fez entrevista com o psicólogo Fernando Aguiar, mestre pela Universidade de Brasília, sobre o processo de escolha da carreira. Ele explica que o auto conhecimento é o primeiro passo para decidir de forma segura qual profissão seguir é o autoconhecimento: o jovem deve olhar para dentro de si e descobrir o que gosta e o que não gosta de fazer.
Ser bem-sucedido trabalhando com o que gosta é o sonho de boa parte dos jovens que concluem o ensino médio. O grande desafio é decidir qual profissão seguir — especialmente num período cheio de pressão de familiares e da escola para a aprovação numa universidade. Para ser exitoso nessa missão, o segredo está em apostar em autoconhecimento, organização e pesquisa sobre a área de interesse. É o que defende Fernando Aguiar, mestre em psicologia pela Universidade de Brasília (UnB) que desenvolveu uma metodologia vocacional. O psicoterapeuta não promete um teste milagroso nem resultado instantâneo, mas, sim, um processo com duração de oito meses no qual o jovem poderá se entender melhor. Para o life coach, a falta de orientação vocacional está relacionada a estatísticas que mostram que uma em cada duas pessoas abandonam o curso antes de terminá-lo.
Quais são as dificuldades envolvidas ao decidir por uma profissão?
São obstáculos diferentes para cada pessoa. E os desafios não existem apenas ao escolher uma carreira. Ao longo da trajetória, a pessoa vai se deparar com perguntas que sempre voltam, como “será que é isso que eu quero continuar fazendo pelo resto da minha vida?”
O fato de estudantes do ensino médio serem pressionados a decidir uma carreira é prejudicial? Como lidar com isso?
Sim. Essa pressão para a escolha profissional e a falta de preparação pode gerar estresse, depressão e ansiedade, além de dificuldade para dormir e irritabilidade. A melhor maneira de aliviar essa tensão é se conhecer, pois as pessoas nunca vão parar de pressionar. Quando você se prepara e se compreende, a pressão terá menos peso.
Como os jovens podem ter clareza sobre qual carreira seguir?
Qualquer processo de escolha ou planejamento tem de começar com o autoconhecimento. É preciso pensar sobre as respostas para perguntas como “quem sou eu?” e “o que quero para a minha vida?” Na internet, há vários testes de orientação profissional gratuitos que pecam por priorizar apenas os cursos disponíveis no mercado em vez de valorizar o autoconhecimento. Todo profissional terá algum momento de crise ao longo da carreira; é nessas horas que a gente reflete sobre o que deseja continuar fazendo pelo resto da vida. Se tiver feito uma escolha desconectada com os próprios propósitos, a pessoa pode se sentir forçada a permanecer trabalhando com aquilo por falta de outra oportunidade, o que causa sofrimento e até adoecimento. Só com o autoconhecimento é possível fazer escolhas benfeitas.
Como começar essa jornada de autoconhecimento?
É difícil, dá trabalho. Normalmente, é algo complexo de se fazer sozinho. A ajuda de amigos, familiares ou de um profissional se faz necessária para que a pessoa possa entender as próprias características e interesses. Para quem quer iniciar esse processo sozinho, uma sugestão é fazer uma lista de coisas de que gosta e outra de coisas de que não gosta. Escreva sobre quem você é e sua trajetória de vida, explicando com o que se identifica ou não. Colocar no papel pode ajudá-lo a visualizar seu perfil no mundo.
Muitos jovens que vão prestar vestibular ou Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) se sentem numa encruzilhada sobre a escolha da profissão. Às vezes, não se identificam com nenhum curso. Qual a dica para quem está nessa situação?
A única opção é se preparar. O que acontece muito é que jovens só se preocupam com isso no 3º ano do ensino médio. É importante começar a pensar no 1º ano do ensino médio.
O senhor viveu isso na sua época?
Eu, particularmente, não. Desde muito cedo, eu sabia que queria fazer psicologia. No entanto, cogitei cursar filosofia, mas a única opção que via nessa área era dar aula e eu não queria ficar limitado apenas a isso. Eu vi que a psicologia me daria mais possibilidade de atuação em diversos ambientes, como clínicas e escolas.
Por que para alguns é mais fácil fazer essa escolha do que para outros?
Os que têm mais facilidade no processo são os que já têm autoconhecimento, pois, se a pessoa não se conhece, fica difícil decidir sobre algo. Ter o apoio de familiares ajuda bastante, pois eles podem fazer perguntas para ajudar o jovem a pensar no que fazer. Visitar uma universidade para saber mais dos cursos e conhecer profissionais das suas áreas de interesse é uma boa aposta. Para decidir, não dá para pensar numa graduação só na teoria, é preciso conhecer a prática e, a partir daí, pensar nas habilidades que você precisa desenvolver para se dar bem naquela área e traçar um planejamento para isso.
Que peso deve ter o dinheiro durante a definição de uma carreira? Como conciliar felicidade e rendimentos?
Não adianta optar por uma profissão só porque ela dá dinheiro se você não gosta dela. O resultado será frustração e adoecimento. O aspecto financeiro tem um papel importante, e isso deve ser levado em consideração. É necessário pesquisar o quão fácil ou difícil é ganhar dinheiro naquela área. Mas, no geral, se alguém faz o que ama, aumenta em muito as chances de se tornar um excelente profissional e, consequentemente, ganhar bem.
Por que tantos alunos abandonam a graduação antes de terminá-la?
Os números são bem assustadores, o índice de evasão no ensino superior chega a 50%. A questão financeira, não gostar do curso ou das perspectivas de mercado e de trabalho são alguns dos motivos. Eu sempre achei esses dados assustadores, e é algo que poderia ser evitado com um processo de preparação antes de optar por uma faculdade.
Como é o seu curso on-line?
Tem uma legião de jovens sofrendo bastante com relação à escolha da carreira por falta de ajuda. Então, comecei a estudar a possibilidade de criar aulas on-line para partilhar meu conhecimento e apoiar essa galera. A formação tem três pilares: autoconhecimento, conhecer a realidade e planejamento do futuro. O fato de ser a distância facilita o acesso na hora em que a pessoa quiser. Para além da escolha da carreira, o objetivo é ajudar a pessoa a se conhecer melhor, uma habilidade que será útil por toda a vida.
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