Às vésperas dos 70 anos, Via Dutra terá nova administração e expectativa por melhorias na segurança
18 de janeiro de 2021

O aposentado Ventura Moreira, de 79 anos, testemunhou muitas das histórias que costuram os 70 anos da Rodovia Presidente Dutra, que serão completados nesta terça-feira. Desde que foi morar às margens da via, ainda recém-inaugurada, em 1952, Ventura viu as pistas serem duplicadas, sobreviveu a tragédias causadas por temporais na região e quase perdeu a vida num assalto. Hoje, lembra as transformações e espera por melhorias, como mais segurança, redução da tarifa de pedágio e a prometida construção da nova subida da Serra das Araras.

— A Dutra mudou muito desde que cheguei aqui. Tudo que eu vejo hoje em nada lembra os lugares em que morei— afirma Ventura, que teve dois endereços na rodovia.

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O aposentado Silas Alberto Fontes, que também mora às margens da estrada, fez da Dutra o seu quintal. E não só isso: ele incorporou sua casa ao cenário da rodovia. Quem passa pela descida da Serra das Araras, na altura de Piraí, não deixa de notar o muro do imóvel, todo decorado com as calotas de carros perdidas naquele trecho.

Inauguração reduz tempo de viagem pela metade      

No dia 19 de janeiro de 1951, quando foi inaugurada pelo Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, em solenidade realizada na altura de Lavrinhas (SP), a então BR-2, nova rodovia Rio-São Paulo, ainda não estava completamente pronta, mas já permitia o tráfego de veículos entre a então Capital Federal, Rio de Janeiro, e o polo industrial de São Paulo. Da então ligação Rio-São Paulo, 339 quilômetros estavam concluídos, junto com todos os serviços de terraplenagem e 115 obras de arte especiais (trevos, viadutos, pontes e passagens inferiores). Faltava, porém, a pavimentação de 60 quilômetros entre Guaratinguetá (SP) e Caçapava (SP), e seis quilômetros em um pequeno trecho situado nas proximidades de Guarulhos (SP). 

A BR-2 contava com pista simples, operando em mão-dupla em quase toda sua extensão. Em dois únicos segmentos havia pistas separadas para os dois sentidos de tráfego: nos 46 quilômetros compreendidos entre a Avenida Brasil e a garganta de Viúva Graça (hoje, Seropédica), no Rio de Janeiro, e nos 10 quilômetros localizados entre São Paulo e Guarulhos, no trecho paulista. 

A nova rodovia foi construída com as mais modernas técnicas de engenharia da época e com equipamentos especialmente importados para isso, o que permitiu a redução da distância rodoviária entre as duas capitais em 111 quilômetros, comparando-se o novo caminho com o traçado da velha rodovia, inaugurada em 1928. 

A maior parte dessa redução foi possível com a superação de obstáculos naturais, basicamente nos banhados da Baixada Fluminense e na área rochosa da garganta de Viúva Graça, na região de serras entre Piraí e Cachoeira Paulista, e no segmento da Várzea de Jacareí. Além disso, sua concepção avançada permitiu a construção de aclives e declives menos acentuados e curvas mais suaves. Tudo isso representou uma significativa queda no tempo de viagem, de 12 horas, em 1948, para seis horas. 

Projeto autossustentável

No total, 1,3 bilhão de Cruzeiros foi investido na construção da BR-2, quantia altíssima para os padrões da época. Gastos muito criticados por setores da sociedade civil e pela imprensa, que classificava a obra como “luxuosa”. O Governo Federal argumentava que o desbravamento do Brasil dependia de caminhos que pudessem ser abertos com rapidez e eficiência e que a modernização da ligação Rio-São Paulo era fundamental para o desenvolvimento nacional.  

Projeto inovador na concepção e na execução na época

As obras da nova rodovia representavam, ainda, um grande desafio de engenharia para a época. O “retão” de Jacareí (SP), por exemplo, foi um trecho que gerou polêmica entre os técnicos, por ser construído sobre terreno instável, cuja transposição era considerada quase impossível. No entanto, o trecho foi finalizado com a utilização de 12 milhões de metros cúbicos de terra, o equivalente a 1,6 milhão de caminhões cheios, em um aterro submerso de 15 metros de profundidade. 

No trecho fluminense, a transposição de um trecho rochoso ao pé da Serra das Araras, chamado de “garganta de Viúva Graça”, também representou um grande desafio para os engenheiros empenhados na construção da nova rodovia, que comandaram complexas escavações, permitindo o rebaixamento em 14 metros do paredão de granito. 

Grande obra, grandes números

Os números que envolveram a construção impressionam ainda hoje, em um esforço de engenharia que envolveu 35 empreiteiras, milhares de trabalhadores e movimentação de toneladas dos mais diversos materiais. 

2.657.746 m² de pavimentação;
1,3 milhão de sacos de cimento;
8 mil toneladas de asfalto;
20 mil toneladas de alcatrão;
15.000.000 m³ de movimento de terra;
300.000 m³ de cortes;
7.021 m de extensão em 115 pontes, viadutos e passagens;
19.086 m com 315 bueiros;
30 milhões de m² de faixa de domínio. 

1º de março de 1996: CCR NovaDutra assume a administração da Via Dutra

A CCR NovaDutra assumiu a administração da Rodovia Presidente Dutra, em março de 1996. A estrada apresentava um cenário de deterioração. Suas pistas estavam esburacadas, a sinalização era precária, o mato alto tomava conta do canteiro central, as defensas metálicas estavam retorcidas e muita sujeira se estendia ao longo dos seus 402 quilômetros.  

Dados da época revelam que cerca de 50 pessoas morriam por mês em acidentes. Muitas cargas também não chegavam intactas ao final da viagem e os custos com combustível e manutenção dos veículos eram exorbitantes. 

Fazer a Via Dutra renascer em 180 dias foi um árduo desafio imposto pelo Contrato de Concessão à CCR NovaDutra. Durante esse período de trabalhos emergenciais, a Concessionária tinha que garantir condições adequadas de segurança e fluidez de tráfego.  

Hoje, após investimentos de mais de R$ 22 bilhões advindos da concessão, a Via Dutra é uma nova rodovia. Os tempos de viagem diminuíram, a segurança e a fluidez de tráfego são infinitamente superiores. Quem trafega pela Via Dutra não imagina toda a infraestrutura que a Concessionária implantou nesses 25 anos. São 1.227 colaboradores qualificados, equipamentos eletrônicos de última geração e viaturas dotadas dos mais modernos equipamentos em atendimento pré-hospitalar e operação rodoviária que atuam 24 horas por dia para proporcionar uma viagem tranquila e segura.

Estrutura

O apoio operacional da CCR NovaDutra é composto por 11 bases operacionais, localizadas em pontos estratégicos da rodovia para atender rapidamente as ocorrências. São mais de 500 profissionais que atuam em escala de revezamento, para auxiliar quem viaja pela rodovia. A Dutra é inspecionada por mais de cem viaturas e 500 profissionais, entre médicos, agentes de atendimento pré-hospitalar e equipes de emergência, que estarão 24 horas à disposição. 

No período de administração e operação da CCR NovaDutra, enquanto o volume diário de veículos cresceu nas últimas duas décadas, o número de mortes na rodovia reduziu 73%, graças aos investimentos e ações que garantiram mais segurança e conforto aos seus clientes. 

Hoje, 25 anos depois, a via Dutra está totalmente renovada após passar por um processo de transformação e é referência nacional e internacional no setor viário.  

Obras realizadas nestes 25 anos de administração da via Dutra:

– 2.192 km de dispositivos de segurança (barreiras de concreto, defensas metálicas e telas antiofuscantes);
– 430 mil m² sinalização horizontal;
– 94,6 quilômetros de pistas marginais,
– 38 novas pontes e viadutos,
– Recuperação de 143 pontes e 86 viadutos,
– Construção de 64 novas passarelas;
– 21,9 milhões de m² de asfalto de pistas, trevos e acessos.

Infraestrutura de atendimento

– 11 bases operacionais;
– 804 telefones de emergência (um a cada quilômetro nos dois sentidos da rodovia);
– 102 câmeras de monitoramento;
– 37 guinchos leves, pesados e superpesados;
– 13 viaturas médicas;
– 14 ambulâncias resgate (UTIs);
– 31 viaturas operacionais (caminhões boiadeiros, viaturas de inspeção de tráfego, caminhões pipas e munck);
– 38 painéis de mensagem variável.

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