A marca já teve cerca de 30 unidades ativas somente no município do Rio. Ex-funcionários cobram salários atrasados e há dívidas de aluguel, condomínio e IPTU das lojas que sobraram
A trajetória da loja de departamentos Leader, que nasceu em solo fluminense, testemunha agora um período bem complicado. Das cerca de 30 lojas, atualmente a rede varejista tem apenas 6 em operação na cidade do Rio. A marca enfrenta grandes desafios após encerrar até mesmo sua primeira unidade, localizada em Miracema, no Noroeste Fluminense, após 71 anos de funcionamento.
Controlada pelo banco de investimentos BTG Pactual até 2016, a Leader enfrentou uma crise financeira que culminou no pedido de falência da rede varejista. O montante da dívida, que alcançou a marca de 1 bilhão de reais, incluiu reivindicações da família Furlan, proprietária da rede de lojas paulista Seller, adquirida pela Leader em 2013. A controvérsia sobre um pagamento atrasado de 9 milhões de reais desencadeou o processo.
Em 2020, a empresa negociou um plano de recuperação judicial com seus credores, visando solucionar a dívida colossal. Dois anos mais tarde, a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ) firmou um acordo para implementar um plano de amortização da dívida ativa da Leader, totalizando 810 milhões de reais, a ser pago ao longo de 180 meses.
Hoje, as lojas remanescentes da Leader na cidade do Rio estão localizadas no Norte Shopping, Shopping Via Brasil, Taquara, Bonsucesso, São Cristóvão e no Centro. No entanto, as unidades anteriormente presentes em grandes shoppings cariocas, como Nova América, ParkShopping, BarraShopping, Shopping Tijuca, Carioca Shopping, Via Parque, Boulevard Rio, Botafogo Praia e Bangu Shopping, bem como as lojas de rua em Madureira, Copacabana, Botafogo, Catete, Campo Grande e Lapa, fecharam suas portas, deixando um rastro de desemprego e perplexidade na população. Muitas eram instaladas em grandes imóveis comerciais que permaneceram fechados, com dificuldades de locação.
Os mais recentes fechamentos foram das unidades da Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, há uma semana, e do Shopping Metropolitano Barra.
A sua imensa filial do Centro ocupa os quase 5.000m2 da antiga loja do famoso magazine Sloper, loja de departamentos na Rua Uruguaiana, bem na esquina da Rua do Ouvidor. Trata-se de uma das maiores lojas do Centro do Rio, com elevadores e escadas rolantes, justamente no melhor momento da rua em 4 anos, agora que, finalmente, a camelotagem ilegal que prejudicava o famoso ponto comercial foi finalmente arrancada e deixou de vender mercadoria ilegal, roubada e contrabandeada. Ainda assim, informações dão conta de que a Leader deve mais de um ano de aluguel, e não pagaria sequer o condomínio.
Os ex-funcionários, afetados pelo fechamento rápido, recorrem às redes sociais para cobrar salários atrasados e expressar suas frustrações com os desligamentos. A Leader foi obrigada a restringir o acesso aos comentários em suas publicações, numa tentativa de conter o influxo de denúncias.
Vale destacar que a Leader foi a patrocinadora oficial do Rock In Rio nas edições de 2011, 2013, 2015, 2017 e 2019. A loja lançava, em todas as edições, coleções exclusivas para o evento. Além disso, a marca ficou eternizada com o jingle “Já é Natal”, lembrado por muitos cariocas como símbolo do início das festividades de final de ano. O comercial não é vinculado na TV desde 2021.
É evidente que a marca, que já foi pioneira em moda e vestuário no Brasil, estagnou em um momento crucial, enquanto seus concorrentes se consolidavam no mercado da moda nacional. A situação se estende para além dos limites da capital, atingindo também outros municípios da Região Metropolitana, como Nova Iguaçu, Nilópolis, Shopping Grande Rio, Niterói, São Gonçalo, Maricá e Petrópolis.
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