Somos todos preconceituosos com crianças de rua?
12 de outubro de 2016

Vídeo faz teste chocante

Uma criança limpa, penteada e bem vestida está sozinha na rua. Parecendo perdida, ela recebe atenção e carinho de quem passava pelo local, em Tbilisi, capital da Geórgia. Em outro momento, agora mal vestida, com cabelo desgrenhado e aparência de moradora de rua, a criança é ignorada pelas pessoas, mesmo estando sozinha.

O vídeo reproduz um experimento social realizado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para mostrar como crianças que vivem nas ruas são tratadas em comparação com outras crianças.

A experiência troca o cenário. Agora, num restaurante, Anano, de seis anos, circula entre as mesas e se senta em algumas delas.

Quando estava bem vestida, era acolhida pelas pessoas, que conversavam com ela e tocavam em seu cabelo. Já maquiada, aparentando estar maltrapilha, era tratada com rispidez. Um homem pede para um funcionário retirá-la do local.

Anano, mesmo sendo atriz mirim, não resiste e começa a chorar.

O vídeo, publicado na página do Unicef no Facebook, recebeu milhares de comentários de internautas. A maioria indignou-se com o desprezo sofrido pela criança. “Ela é só uma criança! Faz uma maldita diferença se ela está vestida com trapos!? Vergonha, especialmente do homem que disse para ela sumir”, escreveu usuária da rede social.

Contudo, alguns comentários também criticavam a iniciativa do vídeo.

“A campanha poderia fazer mais se mostrasse como pessoas poderiam ajudar ao invés de ser tão provocativa”, disse um internauta. “É fácil julgar as pessoas que aparecem no vídeo, mas acho que a reação delas tem mais a ver com o fato de ser mais claro para elas como ajudar uma criança de boa aparência que está apenas perdida do que uma criança que não possui comida, abrigo, educação, saúde e família”, completou.

70 milhões de crianças morrerão até 2030

O vídeo acompanha o lançamento do relatório anual do Unicef que mostra a situação de crianças vivendo sob extrema pobreza em todo o mundo.

O documento, intitulado “Uma oportunidade justa para todas as crianças”, revela que 70 milhões delas morrerão antes dos cinco anos até 2030 e 167 milhões viverão em pobreza extrema nesse ano se não for feito nada.

De acordo com o órgão, embora o mundo tenha registrado progressos na infância, essas melhorias não foram uniformes.

Quando olhamos para o mundo de hoje, somos confrontados com uma verdade desconfortável, mas inegável: as vidas de milhões de crianças são arruinadas pelo simples fato de terem nascido num determinado país, comunidade, gênero ou circunstância

Anthony Lake, diretor-geral do Unicef, no prefácio do relatório

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