A busca pelos imóveis de alto luxo para locação e venda tem mobilizado as imobiliárias, com clientes buscando por “imóveis troféu”
O interesse de investidores estrangeiros no mercado imobiliário de luxo do Rio de Janeiro teve uma alta expressiva de 23,5%, com 45.320 unidades negociadas no último ano. O valor das vendas subiu 7,1%, atingindo a marca de R$ 20,5 bilhões. O aumento tem sido impulsionado pela procura dos russos, que diante da guerra da Ucrânia e o cenário de incerteza econômica na Europa, estão de olho em outros mercados internacionais para a aplicação de seus recursos. Os dados são de indicadores da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), calculados com informações da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc).
A procura por imóveis de alto padrão na capital fluminense se concentra, sobretudo, na orla da cidade e nos bairros historicamente mais caros, como Leblon, Ipanema, São Conrado, Copacabana e Joá, na Zona Sul, mas se estende, ainda que em menor escala, a regiões da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e a bairros que comumente são do gosto dos estrangeiros, como Santa Teresa.
Os investidores estrangeiros, que já eram responsáveis por segurar uma fatia considerável do mercado imobiliário de luxo do Rio de Janeiro diante da vantagem cambial, da alta taxa de juros e das dificuldades de financiamento no Brasil, agora chegam com aporte financeiro em um momento de recessão no velho continente. “Sempre foi considerado uma espécie de Troféu ter um imóvel com vista para o mar ou para a baía de Guanabara aqui no Rio. Agora, esta tendência volta a tomar força ainda mais com a fraqueza da moeda do país”, diz Anderson Martins, diretor regional da filial da Sergio Castro Imóveis no Leblon.
Segundo ele, a procura dos europeus é muito pela Avenida Atlântica, pelo Joá e pelas casas com vista em Santa Teresa, próximas ao Largo do Guimarães, point da boemia local e centro do bairro.
A WhereInRio, espécie de imobiliária que oferece serviços de locação e compra de imóveis de até R$ 100 milhões no estado, diz ter observado um aumento de 35% na procura de investimentos estrangeiros no primeiro semestre deste ano. Os americanos ainda puxam o segmento de locações por temporada (35%), seguidos pelos europeus (25%).
Os clientes da Europa são maioria no mercado de compra e venda (40%) destes imóveis, composto em apenas um quinto por brasileiros. Enquanto isso, os russos já representam 15% dos aluguéis e 5% das vendas. Segundo os especialistas da agência, os russos buscam apartamentos modernos, com boa infraestrutura e segurança também. Segundo Anderson Martins, a demanda de russos também tem sido sentida em sua empresa, que está anunciando uma cobertura de mais de 800m2 por 100 milhões de reais na Avenida Vieira Souto, em Ipanema. Mas ele não revela o prédio ou o local exato. “Os clientes pedem segredo“, diz.
Entre os russos e demais estrangeiros, parte busca um retorno financeiro com locação, e parte usa o mercado imobiliário para construir uma nova vida e investir no Brasil. Isso porque uma das formas mais fáceis de obter um visto no país é comprar imóveis no valor de R$ 1 milhão. Os valores dos aluguéis, por exemplo, podem chegar a R$ 15 mil mensais, além das taxas. Em outros casos, os investidores estrangeiros cobram de R$ 2.750, por noite, na baixa temporada, até uma diária de R$ 13.500, no réveillon carioca.
Há também quem prefira investir pesado seus dólares em muitos imóveis menores. Um cliente canadense da Sergio Castro Imóveis adquiriu mais de 50 apartamentos na Rua do Riachuelo, reformou-os e aluga por temporada. “Os imóveis tem uma diária média de 177 reais, e uma média de 60% de ocupação“, diz Wilton Alves, do setor de administração de imóveis da companhia.
O início de uma nova boa fase da cidade do Rio de Janeiro, atrelada às atuais condições do mercado internacional, que tem atraído executivos de outros países, foi celebrada até mesmo pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, que por meio de suas redes sociais, celebrou a aplicação de capital estrangeiro em terras cariocas.
Fonte: Diário do Rio
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