Rotativo do cartão de crédito começou hoje, o que diz os especialistas
4 de abril de 2017

Para especialistas, as mudanças contribuem para a redução da inadimplência de uma forma geral. De acordo com a mais recente Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional da Indústria, e divulgada na semana passada, 76% das famílias com dívidas tinham o cartão de crédito como a principal modalidade de financiamento em março. E o número de famílias que não terão como pagar as dívidas e, portanto, permanecerão inadimplentes, chegou a 9,9%.

 

Por isso, esse novo estímulo, que pode iniciar um processo de atenuar juros considerados “exorbitantes” não deve ser visto como um incentivo para os consumidores assumirem novas dívidas, explica Vinícius Brunassi, coordenador do instituto de finanças da Fecap. “A estratégia de parcelamento de cartão continua sendo uma modalidade muito cara. Saímos de algo entre 500% ao ano para algo em torno de 150%, que ainda é assustador e pesado”, diz.

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A partir de agora, o consumidor precisará estar atento aos diferentes modelos de cobrança adotados pelos bancos. Isso porque o CMN delimitou apenas linhas gerais da nova regra, o que abriu espaço para que cada instituição financeira estabelecesse seus próprios critérios para os pagamentos parcelados. Outra mudança importante é que o valor mínimo das faturas vai crescer a partir de hoje. Nessa cobrança, será incluída uma parte ou todo o saldo do rotativo, dependendo do que cada banco estipular.

Rotativo é a pior forma de financiamento pessoal, aponta economista

O que é o rotativo do cartão de crédito, como funciona atualmente o pagamento?
Essa expressão ‘rotativo’  foi um termo que encontraram para designar o saldo remanescente que as pessoas deixam nos seus respectivos cartões de crédito. Se uma pessoa tem uma fatura com valor total de R$ 1 mil e paga o mínimo que o cartão de crédito permite, que é de 15%, os R$ 850 remanescentes representam o crédito rotativo. Essa é a pior forma de financiamento pessoal que os consumidores podem ter à disposição. É a mais cara. No Brasil chega-se a cobrar os juros sobre esse valor remanescente de mais de 450% ao ano. Eu costumo dizer que isso não tem nenhuma civilidade. Um país como o Brasil, que já atingiu um nível de desempenho econômico, não poderia permitir algo dessa natureza.

O que muda no pagamento com as novas regras?
As administradoras, de forma geral, vão adotar possibilidades diversas para que as pessoas quitem o remanescente. É uma coisa nova, mas a expectativa é de que as administradoras vão adotar procedimentos flexíveis para a possibilitar a capacidade de pagamento. Isso é uma necessidade por conta do alto número de inadimplência das famílias brasileiras.

O leitor Ricardo Henrique pergunta se as novas regras valem para qualquer valor, entre o mínimo e o total, ou apenas para quem paga o mínimo?

O entendimento é de que aquilo que você tem como remanescente, chamado de rotativo, estaria sujeito ao financiamento. Se o cliente pagou só 20% ou 30%, o remanescente também estaria dentro do financiamento (pelas novas regras). Mas é importante comparar o financiamento que você pode ter além do que o banco está te oferecendo. Você pode ter um financiamento mais barato na linha do que chamamos de (empréstimo) consignado.

Já a Selma diz que deve  a um cartão de um banco que faliu e agora o valor está absurdo. Como ela pode sair dessa situação?

Quando você se dispõem a ir na casa do credor, chega com moral. É importante dizer que está disposto a pagar, mas negociando. Um exemplo é pedir a retirada de multas para que o valor fique menor.

Uma linha tentadora é o cheque especial, que tem taxas muito altas. Vale a pena usar o cheque especial para pagar o total do cartão de crédito?
Qualquer modalidade de financiamento que você encontra para quitar o que está sendo mais alto, em tese é melhor. Mas o melhor mesmo é procurar outras modalidades de financiamento que estão muito abaixo, como o empréstimo consignado, que tem um custo mais baixo, e que poderia ser ainda menor.

É melhor usar o cartão de débito do que o de crédito? Pergunta  Marcello Fontes.
Uma das orientações é chagar ao final do mês e quitar a parcela integralmente. Quando você usa o cartão de débito está pagando à vista ou entrando no cheque especial. É importante perguntar, no momento da compra, se tem alguma vantagem de desconto. O fundamental é se planejar, saber o quanto está gastando no cartão de crédito. Se você tem uma boa relação com a operadora, quando ela te cobrar a taxa de administração (anuidade), você tem  a possibilidade de não pagar. A operadora tem o interesse em manter o cliente e uma pressão sempre funciona.

O cartão de crédito nunca deve ser utilizado como complemento do orçamento, mesmo para aqueles consumidores de menor renda, para os quais o crédito pré-aprovado muitas vezes representa um importante meio de inclusão nos padrões de consumo. “As pessoas precisam trabalhar com alguma estratégia de planejamento financeiro pessoal, para sempre, na medida do possível, ter uma reserva de emergência. O crédito rotativo somente deve ser utilizado em situações de emergências”, orienta.