Muitos cristãos católicos enxergam a quaresma como somente um tempo de abstinências, como por exemplo, abstinência de um tipo de comida (carnes, por exemplo), bebida, ou mesmo abstinência de outras coisas como deixar de assistir filmes, ir à praia, desativar o facebook e etc.
A prática da penitência no período da Quaresma nos abre os olhos a respeito do que o mundo nos ensina a vivenciarmos. Se existisse uma tecnologia que fosse capaz de tirar fotografias dos pensamentos das multidões de pessoas que trabalham nas grandes cidades do mundo, veríamos que grande parte das pessoas possuem dois principais objetivos: ganhar mais dinheiro e com isso conseguir fama, bens, sexo, poder que resumem-se no “prazer” que o dinheiro pode comprar. Nesse contexto é que se insere a prática do jejum e penitência para silenciarmos o que o mundo deseja para nós e vivenciarmos um período de busca pela santidade que deve estender-se por toda a nossa existência. Muitas vezes essas abstinências são confundidas com o jejum, que de uma forma mais simples, pode ser vivenciado deixando de fazer uma refeição no dia.
As práticas da abstinência e jejum são muito importantes, porém estas não são suficientes para que um cristão vivencie uma quaresma da melhor maneira. Estas práticas são essenciais (virtude da penitência, e vale lembrar que essas práticas só possuem sentido se nos afastarem do pecado) porém, falta algo que também é essencial e aparentemente óbvio. E o que falta? É aproximarmos verdadeiramente de Deus. São dois itens que se completam: afastar-nos do pecado com a prática do jejum e abstinência (virtude da penitência) e aproximarmos de Deus (virtude da fé). É o que Santo Tomás de Aquino nos ensina.
A três obras que devemos realizar para vivenciarmos uma santa Quaresma são as práticas do jejum e abstinência (abster-se de uma refeição no dia, dormir no chão e etc.), e nos aproximarmos de Deus através da caridade (ajudar uma pessoa em dificuldade financeira, visitar doentes, visitar pessoas idosas e abandonadas em asilos e etc.) e da oração. Estas três obras de fato atendem exatamente o que Santo Tomás nos pede para vivenciarmos.
A virtude da fé é uma virtude que recebemos no batismo. Mas, possuirmos essa virtude não significa necessariamente que estamos exercendo-a. Exemplo: você sabe cozinhar, porém quando você está dormindo, você deixa de saber cozinhar? Não. Você continua sabendo, porém, no momento do sono, você não está exercendo este talento, não está pondo em prática. E essa virtude da fé que recebemos no batismo é que devemos exercê-la através da oração. Podemos orar lendo a Imitação de Cristo, a Meditação de Cristo de Santo Afonso Maria de Ligório, o Evangelho da Paixão e se você quiser aumentar o nível de sua oração, faça o propósito de comungar todos os dias ou o mais frequente possível durante a Quaresma indo à Missa e em seguida visitar o Sacrário para fazer orações espontâneas para Jesus, e meditar sobre o amor de Cristo.
Com certeza em algum momento você notará que Deus falará com você de alguma forma.
Para finalizar: a penitência é boa prática? Sim, é uma ótima prática, mas não é suficiente. Procure além da penitência, por em prática a caridade e vivenciar a fé através da oração.
REFERÊNCIAS: Programa Testemunho de Fé – 8.º Domingo do Tempo Comum – A Quaresma da oração – Padre Paulo Ricardo
Formado em Sistemas de Informação pela FAETERJ, carioca de coração, apaixonado por teologia, tecnologia, matemática, geografia, história e pela sociedade em geral.