Na maior parte do Brasil, os mais altos valores pluviométricos ocorrem durante os meses do verão. Isso se deve a um conjunto de sistemas meteorológicos que atuam em diferentes escalas de espaço e tempo.
Na maior parte do Brasil, os acumulados de chuva nos meses de verão são expressivos (com a exceção do leste nordestino e extremo norte do país). Esta é uma importante época do ano para o setor agrícola, elétrico, transporte, saúde e infraestrutura urbana. Portanto, diagnosticar os sistemas precipitantes de verão é de suma importância para a economia do país.
Durante o período do verão, diferentes sistemas meteorológicos atuam nas diferentes regiões do país. Eles são: Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), Alta da Bolívia (AB), Frente Fria (FF), Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM) e Linha de Instabilidade (LI). A distribuição espacial dos sistemas precipitantes de verão pode ser observada na figura acima e, cada um, sendo explicados nos tópicos abaixo.
Zona de Convergência Intertropical
A ZCIT é a zona de confluência dos ventos alísios, onde há formação de um cinturão zonal de nuvens que envolve o planeta na região equatorial. Nos meses de verão do hemisfério sul, a ZCIT se desloca seguindo o movimento solar e se posiciona em aproximadamente 5ºS de latitude. Isso permite que a ZCIT influencie nas chuvas no norte do nordeste e parte do litoral leste do norte.
Linha de Instabilidade
A LI é um sistema de mesoescala associado ao escoamento do ar úmido. Este sistema se desenvolve frequentemente no norte da América do Sul e se propaga para dentro do continente gerando muita chuva. Geralmente, a LI esta associada ao ciclo diurno das brisas marítimas e aquecimento da superfície terrestre. Consequentemente, a máxima atividade convectiva pode ser notada em imagens de satélite por volta das 21 UTC. Durante os meses de inverno, é possível observar a formação da LI em função do deslocamento de sistemas frontais no sul do Brasil.
Complexo Convectivo de Mesoescala
O CCM é um sistema multicelular de convecção organizada (presença de cisalhamento vertical do vento horizontal). Similar a LI, os CCMs correspondem a uma categoria extrema de sistemas de mesoescala. Para classificar uma convecção multicelular como CCM é preciso seguir alguns critérios. De acordo com Maddox (1980), um sistema multicelular é classificado como CCM se:
- Tamanho A – apresentar temperaturas no infravermelho menores que -32ºC no topo das nuvens com uma área de 100.000km²;
- Tamanho B – apresentar a região mais interna da nuvem com temperaturas abaixo de -52ºC em uma área de 50.000km²;
- Deve durar pelo menos 6h;
Além disso, Maddox (1980) definiu que a forma do sistema é circular com excentricidade (eixo menor / eixo maior) de 0,7.
Zona de Convergência do Atlântico Sul
Talvez o sistema meteorológico mais famoso durante os meses de verão, a ZCAS é marcada pela presença de uma banda de nebulosidade e chuvas com orientação noroeste-sudeste, que se estende da Amazônia até o sul/sudeste do Brasil (chegando ao oceano Atlântico Sul). A formação da ZCAS está associada com a presença de outros eventos: entrada de um sistema frontal, presença do VCAN no nordeste do Brasil, AB e escoamento da umidade pelos Jatos de Baixos Níveis.
Vórtice Ciclônico de Altos Níveis
Existem dois tipos de VCAN: Palmer e Palmén. Os do tipo Palmén se formam nas latitudes extratropicais. Para o verão brasileiro, os VCANs de interesse são os do tipo Palmer que se formam nas latitudes tropicais. O VCANs do tipo Palmer atuam frequentemente nos meses de verão do hemisfério sul nas proximidades da região nordeste do Brasil. Possui um tempo médio de vida entre 4 a 11 dias e o efeito deste sistema sobre a precipitação do Nordeste do Brasil é evidente. O sistema inibe a formação de nuvens em seu centro, porém, nas periferias do VCAN, a nebulosidade e a chuva são abundantes. Por isto, o posicionamento do VCAN é essencial para definir a localização de chuva no Nordeste brasileiro no verão.
Alta da Bolívia
A AB é um sistema de alta pressão nos altos níveis da troposfera (~250hPa), quase estacionário, com intensa atividade convectiva e que se estende por grande parte da América do Sul durante os meses de verão. Estudos sugerem que a formação da Alta da Bolívia no verão está associada ao forte aquecimento do Altiplano Boliviano. Em baixos níveis, é possível notar a presença de um sistema de baixa pressão conhecido como Baixa do Chaco.
Frente Fria
Apesar de não serem tão frequentes durante os meses de verão, as FFs são importantes para o acumulado pluviométrico do sul do Brasil, além de contribuir para a formação da ZCAS. As FFs entram pelo sul do país e se tornam estacionárias nas proximidades do sudeste brasileiro, atuando principalmente nas áreas costeiras.
Fonte: Tempo
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